Braid

Games quarta-feira, 30 de março de 2011

O Braid é um daqueles jogos que todo mundo já ouviu alguém elogiar, mas por algum motivo nunca foi atrás. Inclusive eu, já que ele saiu lá em 2008 e eu só fui acabar esses dias. Talvez por causa de uma certa má vontade com esse jogos que saem pra PSN/Xbox Live. Ou só porque não estava disponível em CD na época, vai saber. De qualquer forma, em boa parte das vezes é desses lugares onde ninguém tá prestando atenção que saem as obras-primas. E é exatamente isso que o Braid é, uma pequena obra-prima.

Agora, um pequeno aviso: O Braid é um puzzle em 2D. Então se você só se importa com tiros, coisas explodindo e afins, e não curte muito uma coisa chamada PENSAR, pode parar de ler por aqui. Mas vai se arrepender amargamente, garanto. Por desprezar o jogo, não esse texto, claro. Mas dito isso, continuemos.

Começamos a jornada na pele de Tim, um rapaz aparentemente normal, que busca apenas (Re)encontrar sua princesa. Logo no começo, já da pra perceber a preocupação absurda que os caras tiveram pra deixar tudo perfeito. Nos primeiros passos do protagonista, a gente já vai entrando no clima meio melancólico do jogo. Tanto pela ótima trilha sonora quanto pelos gráficos, simples, mas impecáveis. Todo o cenário parece uma pintura expressionista em movimento, chega a ser difícil de acreditar que todo o jogo ocupe tão pouco espaço.

A história é contada através de fragmentos de livros antes de cada nível. Começamos descobrindo que a tal princesa foi capturada por um monstro por causa de um erro de Tim. Já a partir daí, o jogo nos convida a ponderar sobre nossas escolhas, relacionamentos, e principalmente, sobre o tempo, tudo através das experiências do protagonista. Tudo isso representa um papel fundamental não só na história, mas até (Ou principalmente) na jogabilidade. É, Tim pode controlar o tempo, eu não mencionei? Bom, falemos disso mais pra frente. O jogo bebe muito da fonte do Mario, com princesas, castelos e o design dos cenários, mas a homenagem para por aí. O objetivo de Braid não é chegar ao final dos níveis, coisa que dá pra fazer em uns 15 minutos. O que importa é pegar as peças de quebra-cabeças espalhadas por eles. Morrer também não é um problema. Aliás, a morte chega a ser determinante pra que se consiga chegar a uma ou outra peça. Mas como assim?, pergunta o jovem cuja experiência mais complexa envolvendo games consiste no Counter Strike. Paciência, meu rapaz.

 Já sei, já sei, a princesa tá em outro castelo. De novo.

Os quebra-cabeças do Braid são possivelmente os mais bem bolados que eu já vi. Não por serem mais complexos que os de outros jogos do mesmo gênero, longe disso. Mas o jogo faz a gente utilizar TODOS os recursos que ele oferece pra coletar as peças. Somos obrigados a pensar fora da caixa o tempo todo pra evoluir nele. Se bobear, dá pra ficar horas sem ter a mínima ideia de como pegar aquela maldita peça inalcançável. E depois de conseguir, ficar batendo a cabeça na parede, porque porra, era tão óbvio. E o que faz isso tudo ficar tão interessante e inovador é a relação com o tempo. Precisamos voltar no tempo para avançar no jogo constantemente. Assim como Tim gostaria de consertar os erros que cometeu com a princesa. Com o passar das fases, novas formas de manipulação temporal vão sendo adicionadas. Por exemplo, quando o personagem reflete sobre o papel dos compromissos em sua vida (Na forma do casamento, no caso), ganhamos um anel com o poder de fazer o tempo passar mais devagar em determinados espaços. Em outra ocasião, Tim ganha uma sombra, que permite que ele esteja em dois lugares do nível ao mesmo tempo. Tudo isso pra completar todos os quebra-cabeças, e aí sim, desbloquear o nível final.

Aliás, final esse que é simplesmente sensacional. O jogo vai nos levando a várias reflexões, inicialmente apenas pessoais, mas nos últimos momentos nos é revelado que tudo é trata de algo muito maior. E apesar de apresentar uma conclusão fantástica, a forma como tudo é conduzido ainda permite que mantenhamos nossas interpretações anteriores. Fica difícil dizer mais sem soltar alguns spoilers, então paramos por aqui.

 Donkey Kong feelings.

Pra finalizar, deixo aqui um apelo pra quem se interessar: COMPRE o jogo, pra variar. Mesmo que antes você baixe num torrent por aí que nem eu, é importante prestigiar uma coisa tão diferenciada. Porra, o criador Jonathan Blow passou quase 3 anos desenvolvendo a parada sozinho, e ainda assim conseguiu superar muito estúdio por aí. E cês gastam dinheiro em tanta merda mesmo. Volta e meia tem alguma promoção bacana no Steam, então não tem desculpa. Eu garanto, vocês não estarão pagando só por um passatempo, estarão pagando por uma obra de arte.

Braid


Plataformas: Xbox Live Arcade, Playstation Network, PC
Plataforma Avaliada: PC
Lançamento: 2008
Distribuído por: Number None, Microsoft Game Studios
Desenvolvido por: Number None, Hothead Games
Gênero: Plataforma, puzzle

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