Minha relação de amor e ódio com o SWU
Vocês devem lembrar que eu fiquei muito puto com o SWU, pela palhaçada do primeiro dia. Isso, inclusive, botou em xeque minha determinação de ir ao terceiro dia [O segundo eu desconsidero, não tinha nada que me interessasse, musicalmente falando], mesmo sabendo que haveriam shows de Cavalera Conspiracy e, principalmente, Queens Of The Stone Age. Mas foi ai que eu lembrei daquele verso de Go With The Flow:
I want a new mistake, lose is more than hesitate.
Pra que? Montei na moto e rumei pra Itu. De novo.
Dessa vez, eu tinha um plano em mente: Ir embora mais cedo. Considerando que o Queens Of The Stone Age não era a última atração, igual ao Rage Against The Machine no sábado, era bem mais fácil. Afinal, quem quer ver Linkin Park? E, é claro, não ia deixar a moto em Itu, iria com ela até a Fazenda Maeda, e deixava ela em algum canto. Dito e feito. Mas devo fazer aqui um adendo: Ao contrário do que havia sido informado anteriormente, havia estacionamento de moto lá. Por FUCKIN’ R$50,00. Por moto. Dando a desculpa de que ia sacar dinheiro [Não aceitavam cartão, obviamente], fui até uma moita e deixei a moto lá mesmo das fazendas por perto, fingi que ia visitar e deixei a moto lá, no cantinho. Feito isso, me despreocupei. Em partes, claro. Afinal, com um monte de hippies, vai que eles pintam minha moto num tema psicodélico roubam meu capacete como souvenir? Mas deu tudo certo, minha moto e meu capacete se mantiveram onde eu os deixei. Mas cês não tão aqui pra saber do meu veículo, então vamos ao que interessa.
Andei por mais alguns quilômetros a pé, já que a porra da fazenda é longe de tudo. Até o estacionamento era longe da bilheteria. Que era longe da entrada. Que era longe dos palcos. Gordinhos em geral se foderam grandão. Entrei e fui rumando pros palcos. Já tava rolando o Cavalera Conspiracy. Fiquei na minha, de longe, mais ou menos a mesma coisa que eu fiz no Rage Against The Machine, já que eu tava de mochila, com capa de chuva e outras coisas necessárias. Os irmãos Cavalera misturaram hits do Sepultura com músicas da nova banda, que quase ninguém conhecia. Foi bacana, mas eu notei que não era pra isso que eu tinha me deslocado 150km em cima de uma moto. Terminando o show, fui caçar uma programação dos palcos pra ver se batia com o meu plano. Olhei lá e tava:
Nesse instante, botei meu plano maléfico em prática: Penetrar pela platéia adentro durante os shows do Avenged Sevenfold e, principalmente, Incubus. Com sorte, eu conseguiria passar do ponto onde ficavam as cabines de luz/som ou seja lá o que aquelas merdas no meio da visão de quem tava lá atrás faziam. Foi ai que, no meio da muvuca do show do Avenged Sevenfold, eu encontro o estagiário Jão [Que inclusive me prometeu um texto sobre todo o SWU, já que ele passou os três dias lá, e eu duvido muito que algum dia venha a existir]. Ele tava com alguns amigos que não iam comprometer tanto assim a sua integridade física, que iam ficar com a mochila dele, porque o rapaz teve a mesma ideia que eu. Juntando a fome com a vontade de comer, eu deixei a minha mochila com o pessoal e fui me enfiando atrás [UI!] do Jão, que é pequeno igual o Jô Soares. Tática marota da vez: A gente falava que tava indo pra roda [Quem faz roda num show do Avenged Sevenfold?], chegava nela, dava dois pulos e já rumava pro palco novamente. E nessa brincadeira, quando acabou o show dos caras, a gente tava a, sei lá, dez metros da grade.
Já durante o show do Incubus, que eu confesso que mal prestei atenção, devido ao foco nas brechas pra avançar mais [Vai dizer que cês iam ficar parados depois de chegar tão longe?]. E assim foi feito. Quando acabou o Incubus, eu tava um pouco mais pra frente [Já que o Jão ficou pra trás, devido a sua mobilidade reduzida pelo mar de gente], a duas pessoas de distância da grade. Comum, claro, porque eu não sou trouxa de pagar o triplo pra ficar dez metros mais pra frente. Eu tenho braço e perna pra isso, mermão. Fora outras putarias, mas falarei sobre isso mais pra frente.
Com o fim do show do Incubus, ai começou a expectativa. E crescia. Até que a galera se tocou que o bagulho tava demorando demais. Várias gritarias, desde “QUEENS!” pra ver se os caras vinham logo pro palco, até “ÁGUA!”, como se fossem mineiros soterrados. Depois de um tempo, vem um babaca no microfone avisar que, devido à problemas técnicos, o Queens Of The Stone Age ia atrasar. Tudo bem tinha uma pá de viadinho ali esperando o show do Linkin Park, e que eu avancei em grande parte porque eles passavam mal e eram retirados pelos seguranças/bombeiros. Mas com o atraso, galera começou a ficar incomodada. E quando passou uma repórter da Globo ali, ai fodeu.
Mas é claro que a quase uma hora de atraso foi prontamente esquecida no momento em que Josh Homme [Líder da banda, vocalista, guitarrista e de vez em quando baixista], Troy Van Leeuwen [Guitarra, baixo e guitarra havaiana], Joey Castillo [Monstro da batera], Dean Fertita [Teclado, altamente dispensável, na minha opinião] e Michael Shuman [Só baixo, por isso vem por último] subiram ao palco. Ai a casa caiu, mano.
Tá, eu sei, a qualidade do áudio dessa porra tá zuado. Mas quem liga? Primeira coisa que eu fiz quando voltei pra casa foi dar um jeito de descolar o áudio completo do show. E como meu HD deu pau por algum motivo obscuro da história da humanidade, é o que eu venho ouvindo desde a madrugada de terça feira, 12 de outubro de 2010. E puta que pariu, ainda me arrepio com essa porra. Mas voltando. Quando os primeiros acordes de baixo da Feel Good Hit of the Summer foram ouvidos, nada mais importava. Toda a dor, cansaço, sede, fome, ódio pelos fãs imbecis de Linkin Park foi embora, e só um sentimento pairava no ar: Realização. Pelo menos pra mim, que pulava feito um macaco e gritava feito um imbecil [Não que eu não seja as duas coisas, mas vocês me entenderam]. Depois disso, foi só alegria, felicidade, nego fumando maconha [Mentira, tinha nego fumando maconha muito antes do show começar]. A introdução de The Lost Art of Keeping a Secret fez eu cantar como se minha vida dependesse disso, mesmo estando cercado por bilhões de decibéis. E puta que pariu, como eu cantei. Pra vocês terem uma ideia, até o começo do show, eu tava lá, na boa. Sem sentir frio graças ao calor humano, mas tava uma temperatura amena e pans. No fim de The Lost Art, eu já tava suando mais do que se tivesse jogado bola. Eu não cansei, claro. Mas com 3’s & 7’s, que eu não lembro a letra inteira, dei uma desacelerada, já que minhas pernas já não são mais as mesmas de quando eu era um garoto, e não tinha as mesmas espremidas contra uma grade [Que na verdade era uma chapa, não sei se eu falei]. Não que a música não seja foda, mas sei lá. Tenho algum preconceito com ela. Talvez por ela figurar em um Guitar Hero da vida. Mas foda-se, com Sick, Sick, Sick recuperei o ritmo. Talvez porque já tenham dito que a música é minha cara. É, faz sentido. Eu sou doente. Tá certo. Afinal, quem mais pega uma moto as duas da tarde de um feriado prolongado pra ir pro meio do mato só pra ouvir uns americanos tocando ao vivo? O que, eu não fui o único? CÊS TÃO BRINCANDO!
Na sequência, a música que tem o clipe com o traveco mais DUMAL que cês já viram: Monsters in the Parasol. E o traveco:
Corra que o traveco vem ae 33 e 1/3.
Sério, essa música sempre me dá medo de que esse traveco surja perto de mim. Mas qualquer coisa, é só tacar fogo. Ou seja, Burn the Witch [Essas ligações que eu faço entre as músicas são muito bizarras, falaê]; que eu também não sou muito chegado. Eu prefiro empalar as bruxas, se é que vocês me entendem. Certo, o nível das piadas está decaindo mais do que o meu saldo bancário após o SWU, eu tou notando. Mas voltando ao show novamente, Long Slow Goodbye foi um dos poucos sons que não saiu como single. Talvez por ser uma das músicas mais depressivas dos caras, sei lá. Sei que eu curto pra caralho, e pirei. Ai nego me joga uma In My Head, que remeteu aos meus bons e velhos tempos de Need For Speed Underground 2 na casa de algum truta, porque meu pc não rodava essa merda. Ou seja, a música sempre me remete à carros coloridos num mundo feito de cera para polir. E sim, eu punha SÓ ela pra tocar, todas as outras músicas do jogo eram uma merda. E olha que eu acho ela ruinzinha, mas como os caras tavam na hora das músicas pop, já veio uma Little Sister engatada [UI!]. É bacaninha, é levinha, mas não é bem o que eu queria ver. Dammit, tragam o Dave Grohl de volta e façam um show só do Songs For The Deaf, putos! Tá, eu não pensei nisso na hora, o show não me deixava pensar nada que não fosse AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! E piorou, porque quando começou Do It Again eu tive um derrame cerebral na área que controla meus movimentos, e um ataque epilético foi a consequência. Que durou até I Think I Lost My Headache, que fez com que eu recuperasse meus nervos. Nervos, quem precisa de nervos, quando se tem Go With the Flow, que é uma das minhas favoritas? Quem precisa de cordas vocais? Quem precisa de qualquer coisa que não seja o som tocando, na tríada perfeita de Go With the Flow, No One Knows e A Song for the Dead? Eu não sei como descrever esse momento, sério. Eu sei que o show terminou e eu sentia que poderia morrer ali mesmo, e estaria em paz comigo mesmo. Sublimação.
Mas é claro que a vida continua. E na hora de ir embora, eu e o Jão não achamos os amigos dele, e eu não peguei minha mochila. Resultado? Cheguei em casa congelando até as tripas. Mas valeu a pena, ô se valeu.
Entrevista meia boca com o Josh e três músicas: Feel The Good Hit Of The Summer, The Lost Art Of Keeping A Secret e parte de 3’s & 7’s [Cortaram o fim dessa porra].
E quem “viu” pela tv, perdeu o melhor show da vida.
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