Fallout 3 (X360, PS3, PC)

Games quarta-feira, 07 de janeiro de 2009

Bom, se você vive numa caverna ou ainda joga Super Nintendo, chegou a hora de eu anunciar pra você que Fallout 3 foi considerado o Jogo do Ano na maior parte da crítica especializada internacional. Qualquer site em que você entre e veja as listas de melhores de 2008 vai incluir este jogo em pelo menos uma categoria.

E isso não aconteceu por acaso, já que Fallout 3 é mesmo um jogo do caralho. Depois de 60 horas de jogo, eu me obriguei a parar um pouco e escrever sobre ele pra vocês.

Fallout 3 (X360)

Joguei no 360, mas as três versões são iguais

Como sempre, tentarei fazer uma análise diferenciada, já que resenha técnica xarope vocês acham nos outros sites por aí.

Em primeiro lugar: POR QUE jogar Fallout 3? No meio de um oceano de jogos por que gastar tempo com mais um RPG? Por causa disso:

RPG com HEADSHOT, motherfucker

Pergunta simples: Quando alguma vez nessa vida de bosta de vocês aconteceu de cair nas suas mãos imundas um jogo onde estourar cabeças NÃO fosse divertido? Sempre é divertido. Então só isso aí já gera bonus points pra Fallout 3.

Mas não basta estourar cabeças. O legal é você ter todo o tempo do mundo pra fazer isso, afinal, estamos jogando um RPG e não um FPS. Eu mesmo me canso às vezes de toda essa correria que acontece em jogos de tiro, que me impedem de mirar com calma no oponente a ser decapitado. Em Fallout o lance todo de explodir membros se tornou uma coisa muito poética e tranquila, não existe aquele frenesi de ficar pulando, mirando e recarregando tudoaomesmotempoagorafdp. Graças ao advento do sistema V.A.T.S. você pode calmamente selecionar as partes do oponente que vão explodir em uma nuvem de sangue e pedaços de carne e osso.

Tão vendo as porcentagens ali em cima, dentro dos quadradinhos verdes? Isso aí é a chance de você acertar cada parte do corpo do inimigo. E o número varia de acordo com a sua habilidade, arma selecionada, distância do oponente e mais uma pá de coisas que não sei identificar agora. Mas isso não importa, o que importa é que quando você consegue chegar por trás do oponente sem ele perceber sua presença você pode fazer um ataque surpresa (sneak attack), aí você aciona o V.A.T.S. com um toque no R1, a ação toda congela e você escolhe o membro a ser atingido. Como seu oponente não percebeu sua presença, você provavelmente terá um bônus de “sneak attack”, que, traduzindo para o português literal significa “VÔ RANCÁ SUA KBESSA FORA CUMTIROSÓ MANU!11”.

Ataque pelas costas: SIFODELL

Olha, é uma alegria indescritível.

Eu tava lendo umas críticas por aí, e alguns ranzinzas chamaram o V.A.T.S. de “cheat mode”. Isso é coisa de nego chato mesmo, que só sabe jogar FPS. O V.A.T.S. é fundamental nesse jogo, porque tem momentos em que você está em uma desvantagem numérica absurda, principalmente em ambientes fechados. É muito importante um sistema de combate que te dê a opção de parar a ação e pensar sua estratégia. Por isso que é um RPG, e não um FPS, porra.

Essa, aliás, é uma das grandes qualidades de Fallout: apresentar a ação de um FPS, mas com o clima de um RPG. Você tem inclusive a opção de trocar de primeira para terceira pessoa com um toque de botão, e isso muda completamente o estilo de jogo. Em terceira pessoa você tem uma visão melhor do ambiente, e consegue ver inimigos chegando por trás, por exemplo. Já em primeira pessoa você tem muito mais controle das ações do protagonista e do uso das armas. Pra mim é freqüente ficar trocando entre os dois modos, para me adaptar à situação que se apresenta no jogo. Acho isso uma qualidade porque dá liberdade ao jogador para escolher como quer jogar. Se você for um chato do cacete, pode até abrir mão do V.A.T.S., e jogar o jogo todo como se fosse um FPS. Vai do seu estilo.

Falando em estilo, isso existe de sobra em Fallout 3.

O fato de terem adotado uma estética americana dos anos 50 acabou criando um jogo primoroso, e olha que eu não sou fã de nostalgia. Mas aqui deu certo pra cacete, porque você ACREDITA no universo de jogo. Não é um RPG medieval onde você tem que suspender sua descrença temporariamente e acreditar que magia realmente existe; ou então um jogo futurista onde você precisa acreditar em alienígenas e viagens espaciais. Fallout tem a peculiaridade de pegar um mundo que nós conhecemos e transformar ele todo em ruínas apocalípticas totalmente depressivas. E falo “depressivas” como uma coisa boa, porque você passa a acreditar que aquilo que você vê no jogo é perfeitamente aceitável como o resultado de um holocausto nuclear. Em uma das minhas sessões de jogo, minha mulher ficou dando uma olhada enquanto eu passeava um pouco por Megaton (a primeira cidade do jogo) e ela comentou “Putz, mas que favela, hein?”. E é isso mesmo. O jogo todo é composto por favelas. Não existe glamour no pós guerra, cara.

O que, logicamente, não te impede de ficar embasbacado com a beleza do jogo. É lógico que depois de umas 10 horas de jogo você já começa a sacar que os objetos, pessoas e oponentes vão se repetir, mas os cenários e ambientes é que são algo a ser visto. Existem ruínas genéricas, claro, mas de uma forma geral cada ambiente importante dentro da história é completamente diferente um do outro. Mesmo depois de dezenas de horas jogando, você ainda descobre lugares novos e diferentes, com um clima distinto dos demais. É uma experiência muito louca você ter um jogo que simplesmente não consegue dominar totalmente independente do número de horas jogadas.

Mas, ao contrário de jogos enormes como Final Fantasy XII, aqui o tamanho e extensão não são ruins; porque desde o início você tem a opção de simplesmente seguir a história principal e terminar tudo em umas 30 ou 40 horas. Só que as quests opcionais são tão interessantes e te levam pra lugares tão legais que você VAI se perder no jogo. Você vai querer se perder explorando os arredores. Você vai querer coletar novas armas e ganhar mais experiência pra desenvolver seu avatar. E quando você se toca de onde está você já andou tanto, matou tantos mutantes e conheceu tanta gente nova que você já esqueceu qual era a quest principal. Eu acho isso do caralho: um jogo onde você ESCOLHE se perder.

Acabei de ver que eu usei muito as palavras “escolha” e “liberdade” nessa análise. E pensando bem, são exatamente as duas palavras que melhor definem Fallout 3. Você tem o livre-arbítrio de escolher o que quer fazer e quando quer fazer. E isso é levado às últimas consequências neste jogo; em tempos de moralismo extremado, é libertador ver um jogo onde você pode ser “bom” ou “mau”, matando todo mundo ou tentando achar o caminho mais pacífico para a resulução de um problema. Você pode matar até criança nesse jogo, cara. Alguns ficam horrorizados com essa idéia, de um jogo que DEIXA você fazer isso. Eu acho ótimo que isso exista como opção, porque torna claro que a ESCOLHA de fazer algo “certo” ou “errado” é sempre do jogador, e ninguém pode escolher por ele. Não é assim na vida real? Ou você ainda é daqueles que sua mãe escolhe o sabor do sorvete que você vai tomar? O jogo não “mata” ninguém, assim como armas não “matam” ninguém. Quem mata é quem puxa o gatilho.

Como jogador das antigas, me sinto privilegiado de testemunhar o lançamento de jogos como esse, que tiram proveito da tecnologia para oferecer a melhor experiência possível para quem investe suas horas num jogo. Um jogo adulto. Um jogo que testa fronteiras. Um jogo que respeita seu tempo e disponibilidade pra jogar, oferecendo uma quantidade enorme de satisfação por minuto jogado.

Jogo do Ano. Assino embaixo.

Fallout 3 (X360, PS3, PC)

Plataformas: XBox 360, Playstation 3, PC
Plataforma Avaliada: XBox 360
Lançamento: 2008
Distribuído por: Bethesda Softworks
Desenvolvido por: Bethesda Game Studios
Gênero: RPG

Leia mais em: , , ,

Antes de comentar, tenha em mente que...

...os comentários são de responsabilidade de seus autores, e o Bacon Frito não se responsabiliza por nenhum deles. Se fode ae.

confira

quem?

baconfrito