Minhas pastas e a música
Sabiam que eu tenho várias pastas de música? Não, claro que eu não baixei, comprei tudo no CD e passei pro computador, já que me recuso terminantemente à usar a merda do iTunes. Aliás, também não vou com a cara dos sites que vendem música. Aliás, se o seu site/blog/tumblr/flog/orkut toca música ao abrir, você é um filho da puta seu filho da puta. Mas então, minhas pastas de música: Tenho quatro.
Pois então, tenho quatro pastas com músicas. Uma é a principal, a fodona, a que eu enchi desde que, na adolescência, música passou à ser mais importante que Dragon Ball e mais alcançável que ppks. Fui até checar pra vocês: 7 giga, 2633 arquivos. É a maior e a mais antiga, e dá pra achar de tudo nela, ou quase tudo, mas a lista vai de Rodney Dy à Lynyrd Skynyrd com a maior displicência, passando por coisas que nem eu mesmo sabia que tinha. E já que estamos no assunto: MEU DEUS, quanta porcaria. Eu não tenho problema em gostar de coisas ruins, e tem coisa que só está lá porque em algum momento a música prendeu na minha cabeça, e não tem jeito, é ouvir até cansar e esquecer de apagar depois, mas porrã, nunca achei que era tanto. Adolescente é tudo uma merda mesmo.
Uma das que eu sequer sabia que existia, mas descobri que tava lá. E é uma bosta.
Enquanto que a primeira pasta é uma só, a segunda tem várias subdivisões. Provavelmente é a mais organizada de todas elas: Dividida por bandas e até mesmo por álbuns, tem bem menos músicas que a primeira mas é mais pesada, beirando os 9 giga. AC/DC, Social Distortion, Hoodoo Gurus, Aliados, Bowling for Soup e a fodona Midnight Syndicate são os principais nomes, mas tem uma modesta coleção de músicos e bandas independentes. Não é a pasta que mais mexo, então tá uma bagunça também, pra não falar que eu nem sequer ouvi tudo que tem nela ainda, mas é onde estão as discografias completas que eu tenho, e acreditem, deu um trabalho da porra achar algumas coisas nela.
A terceira pasta é uma vergonha, nomeada “LER E OUVIR”, para eu (Supostamente) criar vergonha na cara, é a que eu mais uso, mas isso significa ouvir a mesma coisa centenas de vezes e largar outras: Esse é o status atual do Offspring. O quão grande é minha vagabundagem e estupidez? Bem, que tal os mais recentes álbuns do Queens of the Stone Age e do Black Sabbath, …Like Clockwork e 13? Pior que isso só quando eu disser que ganhei o 13 de presente, em toda sua glória, e mesmo assim ainda não ouvi. Enfim, mas não é só isso: Vanguart, Stereophonics e Quarto Negro, indicação de um amigo pra mais de um ano atrás, ainda estão lá, sem ouvir. Em minha defesa, eu já ouvi os dois álbuns do BNegão & Seletores de Frequência, Exugando Gelo e Sintoniza Lá, (Que aliás você pode baixar de graça no site da banda) e que eu recomendo ouvir, mesmo que você não curta rap e hip hop.
É racismo se eu disser que o BNegão fica estranho tocando guitarra?
E finalmente a quarta e última pasta, esta sim, a pasta máxima da vergonha. E dessa vez não pela bagunça ou por não ouvir, muito pelo contrário, já ouvi tudo, várias vezes, e vira e mexe ainda atualizo ela. Esta aqui é a pasta das músicas ruins: 196 delas, em quase 800 mega. Nomeia uma porcaria aí, qualquer uma, dos últimos 30 anos. Pode até ser que eu não tenha (Afinal, a quantidade de coisa ruim é sempre maior), mas garanto que se você ouvir a pasta toda, não vai ter mais ouvidos pra discutir: Kelly Key, Bro’z, É o Tchan, Sandy e Junior, Kaoma, Perla, Haddaway, Alexandre Pires, Fábio Jr., Asa de Águia, Beto Barbosa, Angélica, Chitãozinho e Xororó, Xuxa, Gustavo Lima… A lista continua, mas como deu pra notar, é principalmente música nacional o choro é livre. Tá, não são só músicas ruins, algumas estão aqui porque foram hit do verão, porque são daquelas que grudam e você cantarola o dia todo ou até mesmo porque foram usadas em alguma propaganda mais memorável… O jeito certo de definir esta pasta é dizer que se você a mostrasse pro seu tio do pavê (Sim, você sabe de quem eu estou falando) ele adoraria e pediria pra você gravar numa fita pra ele.
E é isso, esse foi o pequeno passeio pela minha coleção… É interessante notar como, com os anos, você fica um pouco menos idiota e as coisas mudam. Quando eu comecei uma pasta de músicas era simplesmente para tê-las, e ouvir o que eu tinha. Isso foi antes mesmo de ser comum os celulares conseguirem tocar mp3. Porra, foi antes mesmo dos mp3 players. E, com o tempo, a quantidade de músicas aumentou e aumentou também a variedade delas, e ainda era bem menor do que é hoje, e com bem mais preconceito: Se eu tivesse essa quarta pasta com meus 15 anos, eu mesmo me deserdaria.
Sempre que se fala de alguma coisa que aconteceu no passado, qualquer coisa, temos a tendência de usar os parâmetros atuais: Naquela época não era coisa de gigas por semana, mas megas, 30, 40, 50 músicas novas, mas ainda era muito, e ainda mais “grave” se for considerar que mal tínhamos passado uma década de vida. Chegou num ponto em que a música acabou por não importar mais, chegou um momento em que eu e os meus amigos, ao menos uma vez por semana, debatíamos para ver quem tinha uma pasta mais pesada. A gente ainda trocava músicas, discutia sobre bandas, passava nomes de álbuns, mas era a graça de ouvir uma vez (“E daquele jeito”) e partir pra próxima. No fim das contas, a gente não ouvia música.
E isso foi um dos grandes motivos, pra mim, por um bom tempo, me desligar da música de forma geral. Não que eu ouvisse, mas nada de baixar álbuns e álbuns, nada de tentar descobrir uma banda nova (Ou uma nova banda velha) por semana e nada de discussões eternas sobre quem é o melhor vocalista do AC/DC (Aliás, caso você tenha partido nessa discussão: FODA-SE VOCÊ). Eu me desliguei da música por não ter (Ou não achar) mais motivo para ouvir música, já que o jeito que eu ouvia não me agradava mais. A verdade é que eu ainda ouço muito menos música hoje do que eu ouvia há alguns anos. Claro, parte disso se dá pelo fato de você não achar o Charlie Brown Jr. mais tão legal quanto achava, mas comparando com os mesmos amigos daquela época, ouço muito menos.
Tá, eu exagero. Tá, eu estou atrasado, BEM atrasado, e escuto as mesmas coisas talvez há muito mais tempo do que eu deveria, mas eu estou bem assim, ainda que eu admita que eu deveria fazer algo sobre o assunto. Simplesmente não é mais tão importante, e se eu vou escutar alguma coisa nova prefiro fazê-lo com tempo, e prestar real atenção à ela. Se for algo que eu já conheço é mais tranquilo, mas não estou exagerando quando lhes digo que dei um novo valor e descobri melhor uma música que gay só após ouvi-la pela milésima setigentésima quinquagésima terça vez. Eu não levo música mais à sério, não dou um valor maior e nem tenho nenhuma frescura em particular, mas, de forma teatral, pra encerrar o post: Agora eu ouço música do meu jeito, e quando não é do meu jeito, é só barulho.
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