Mídia vs. Estilo

Nona Arte quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Há cerca de 200.000 anos atrás, iniciou-se aquilo que, hoje, é simultaneamente, um dos flagelos e uma das melhores coisas da humanidade: A comunicação. Se, por um lado, temos Neil Gaiman, Tolkien e Júlio Verne, do outro temos Stephanie Meyer, jornais povão de R$ 0,25 e pessoas que puxam papo sobre o tempo. Tudo isso é culpa de um homem das cavernas desconhecido que, um dia, ao voltar da caçada, resolveu contá-la usando terra e sangue. Comunicação verbal? À época, se resumia a apontar para as costas do outro e gritar “Hurr-durr-urrm-unga-bunga!”, que, traduzido para o português hodierno, significaria: “Olha para trás, feladaputa, tem um dentes-de-sabre atrás de você!”.

Avancemos um tanto no tempo. Alguns milênios depois de o contemporâneo do Piteco acima ser devorado, o ser humano cria uma linguagem que não se resuma a resmungos e gritos; há meros 6.000 anos, criamos a primeira linguagem escrita, a cuneiforme. No entanto, a linguagem escrita só começou a popularizar-se a partir de 1441, com a criação da prensa móvel por meu xará, Johannes Gutenberg. Nesse ponto, já temos duas mídias, por assim dizer, de difusão de conhecimento: Tradição oral, e a escrita.

A partir do século XIX, no entanto, a coisa degringolou; criaram-se os cabos telegráficos submarinos (O que aumentou a efetividade da transmissão escrita), conectando os continentes de forma mais rápida, e o telefone. Mais tarde, no século XX, surgiram telefones celulares, computadores e a grande série de tubos conhecida por Internet, e tudo aquilo que esta envolve: Redes sociais, blogs, fóruns de discussão…

Ao longo de inúmeros milênios, infelizmente ou não, adotamos meia dúzia de meios de transmitir nosso conhecimento, nossas histórias, pensamentos e idéias. Ao longo de inúmeros milênios, adotamos, indiscriminadamente, novos modos de comunicação que variam de uma parede de caverna e um coco cheio de sangue e terra a um (Supostamente) limpo teclado conectado a um monitor.

Não discriminamos a internet devido a seus incontáveis trolls, noobs, samefags e as quantidades avassaladoras de pornografia, ou os livros pela existência de Stephanie Meyer e autores de auto-ajuda. Mas, por que a mídia em quadrinhos é tão discriminada?

Desisti da explicação, clássica talvez, de que era considerada coisa de crianças; conheço pessoas bem esclarecidas, conhecedoras da existência de HQs adultas que sabem que muitas delas têm mais conteúdo que muitos best sellers (Você estava esperando que eu exemplificasse com Sandman ou Transmetropolitan, admita). E, mesmo assim, negam-se a consumir tal material.

Desisto de buscar a resposta dentre meus parcos conhecimentos, e peço a vocês, sábios leitores, que me ajudem a desenvolver uma teoria que explique isso.

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