Happy Birthday Mr. Cash
Este texto é só para marcar o aniversário de uma das maiores vozes de todos os tempos. Sim, eu sei que estou enchendo a bola do cara, mas ele merece. Ele é o Johnny Cash.
Nota do editor: O aniversário foi ontem, dia 26/02, mas o Kirk mora na selva amazônica, ai o texto demorou a chegar.
Cash morreu em 2003, mas como sempre fazemos com os grandes talentos, ainda comemoramos seus aniversários. E por “nós”, quero dizer os fãs, os admiradores; sei que deve haver alguns aí na platéia. Logo, esse texto não será em vão.
Mas vejam só, nesse dia 26 de fevereiro, Cash estaria fazendo 81 anos. O que mais chateia é que essa é uma idade perfeitamente plausível. Digo, não é como o centenário de Nelson Rodrigues ou bicentenário de Abraham Lincoln. Cem anos parece improvável, duzentos nem se fala. Não sobrava um fio daquele sentimento esquisito de que a pessoa podia estar viva. Mas 81 não. 81 é o novo… Sei lá, 70. Ou 71, a idade em que Johnny Cash morreu. Imaginem só, ele poderia estar aqui. Sete décadas não são tanto para alguém que nem ele. Esse cara foi embora devendo à música mais uns dez, quinze anos. Esse papo de que morrer antes do tempo faz a lenda? Besteira, besteira.
Talvez esses anos tenham sido tirados como pagamento pelo que ele pôde fazer: Foi amigo de Elvis, conheceu meia dúzia de presidentes, cantou com Louis Armstrong, entrou pra história da música. Não sei bem como essas coisas funcionam (Se existem “essas coisas”), mas deve ser alguma troca mesmo. Ninguém pode ser desse jeito sem dar algo em troca. Ele deu vida, o tempo que poderia ter. Ou eu estou divagando, não sei. Talvez, vejam só, talvez, tenha sido tudo culpa do amor. Afinal, Cash amou June Carter. Quando ela se foi, meses antes dele próprio, simplesmente não quis mais viver. Aliás, me lembrei disso, sua última entrevista:
http://www.youtube.com/watch?v=JLjskiusfMo
Mas enfim. É aniversário dele e eu passei duzentas palavras falando de morte. Talvez (De novo) o nascimento implique que existe a outra ponta da história. Mas o que importa, e no caso de Cash, faz toda a diferença, é o que acontece no intervalo. Um guri com cara de quem apronta que nasceu em um fim de mundo no Arkansas se tornou o sujeito por quem eu, em um fim do mundo do Brasil, escrevo um texto de aniversário. E o que fez tamanha mudança? É, isso, o que aconteceu nesse intervalo, que chamamos vida (Lágrimas, aplausos, queria agradecer à minha famíliTÁ, tá bom, deixa pra lá).
Johnny Cash teve praticamente 50 anos de carreira. Nesse tempo, lançou 96 álbuns e 153 singles; trabalhou com Bob Dylan, Jerry Lee Lewis, Willie Nelson, Kris Kristofferson, The Statler Brothers, Carl Perkins, Waylon Jennings e outros, além de ser amigo pessoal da maioria deles. Ele já apresentou um programa na televisão, tocou no rádio, cantou pra milhares, cantou no Vietnã e esteve estacionado com o exército dos EUA na Alemanha nos anos 50, onde compôs sua primeira música. Ele tomou anfetaminas, foi preso, casou, viu o fantasma do irmão morto em uma caverna no Tennessee, viveu feliz (Parte da vida), ficou viúvo, morreu triste. É assim o tempo passou, e passa.
Mas Johnny Cash está aí. Feliz aniversário atrasado.
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