Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World)

Cinema quarta-feira, 24 de junho de 2015

 Vinte e dois anos após os eventos de Jurassic Park, a Ilha Nublar possui um parque totalmente funcional, assim como vislumbrado por John Hammond. Após dez anos em operação, o interesse do público começa a declinar, e, para cumprir as ordens corporativas, uma nova atração é criada para reacender a curiosidade dos visitantes, o que sai completamente errado.

Eu sou uma puta. Uma tia velha, mas ainda assim uma puta. Puta que me pariu. Tá, seguinte: Jurassic World é praticamente tudo que você esperaria de Jurassic World, contanto que você não fosse bitolado, nem pro bem nem o pro mal. Seja lá o que isso signifique exatamente.

E tem spoiler sim, foda-se.

Mas agora deixem-me enrolar um pouco aqui porque tem bastante coisa pra falar no texto e eu não quero estragar nada logo de cara, então eu informo aos senhores, que o estão lendo, que este parágrafo não terá nada de útil uma vez que o tanto de coisas que há para se falar serão faladas no texto, e eu não quero estragar a surpresa adiantando as coisas. Pronto, simbora.

Então, a história. Vinte e dois anos após o primeiro filme e os problemas retratados nele, o parque finalmente está pronto e funcionando já algum tempo. Ninguém mais se espanta com dinossauros, então a galera do parque tem sempre que arranjar um novo animal pra chamar atenção de volta, e eis que decidiram apelar pra engenharia genética, não para trazer outro dinossauro já conhecido de volta à vida, mas para criar uma nova espécie. O novo dinossauro é criado, um híbrido de vários outros dinossauros e animais, com inteligência avançada e outras habilidades: Jurassic World é um filme de terror, sem ter terror. Se os erros estúpidos não acontecessem, simplesmente não teria filme. E o próprio filme fala justamente essa de “essa gente nunca aprende”. Deu merda três vezes já, bando de filho da puta, por que seria diferente agora?

O filme não é econômico ao mostrar o novo bicho, e isso é um bom ponto. Entretanto, é verdade que a maioria (Senão todas) as cenas em que este é mostrado relativamente parado e de corpo inteiro são em cenas escuras, lugares fechados e coisas do tipo, provavelmente pra disfarçar um pouco a animação digital. O dinossauro, chamado Indominus rex (Sim, há uma piada no filme sobre esse nome ser idiota) não é grandes merdas na real: É uma clara mistura de Tiranossauro Rex com Velociraptor, com poucas modificações pra tentar esconder isso.

Considerando que quando os primeiros trailers saíram eu pensei que iriam fazer uma nova versão do Espinossauro do terceiro filme (Diretamente de Era do Gelo 3), nada mal, mas ainda assim, olhando mais realisticamente, é um dinossauro bem tosco: Tem patas traseiras grandes e, consequentemente, uma “bunda” enorme, mas o rabo é mais curto e mais fino. O tronco vai afinando e a cabeça é pequena. As garras são grandes pra caralho, mas os dentes não. Ele também tem patas da frente maiores que as do tiranossauro, e consegue andar nas quatro patas por curtos espaços, se abaixar bem e tal, mas por algum motivo ignoraram novamente a questão que dinossauros nadam… Mas bem que botaram esse novo dinossauro com camuflagem, visão térmica e capaz de sentir e esconder seu próprio campo eletromagnético… Um puta puteiro do caralho.

Já que toquei no assunto, este filme usa bem poucos robôs, como o primeiro usou; não só pelo avanço da tecnologia digital como também pelo preço: Nos dias de hoje literalmente é mais fácil criar uma criatura que não existe do que criá-la de verdade, fisicamente. Não há o que reclamar dos efeitos digitais, como seria de se prever. Também assisti em 3D e é aquelas: Não muda grandes coisas, mas também não atrapalha. Não quer dizer que não tenham animatrônicos, tem sim, mas muito menos que no primeiro.

E como falei do primeiro, vai lá a constatação mais clara acerca deste filme: Ele é uma gigantesca e óbvia homenagem ao primeiro filme da série. Ele sequer cita o segundo e o terceiro, sendo que, oficialmente, os eventos mostrados neles não aconteceram. Não posso culpá-los, é verdade que nenhum dos dois é de se aplaudir de pé, mas ainda assim são parte da série, e dignidade é sempre bom, principalmente em relação ao próprio passado. Este novo filme passa boa parte de seu tempo fazendo referências ao primeiro, tanto dentro da história quanto em easter eggs (Que há aos montes, sobre as mais variadas coisas e pessoas), piadas e tudo mais. A quantidade é simplesmente absurda, indo desde pequenos detalhes até referências diretas. John Hammond é citado várias e várias vezes, provavelmente em homenagem ao ator Richard Attenborough, que morreu no ano passado.

O que nos leva à uma grande falha deste filme. Ele passa o tempo todo fazendo referências ao primeiro: A InGen tem boa participação (Ainda que rasa e inexplicada) e até mesmo todos os problemas que o parque passou são de conhecimento público, mas em nenhum momento há sequer menção aos demais personagem do primeiro, além do próprio Hammond e do Dr. Wu. Nada. Nada de Alan Grand, Ellie Sattler, Muldoon, Gennaro, Lex, Tim, Nedry ou Ray Arnold. Nenhuma participação dos atores, nenhuma referência, nenhum easter egg. Ian Malcolm até tem um easter egg, mas é isso só isso aí. Nem o Samuel L. Jackson, que topa praticamente qualquer coisa, aparece nesse filme. Não sei se de propósito, não sei se não deu certo, só sei que é o tipo de coisa que não tem desculpa. Não quero essas pessoas todas de volta, participando da história e o caralho a quatro, mas porra, falam tantas e tantas e tantas vezes sobre o primeiro filme mas não falam das pessoas mais importantes na treta toda. Uma coisa é o personagem não querer mais se envolver com o que acontece nesse mundo fictício, a outra é selecionar o “relevante” e tocar o foda-se pro resto.

 Que capinha genérica.

Nunca neguei que já fui leitor do MDM (Até que encontrei a cura a salvação Jesus uma saída dessa vida de miséria) e este provavelmente não é o melhor jeito de se começar um parágrafo, mas aquela pocilga criou um termo que descreve perfeitamente este filme: Massa véio. Jurassic World é, para todos os efeitos, maaaaaaaassa vééio. É tanta, tanta, tanta cena babaca e gratuita, simplesmente pelo exibicionismo. Dinossauro rugindo enquanto faz pose, enquadramentos dramáticos, frases de efeito, piadas, tudo. Se juntar a coisa toda é bem capaz de dar quase uma hora entre cenas que, no instante em que começam, você já começa a sentir uma certa vergonha por estar assistindo.

Não sei o quanto desse filme é realmente por conta do diretor, Colin Trevorrow. Nada do que o filme apresenta é novo, mas pode-se dizer que é um trabalho competente, apesar das cenas idiotas e previsíveis. Tem que ver realmente o quanto foi mão do Spielberg nisso aí, além dos outros produtores e roteiristas: O filme teve um monte de roteiros, diretores, produtores e gente envolvida. Este é um dos filmes mais aguardados dos últimos quinze anos, e desde o terceiro filme da série, há planos para este aqui.

O filme tem uma boa duração em suas pouco mais de duas horas. O troço tem um bom ritmo e passa relativamente rápido, sem grande desenvolvimento das cenas, mas nada que atrapalhe o andamento da coisa toda. Não há exatamente uma cena que se pode dizer que não faria falta ou que chegue à incomodar: Sim, há cenas estúpidas, mas estas deveriam estar alí, só poderiam e (Em sua gigantesca maioria) deveriam ter uma execução diferente.

A coisa toda é bem focada na ação e não perde muito tempo numa mesma situação: Ela tem uma ordem básica e fica nela, indo do início ao fim nos trilhos. Não é algo ruim em si, mas leva à uma falta de desenvolvimento da história e dos personagens, e isso é uma merda. É interessante notar que, apesar de este quarto filme ser completamente sobre o filme original, ambos são diferentes quanto à essa filosofia: Enquanto o primeiro passa boa parte preparando os problemas, criando expectativa e tensão, este novo resolve algumas coisas de uma forma até um pouco corrida, pra dar mais tempo pra mostrar mais cenas de ação.

As piadas, assim como nos outros filmes da série, são em sua maioria decorrentes do fato de estar dando merda com dinossauros e alguém dizer/fazer algo que passou a ser irrelevante dada a situação… E elas passam a sensação de estar lá mais pela obrigação do que pela piada em si. Várias delas são engraçadas, de verdade, mas nenhuma vem exatamente de forma natural: Não atrapalham, divertem, mas ainda assim soam ligeiramente fora de lugar: É um blockbuster (Lembram de quando realmente usávamos essa palavra?), ele deveria ter algumas piadinhas no meio da ação, e de fato tem, só não acredito que elas tenham sido escolhas do diretor.

Uma outra coisa que me chamou atenção desde o começo do filme, porque este começa nas típicas tomadas abertas, mostrando os locais e paisagens, é a topografia da Ilha Nublar. Sim, isso mesmo: A Nublar nunca teve tantos penhascos, vales e paredões assim, além de ter um formato completamente errado. Segundo as informações oficiais, parte foi filmado nas mesmas localizações, mas a menos que a coisa tenha mudado muito nos últimos vinte anos praquelas bandas lá, nada feito… Sim, eu sou esse tipo de gente.

Falando em gente, o que caralhos o Jimmy Fallon está fazendo neste filme? Puta que me pariu. Mesmo sendo uma cena zoando com a cara dele próprio, é uma merda. Aliás, até os personagens do filme acham a cena uma merda. Um puta downgrade em relação ao Richard Kiley e um desperdício de tempo em tela.

Vocês sabem quem tem SETE BILHÕES de pessoas nesse mundo, né?

Quanto aos personagens, estes são completamente unidimensionais [Nota do editor: Unidimensional é uma linha, não um plano, sua paca]. Todos eles são bem planos, desde os personagens principais até os secundários: O típico badass (Com direito à exatamente esta palavra no filme), a mulher bem sucedida, a criança hiperativa, o adolescente que não liga pra nada, o “vilão” que quer lucrar com a coisa toda, o executivo rico que vive com um discurso de “fim maior”. Você não tem como gostar ou não gostar de nenhum desses personagens porque eles não tem profundidade nenhuma, e qualquer reação que estes possam tirar de você decorrem da situação em que estão, e não por si mesmos.

A relação entre Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard), verdade seja dita, é irrelevante. Tentam dar aquela explicação safada de que eles já têm uma história juntos e tal, mas não cola. O filme não foca muito no relacionamento deles… Sim, eles se beijam e depois terminam juntos, mas não é uma relação que é construída através do filme, então fica tão vazia quanto os próprios personagens… Não sei se decidiram não desenvolver mais isso pelo bom senso de “estamos numa situação extrema e não temos tempo pra essas coisas” ou realmente por não querer ter menos tempo de ação na tela.

Gray (Ty Simpkins) e Zach (Nick Robinson) estão alí claramente para fazerem uma ligação com o primeiro filme e representarem o público infantil e juvenil, mas tiveram o bom senso de não focar muito neles, ainda que a história seja sobre sua ida à ilha pra visitar uma parente (São sobrinhos de Claire), se perdem, entram em perigo e devam ser resgatados… Pode parecer contraditório, mas não é. Os pais de ambos (Andy Buckley e Judy Greer) também são irrelevantes, só aparecendo por tabela.

Há os dois personagens secundários, Lowery (Jake Johnson) e Vivian (Lauren Lapkus – você a conhece, só não sabe seu nome), os alívios cômicos do filme, que diferentemente em relação aos personagens do primeiro (Ambos são operadores do parque) tem um certo carisma, mas não são memoráveis… É uma jogada difícil, mas se estou comentando sobre eles, é um bom sinal… Acho. Há também Barry, integrante da equipe de Owen (Eles são treinadores dos raptores – sim, é isso mesmo), interpretado pelo Omar Sy, que é um puta desperdício de ator num papel desses… E não, mesmo ele sendo o único negro importante ele não morre.

 A galera não perdoa uma.

Deve-se falar também do Irrfan Khan (Outro que você conhece) que interpreta Simon Masrani, o novo dono do parque: Ele poderia ser interessante mas não é, e morre de forma mais rápida e mais cedo do que eu esperava. Isso até que é interessante, e pra falar a real, seu personagem jamais seria o que Hammond foi.

B.D. Wong volta como Dr. Wu (O único do elenco original). Wu, como sempre foi, é o cientista que continua fazendo merda só pra ver se realmente vai dar merda: O que faz a merda acontecer neste filme? Ora, misturar DNA de outros animais nos dinossauros, tal qual no primeiro filme. Ele continua com um papel relativamente pequeno, ainda que dentro da história exerça um papel central. Wong termina o filme fugindo da Ilha Nublar com várias amostras de DNA dos dinossauros, algo que muito provavelmente será um gancho para o próximo filme da série, que já foi confirmado (Chris Pratt assinou para mais filmes, mas o diretor só fará este – aah, se isso não fala um monte sobre esse filme)… Hollywood é foda.

Falando em personagens que poderiam ser mais aproveitados, há finalmente a Claire: Ela é diretora de operações do parque, a pessoa responsável por manter tudo em ordem (E que falha miseravelmente), e em nenhum momento há sequer uma menção de como caralhos ela chegou ao cargo. Também não é menção nenhuma de como Masrani adquiriu a porra toda. Eu conheço essa série, um troço desses não ia parar na mão de alguém sem mais nem menos: A história deles não é desenvolvida em momento algum. Até passam rapidamente sobre a companhia de Masrani, que engloba várias outras áreas e tal, mas não é o suficiente.

Assim como não é suficiente o desenvolvimento da história da InGen. InGen é a empresa de Hammond, que começou a coisa toda, mas sabe-se lá como não é mais dona do parque, ou não comanda mais o parque, sei lá. Seja como for, como a situação chegou nisso não tem explicação alguma, o que leva o personagem de Vincent D’Onofrio, Vic Hoskins (O “vilão”) ficar meio sem sentido: Ele faz uns discursos babacas, toma o controle do parque e morre rápido e fora de enquadramento. É do Vincent D’Onofrio a melhor performance UI desse filme e o único que chegou perto de despertar alguma opinião mais forte, mas quando isso começa a se intensificar, ele pergunta pra mãe se no céu tem pão (MEU DEUS, que piada ruim).

Os dinossauros você já conhece, seja porque voltaram dos filmes anteriores seja porque os viu nos trailers: Além do novo dinossauro, o filme se foca bastante nos Velociraptors. Como dito, este filme inteiro é sobre o primeiro filme, então boa parte do que se vê aqui é uma consequência, evolução e/ou concerto em relação ao filme, desde o passeio de barco ao lado dos dinossauros até o aviário (Algo já presente no segundo filme mas que nunca tinha sido realmente explorado).

Mas chega de enrolar: Chris Pratt, de moto, ao lado dos Velociraptors. Se eu disser que não me incomodou nem um pouco o Pizurk e o Jo não vão me deixar em paz nunca mais, então não vou dizer.

Aliás, o filme explica bem qualé que é a dos novos raptores, sem deixar aquela sensação de cães adestrados que os trailers passam: A vergonha foi maior por ter visto no trailer do que por ver no filme. Ainda assim, seu comportamento mais pro final do filme, mudando de lealdade entre Owen e o novo dinossauro é meio tosco, mesmo com as “explicações” dadas no filme… MAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAASSA VÉIO.

A luta final é igualmente uma das cenas previsíveis e meio estúpidas do filme, mas eu estaria mentindo completamente se dissesse que não achei foda pra caralho. A participação do T-Rex me foi clara bem antes do final, mas a do raptor não, e definitivamente a do Mosassauro (O aquático, do trailer) foi a solução óbvia para o problema. Inclusive, ele tem as melhores mortes do filme todo, tanto quando mata outros dinossauros quanto quando mata gente. Sim, isso mesmo, a morte da assistente da Claire é a mais foda do filme todo, fiquem aí mimizando o quanto quiserem.

À exceção da morte dela, porém, o filme é bem econômico em relação à violência, tanto com humanos quanto com dinossauros, e eu bem que gostaria de algo mais explícito. As mortes ainda estão lá, mas sempre têm sua exibição barrada por algum objeto ou são muito rápidas: No começo do filme é compreensível, pra criar uma tensão, mas o filme todo é assim. Até mesmo a morte do novo dinossauro não é mostrada realmente, e isso é sem graça pra caralho.

Como não poderia deixar de ser, este filme balança entre o que os filmes anteriores mostraram e o que a ciência diz sobre os dinossauros. Já há vários erros apontados em relação à anatomia, costumes, habitat e tudo mais, mas o filme deve manter que dinossauros ainda são o principal perigo da coisa: Os raptores, por exemplo, ao contrário do que a ciência atualmente diz, não são pequenos, cheios de pena e de estrutura leve, mas é bem verdade que são diferentes em relação aos outros filmes, principalmente o primeiro, sendo bem menores, de cores diferentes e outros detalhes. Tá rolando uma certa birra por parte dos especialistas porque, tanto o primeiro filme quanto o livro do Michael Crichton, à época, prezavam pela retratação dos dinossauros como eles teriam sido, e este novo filme não: Como o próprio Dr. Wu fala no filme (E isso é uma resposta direta à essas críticas, que já eram esperadas, além de o ponto central deste filme), o parque nunca prezou pela ciência, mas pelo show.

Falando sobre puro show, é legal ver o personagem do Chris Pratt alertar a tropa de contenção de dinossauros pra usar força letal e não as porcarias de redes e armas de choque para, em seguida, sair apenas com uma espingarda mixuruca pra enfrentar a porra toda. E tem os saltos da Bryce Dallas Howard, algo que o próprio diretor já comentou, após nego apontar a merda feita: Meu amigo, esses sapatos são fodas pra caralho. Eu não sei se a atriz realmente mandou bem e não quebrou os troços, se foram as dublês ou se realmente compraram dezenas de pares iguais pro filme, só sei que no filme em si o troço é indestrutível: Após assistir você entende perfeitamente o porque de algumas coisas já terem gerados memes.

 Um clicker, mermão, sério?!

Eu continuo não achando o Chris Pratt grandes merdas porque não sou puta da Marvel e muito menos das crias do Saturday Night Live, mas ele não me incomodou. Os “atores mirins” Ty Simpkins e Nick Robinson também não enchem o saco, mesmo você sabendo que eles são muito mais uma “necessidade” de elemento no filme do que qualquer outra coisa… A grande coragem desse filme foi escolher a Bryce Dallas Howard pra substituir o Richard Attenborough como John Hammond. Não chega nem perto de ser a mesma coisa, mas ela faz um bom trabalho no papel, tanto quando abraça o clichê de ser a mulher de negócios que não manja de mais nada quanto quando mete porrada num dinossauro e, em seguida, atira nele… Aliás, que coxas as da Bryce Dallas Howard nesse filme.

Da trilha sonora não se pode falar muito: Ficou à cargo de Michael Giacchino, que já tinha trabalhado em dois jogos da série Jurassic Park, mas ainda utilizando algumas coisas do John Williams. Considerando que a segunda não foi estragada pelo primeiro já é uma vitória, entretanto senti falta de um momento épico com a trilha original. Sim, ela toca no começo, quando o parque é mostrado, e toca quando as instalações do parque original são mostradas no filme, mas não é a mesma coisa. Aliás, este filme não tem, e, pra ser sincero, creio que nenhum outro filme jamais terá, uma cena como no primeiro, quando chegam e veem o brontossauro pela primeira vez, e a trilha toca… Na verdade nenhum filme jamais será como Jurassic Park.

Esse filme reúne grandes problemas: O primeiro é a já comentada falta de desenvolvimento dos personagens, o segundo é a falta de desenvolvimento da história (Que é pior que o primeiro), o terceiro é justamente a imbecilidade estereotipada de tantas cenas (Algumas vai lá, é brega mas é legal, clássico até, mas aqui passa os limites), o quarto é a falta de conexão (Bem feita) entre este e os outros filmes da série, e, em quinto e último, os detalhes.

Sim, eu sei que todo filme tem erros, deslizes e tudo mais, e que não dá pra ter e nem acertar tudo, mas quanto mais você para para pensar em algumas coisas aqui, menos elas fazem sentido. Há falas que só existem pelo momento e não levam à nada e há falhas no roteiro (Incluindo a gasolina mágica, que continua boa vinte anos depois) tão toscas que te faz pensar se foi falta de planejamento ou a vontade real de dedicar o máximo de tempo possível para as cenas de ação. O filme passa seus minutos iniciais fazendo, indiretamente, uma crítica ao show business, ao espetáculo, o consumo, enfim, a necessidade de sempre ter algo maior e melhor (Esta, aliás, é a justificativa para a criação do novo dinossauro), e tudo isso se perde entre a história que é uma cópia adaptada do primeiro filme, a falta de cuidado com os detalhes e o roteiro parco…

Mas do que caralhos eu estou reclamando? É um filme sobre um parque temático com dinossauros, é claro que é desnecessário, absurdo e superlativo. No fim das contas, Jurassic World faz exatamente o que foi criado para fazer: Render mais uma graninha pra galera, retomando uma franquia de sucesso, às custas de um novo público, não familiar à série e que deveria se sentir representado, e às custas de gente que já conhece a coisa toda, e que queria ver mais dinossauros. Jurassic World é uma releitura e homenagem ao primeiro, e sai se muito bem nisso, ao mesmo tempo em que consegue renovar a série para o público, contanto que você não gaste tempo demais pensando sobre nada do que acabou de ver… Eu não reclamo tanto de planos bem executados.

É isso mesmo, nove. Por que? Porque eu sou uma puta, como já disse. Eu me diverti pra caralho assistindo esta porcaria. E digo mais: Só não leva dez porque tem uma ou outra coisinha que foi tão tosca que não deu pra ignorar.

Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros

Jurassic World (124 minutos – Ação)
Lançamento: EUA, 2015
Direção: Colin Trevorrow
Roteiro: Colin Trevorrow, Rick Jaffa, Amanda Silver e Derek Connolly
Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Vincent D’Onofrio, Ty Simpkins, Irrfan Khan, Nick Robinson, Jake Johnson, Omar Sy e B.D. Wong

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