Evanescence (Evanescence)

Música terça-feira, 13 de setembro de 2011

Fica tranquilo, não foi um buraco de minhoca aberto por acidente que te jogou de volta pra 2002. A banda realmente tá de volta. E eu, como fã incondicional, resolvi trazer pro grande público que acessa o Bacon Frito um pouco do meu amor por essa branquela que tanto cativa.

Primeira opinião: Self titled no terceiro álbum? Normalmente, é um título usado em primeiro disco ou em disco de separação. Só que, aqui, representa renovação e sentimento de banda. Muita boiolice pra pouco título? Eu explico.

O lance é o seguinte: Evanescence nunca foi uma banda. Desde os tempos mais primórdios, sempre foi duas ou três pessoas compondo e mais algumas só pra figuração. Na era Fallen, Amy Lee e Ben Moody; e o segundo CD, na era The Open Door, foi feito praticamente pela Amy sozinha, chegando ao cúmulo de haver riffs de guitarra compostos por ela.

Mas agora, pela primeira vez, houve todo um trabalho da banda em cima do álbum. Todo mundo meteu o bedelho e, apesar da Amy continuar como prime-writter, dá pra sentir a diversificação do som.

Normalmente, as pessoas ou amam incondicionalmente a música da banda, ou odeiam do fundo do coração, por um simples motivo: Todo instrumental é feito pra suportar a voz da Amy, basta não gostar de um detalhe do timbre dela pra que se odeie a banda pra sempre. E já vou avisando: Nesse álbum não foi diferente. Pelo contrário: Quanto mais a banda amadurece, mais a voz dela vai se destacar de tudo.

Portanto, se houver um mínimo de desaprovação de sua pessoa à voz da Amy, don’t bother listenning. Mas enfim, analisemos música a música:

What you Want

O primeiro single tem uma função bem óbvia: Apresentar o trabalho ao público. Ao mesmo tempo em que precisa ser simples e vendável, ele também se concentra em trazer uma síntese do que será todo o álbum dali pra frente. Logo, é raríssimo que o lead single seja diferente do resto do álbum.

Então imaginem a reação dos fãs ao ouvirem What you Want. A banda agora é feliz. What you Want é uma canção animada, dançante, que fala sobre não ligar pro que os outros pensem e seguir o próprio caminho.

É… Quem diria que a mesma banda que cantava sobre estar afundando, sangrando e menstruando ao mesmo tempo estaria, agora, dizendo aos fãs que mandem o sofrimento às favas e arrasem na boate.

Mas, deixando a questão do estilo usual da banda de lado, nos atentemos à canção em si: Ela começa com a voz da Amy seguindo apenas uma batida forte na bateria (Pedais duplos amém senhor), depois os riffs pesados da guitarra entram em cena.

Olha, eu não sou fã dos lead singles do Evanescence. Tenho nojo de Bring Me To Life. Mas esse aqui foi bem “ouvível”. Digo, enjoei depois da vigésima vez, mas, ok. Passa. É uma música com tudo o que o Evanescence pode oferecer: Melodias bem trabalhadas, riffs fortes, a voz destruidora da Amy e o toque clássico oferecido pela orquestra no último refrão. Ah, sem falar no piano, que surge no pré refrão, salpica alguns versos e EXPLODE na ponte. Acho difícil que alguém diga que é ruim. Clichê, chata, desinteressante, tudo bem, a gente ouve. Mas “ruim” é forçação de barra.

Bom, vamos à próxima!

Made Of Stone

É agora que a coisa começa a ficar boa. Se eu fosse usar só uma frase pra descrevê-la, usaria “cheia de personalidade”. A música já começa agressiva. As guitarras surpreenderam. A letra é um tapa na cara, e, pela primeira vez, o eu-lírico abandona a pose de vítima, pra bater o pé e chutar uns traseiros gordos. Aqui, novamente, temos quase todos os elementos do Evanescence, só que oferecidos sem a parte de precisar ser vendável, já se sente a diferença na complexidade da música. A ponte, feita no piano, é difícil de ser reproduzida (Eu tentei).

Numb the pain ‘till I am made of stone“. Muito bom, Amy Lee, os 5 anos de espera estão começando a valer a pena.

The Change

Primeira baladinha e, provável, segundo single, The Change foi lançada ao vivo. Tem tudo pra virar trilha sonora de fim de namoro. Letra bem chiclete (O refrão é “ah ah ah”) e agressiva, carregada, porém, de culpa. Digo, ela passa de “you’ve been dreaming – if you’re thinking that I still belong to you” pra “I’m lying to myself“. Hm. Redenção. Boa.

O piano tá lá, sufocando um pouco a guitarra, mas ok, é balada e se perdoa. A única coisa que me incomoda nela são os efeitos meio “voz de rádio” que jogaram na Amy. Faz perder a potência. Prefiro ao vivo.

My Heart Is Broken

Essa aqui tá sendo cotada pra trilha sonora de Crepúsculo. É. O CD single vai incluir absorventes de brinde. Música de menina, apesar da letra estar um pouco acima do nível esperado. Mas enfim, deixando isso de lado, falemos sobre a canção: É bem comercial. Não sei se estou certa, e a galera que entende de guitarra pode confirmar, mas acredito que essa aqui é a primeira do álbum a cair naquela famosa progressão I IV V.

Não curti muito, mas, ainda sim, dá pra se notar o crescimento da banda no instrumental. A letra dá pra se engolir, apesar do refrão (Da onde veio o título) me fazer soltar um “puta merda, é sério isso?“. Momento de balançar bracinhos e celulares no show.

Ah, um detalhe interessante. A Amy tem a mania de “interligar” algumas músicas no CD. O efeito de uma começa a outra, a nota da guitarra de uma começa a outra, enfim. The Change deixou um gancho pra essa. São duas músicas complementares. Interprete-as como o período que vai de raiva pós-término à melancolia.

The Other Side

Essa é a chamada Bonnie song. Pra quem desconhece a história da banda, a Amy perdeu uma irmã quando mais nova, a Bonnie (Duh!), e todo trabalho do Evanescence tem uma música em homenagem à pirralha. Só que, até então, nenhuma tinha sido tocada ao vivo.

E é nesse momento que eu sinto o quanto a Amy finalmente passou por cima da dor – e o amadurecimento da banda floresce. Além de já ser tocada ao vivo, essa música fala sobre saudade. Não sobre a vontade de morrer pra se juntar a ela, como em todas as outras bonnie songs; é só a saudade (“I’m not giving in – I just want you back“).

Enfim. A música é animada, e, acho eu, tem carinha de último single. Sabe, aquele lance de “mais um, só pra fechar em número par”.
A batida tá bem feita, meio “grudenta”. Não sei descrever bem, mas tá pesada, como se cada batida no bumbo demandasse 15 quilos de força do baterista. E eu não entendi qual é a da guitarra aqui, que começa de um jeito e termina de outro. Mas curti. Bem “fora” do que se esperava.

Erase This

Irmã de Made Of Stone. Tão cheia de personalidade quanto a outra, mas um pouco menos agressiva. Tem toques de “chega de sofrer, sairei correndo”. Aquele momento em que se quer passar por cima e blá blá, epa, solo de violino e piano! Clever, tá aí uma coisa que não se esperava.

O refrão é um tanto enjoadinho, e a Amy precisa aprender que cantar bem não é usar toda a sua extensão vocal a cada frase na música. Se bem que é por isso que eu amo essa mulher, mas enfim… A guitarra desapareceu um pouco, mas o baixo tá uma gracinha. Aliás, o baixo desse CD tá bem marcado.

Lost In Paradise

Me enganei quando disse que My Heart Is Broken seria o momento de balançar bracinhos – responsabilidade dessa música aqui, na verdade. Lost in Paradise provavelmente vai ser single também.

É uma música belíssima, admito, com uma pegada de Björk bem aparente (Jóga feelings). Progressão comum, também, mas releva-se: A beleza da música tá nisso. Ah, letra linda, antes que eu esqueça. O mais emocionante é o depois do primeiro refrão, quando as guitarras entram. Mais uma música onde existe tudo o que o Evanescence pode oferecer, só que mais bem trabalhado que What You Want e Made Of Stone, afinal, já estamos no meio do álbum. O controle de voz da Amy tá de parabéns, por que aquela partezinha do início é difícil de segurar. A ponte tá linda e é a música mais épica do CD. Boa pra trilha sonora de quando o coadjuvante morre durante a batalha final, e o herói tira da sua morte a força pra derrotar o mal!

Me apaixonei completamente e já vou pro show sabendo que é nessa que eu vou me desidratar. Droga, eu me segurava bem até em My Immortal.

Sick

Essa é a música mais FUCKING GREAT desse álbum. O riff é MUITO legal por que é macarrônico, fica dando voltas e voltas, enquanto o contrabaixo está mais “peso de balança”. A bateria tá ali, como um garfo catando o macarrão e amassando o baixo-almôndega enquanto a voz da Amy é o queijo ralado que… Meu Deus, o que que eu fumei?

Enfim, em qualidade musical, essa é a mais inovadora. É música de revolta, de tocar em protesto. Puxada pra Nirnava, só que mais limpa. Ah, o violino no refrão tá batendo de frente com a voz da Amy.

Sick we are! Sick we are!

End of the Dream

Não fui com a cara dela. Não consigo me acostumar. Enjoada, refrão clichê, cara de Bonnie song. Não recomendo, apesar de ser uma pseudo-balada bem melhor que a maioria das lançadas pelo Evanescence. Tenho dúvidas se será single ou não.

Oceans

Mas quanta água nesse CD… Drowning, ocean, blood… Meu Deus. Enfim, uma das melhores músicas da carreira do Evanescence. Quando a Amy falava sobre ela, levava a crer que seria só mais uma baladinha qualquer. Foi a melhor surpresa. O riff é bem rápido e o contrabaixo some um pouco do refrão, mas tá lá presente, junto com a orquestra e os sintetizadores, durante os versos.

E olha aí o gancho pra outra música no fim dessa!

Never Go Back

Mais uma que todo mundo esperava que fosse ser baladinha, já que foi inspirada na tragédia do Japão. Acabou saindo uma das mais pesadas do álbum. Tá de parabéns. Eu amo o pré-refrão. Tudo aqui é rock’n’roll. Pela primeira vez, vejo uma música de tragédia e morte sem ser clichê. Uma das pérolas do CD.

Swimming Home

E, finalmente, a última baladinha pra fechar o Cd e deixar aquela sensação de punheta interrompida (Já acabou?). Essa aqui é complemento pra Never Go Back, uma vez que a primeira fale sobre a saudade de quem ficou e essa aqui é o ponto de vista de quem morreu. E não é dramática. Bem bonitinha, toda na harpa e tal. Me deu a impressão de ter uma pegada boyband, mas ok. Não tira a beleza da coisa.

Essa aqui, aliás, tem carinha de fundo de mar. A combinação harpa + bateria grudenta (Como em The Other Side) me deu a impressão de que combinaria com bolhinhas de sabão fazendo ploc ploc. Trilha sonora de A Pequena Sereia.

Balanço geral:

Digamos que, quando saiu What You Want, eu me assustei. Admito, sou fã apaixonada, histérica, amo essa mulher mais do que tudo, mas a mudança foi muita. E esse CD me emocionou. Ficou bem produzido, ficou diferente. Aliás, é isso que eu mais amo no Evanescence: Não é “inovador”, não promete “mudança no cenário musical”, pelo contrário. O Evanescence trabalha em sua própria zona de conforto, mas, ao mesmo tempo, nenhum trabalho soa igual ao anterior. E a voz da Amy Lee é o melhor som que eu já ouvi nesse mundo e não me julguem!

Enfim, a única coisa de que senti falta foi o clássico. As orquestras não têm um papel tão importante assim, e cadê os corais que acompanhavam a Amy? Esse é o único motivo que não vai me deixar tirar o último álbum, The Open Door, do topo dos favoritos.

Bom, espero que essa crítica um tanto quanto parcial tenha servido pra fazer vocês ouvirem. Até mais, e, aproveitando o clima de oceano das músicas, obrigada pelos peixes!

Evanescence (Evanescence)


Lançamento: 2011
Gênero musical: Rock Alternativo
Faixas:
01. What you want
02. Made of stone
03. The Change
04. My heart is broken
05. The Other Side
06. Erase This
07. Lost in paradise
08. Sick
09. End of the dream
10. Oceans
11. Never Go Back
12. Swimming Home

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