Constantine, John Constantine, asshole!

Cinema quarta-feira, 14 de abril de 2010

O nebuloso filme Constantine apareceu em 2005, sob direção de Francis Lawrence. Mas muito antes disso a história já fazia (E ainda faz) sucesso entre aqueles que adoram uma putaria fãs dos quadrinhos mais adultos. John Constantine é, na verdade, o personagem principal da revista em quadrinhos Hellblazzer da DC Comics, surgida no fim dos anos 80. O sucesso é fácil de se explicar: A história conta a aposta entre Deus e o Diabo pelas almas da Terra. A aposta, porém, conta com algumas regras como, por exemplo, a não interferência física nas decisões humanas. É permitida somente a influência mental feita pelos mestiços – “assessores” do Céu ou do Inferno que trabalham no recrutamento de almas. Constantine, no meio disso tudo é um exorcista/ocultista/mago que, depois de muita cagada, truques e blefes, conquista inimigos nos três mundos que convivem entrelaçados: O Céu, o Inferno e a Terra. Como se não bastasse, John é um suicida fracassado com bilhete VIP para a casa do capeta. Mas, interesseiro como é, tenta comprar sua entrada no Céu capturando mestiços que perturbem o sensível equilíbrio dessa barganha entre Deus e o diabo.

No filme, John Constantine é interpretado por Keanu Reeves, o que não poderia ser mais justo. Reeves é um ator claramente limitado quando o assunto é drama ou comédia, mas quando a idéia é ser o (Anti) herói, a personagem cai como uma luva. Aqui o papel dá tão certo que até deixa em segundo plano o fato do Constantine das revistas ser loiro (E não moreno), e inglês (E não americano). A alma arrogante, egoísta, debochada e altamente interesseira de John Constantine permanece forte, principalmente em cenas cheias de sarcasmo, como quando o ocultista – depois de enganá-lo – mostra o dedo do meio para o próprio capeta. O próprio capeta, mano!

 Go to hell!

O filme também conta a história de Ângela, interpretada pela atriz Rachel Weisz. A policial procura Constantine na esperança de que ele possa ajudá-la a provar que sua irmã gêmea não cometeu suicídio, descondenando (Acabei de inventar essa palavra! Haha) sua alma ao Inferno. O ocultista, por sua vez, só topa ajudá-la porque sente que há uma ligação das gêmeas com um movimento anormal no mundo inferior. Para piorar, John é diagnosticado com um câncer de pulmão em estágio terminal, e agora (A um beiço de uma pulga da morte) está disposto a qualquer coisa em seu benefício. O relacionamento entre Ângela e Constantine não poderia ser melhor explorado. Há proximidade, mas Constantine nunca perde sua principal característica: A frieza. Rachel Weisz trabalha com a mesma competência de sempre e mostra o despertar de uma pessoa incrédula para o ocultismo de forma fantástica.

Dá pra citar mais alguns personagens que ajudam John Constantine ao longo da história, como o taxista Chas (Shia LaBeouf), o padre Hennessy ou o trambiqueiro Beeman, mas não espere parcerias à lá Liga da Justiça! Os favores que Constantine cobra tem objetivo de beneficiar apenas à ele. Nem por isso deixe de ficar atento à esses personagens, por mais que não sejam destaque, são partes da excelente amarração do roteiro. O coadjuvante mais imprescindível, porém, fica por conta do anjo Gabriel, que numa jogada genial foi interpretado por uma mulher. A atriz Tilda Swinton incorporou um anjo completamente andrógeno, desequilibrado e com postura! Uma loucura que não poderia ter sido melhor induzida.

 “Aqui é Constantine, John Constantine, otário!”

Das cenas mais bacanas, com certeza, o destaque fica por conta das viagens ao Inferno. O uso da água como condutora universal e lubrificante (hehehe) entre a Terra e o Inferno rende ótimas seqüências! O exorcismo inicial (Foto) também é muito bem elaborado. Porém, nem isso parece animar alguns fãs dos quadrinhos que se decepcionaram com a adaptação cinematográfica. Muitos alegam a divergência física entre as duas versões como a principal culpada (Bom, o Harry Potter do cinema tem olhos azuis e não verdes como no livro e nunca vi queixa nenhuma, mas vá lá!), mas não a única. O John Constantine dos quadrinhos é mais desbocado e a revista contém muito mais sexo em sua história – a história da garotinha Astra, por exemplo, é marcada pela pedofilia. Isso, no entanto, não chega a interferir já que o filme é um compilado de outras passagens, sem a necessidade de mais. O que é inegável é que para quem nunca leu ou conheceu a história, o filme abre com categoria o mundo imoral e ilegal de Hellblazzer. Aguça a curiosidade dos novatos com um roteiro de qualidade, ótimos intérpretes e cenas muito bem feitas. Constantine tem motivos de sobra para nos fazer querer assistir e melhor ainda, para nos fazer gostar.

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