Minhas pastas e a música

Música segunda-feira, 26 de maio de 2014

Sabiam que eu tenho várias pastas de música? Não, claro que eu não baixei, comprei tudo no CD e passei pro computador, já que me recuso terminantemente à usar a merda do iTunes. Aliás, também não vou com a cara dos sites que vendem música. Aliás, se o seu site/blog/tumblr/flog/orkut toca música ao abrir, você é um filho da puta seu filho da puta. Mas então, minhas pastas de música: Tenho quatro.

 Não, não dessas.

Pois então, tenho quatro pastas com músicas. Uma é a principal, a fodona, a que eu enchi desde que, na adolescência, música passou à ser mais importante que Dragon Ball e mais alcançável que ppks. Fui até checar pra vocês: 7 giga, 2633 arquivos. É a maior e a mais antiga, e dá pra achar de tudo nela, ou quase tudo, mas a lista vai de Rodney Dy à Lynyrd Skynyrd com a maior displicência, passando por coisas que nem eu mesmo sabia que tinha. E já que estamos no assunto: MEU DEUS, quanta porcaria. Eu não tenho problema em gostar de coisas ruins, e tem coisa que só está lá porque em algum momento a música prendeu na minha cabeça, e não tem jeito, é ouvir até cansar e esquecer de apagar depois, mas porrã, nunca achei que era tanto. Adolescente é tudo uma merda mesmo.


Uma das que eu sequer sabia que existia, mas descobri que tava lá. E é uma bosta.

Enquanto que a primeira pasta é uma só, a segunda tem várias subdivisões. Provavelmente é a mais organizada de todas elas: Dividida por bandas e até mesmo por álbuns, tem bem menos músicas que a primeira mas é mais pesada, beirando os 9 giga. AC/DC, Social Distortion, Hoodoo Gurus, Aliados, Bowling for Soup e a fodona Midnight Syndicate são os principais nomes, mas tem uma modesta coleção de músicos e bandas independentes. Não é a pasta que mais mexo, então tá uma bagunça também, pra não falar que eu nem sequer ouvi tudo que tem nela ainda, mas é onde estão as discografias completas que eu tenho, e acreditem, deu um trabalho da porra achar algumas coisas nela.

A terceira pasta é uma vergonha, nomeada “LER E OUVIR”, para eu (Supostamente) criar vergonha na cara, é a que eu mais uso, mas isso significa ouvir a mesma coisa centenas de vezes e largar outras: Esse é o status atual do Offspring. O quão grande é minha vagabundagem e estupidez? Bem, que tal os mais recentes álbuns do Queens of the Stone Age e do Black Sabbath, …Like Clockwork e 13? Pior que isso só quando eu disser que ganhei o 13 de presente, em toda sua glória, e mesmo assim ainda não ouvi. Enfim, mas não é só isso: Vanguart, Stereophonics e Quarto Negro, indicação de um amigo pra mais de um ano atrás, ainda estão lá, sem ouvir. Em minha defesa, eu já ouvi os dois álbuns do BNegão & Seletores de Frequência, Exugando Gelo e Sintoniza Lá, (Que aliás você pode baixar de graça no site da banda) e que eu recomendo ouvir, mesmo que você não curta rap e hip hop.


É racismo se eu disser que o BNegão fica estranho tocando guitarra?

E finalmente a quarta e última pasta, esta sim, a pasta máxima da vergonha. E dessa vez não pela bagunça ou por não ouvir, muito pelo contrário, já ouvi tudo, várias vezes, e vira e mexe ainda atualizo ela. Esta aqui é a pasta das músicas ruins: 196 delas, em quase 800 mega. Nomeia uma porcaria aí, qualquer uma, dos últimos 30 anos. Pode até ser que eu não tenha (Afinal, a quantidade de coisa ruim é sempre maior), mas garanto que se você ouvir a pasta toda, não vai ter mais ouvidos pra discutir: Kelly Key, Bro’z, É o Tchan, Sandy e Junior, Kaoma, Perla, Haddaway, Alexandre Pires, Fábio Jr., Asa de Águia, Beto Barbosa, Angélica, Chitãozinho e Xororó, Xuxa, Gustavo Lima… A lista continua, mas como deu pra notar, é principalmente música nacional o choro é livre. Tá, não são só músicas ruins, algumas estão aqui porque foram hit do verão, porque são daquelas que grudam e você cantarola o dia todo ou até mesmo porque foram usadas em alguma propaganda mais memorável… O jeito certo de definir esta pasta é dizer que se você a mostrasse pro seu tio do pavê (Sim, você sabe de quem eu estou falando) ele adoraria e pediria pra você gravar numa fita pra ele.

 Você está velho.

E é isso, esse foi o pequeno passeio pela minha coleção… É interessante notar como, com os anos, você fica um pouco menos idiota e as coisas mudam. Quando eu comecei uma pasta de músicas era simplesmente para tê-las, e ouvir o que eu tinha. Isso foi antes mesmo de ser comum os celulares conseguirem tocar mp3. Porra, foi antes mesmo dos mp3 players. E, com o tempo, a quantidade de músicas aumentou e aumentou também a variedade delas, e ainda era bem menor do que é hoje, e com bem mais preconceito: Se eu tivesse essa quarta pasta com meus 15 anos, eu mesmo me deserdaria.

Sempre que se fala de alguma coisa que aconteceu no passado, qualquer coisa, temos a tendência de usar os parâmetros atuais: Naquela época não era coisa de gigas por semana, mas megas, 30, 40, 50 músicas novas, mas ainda era muito, e ainda mais “grave” se for considerar que mal tínhamos passado uma década de vida. Chegou num ponto em que a música acabou por não importar mais, chegou um momento em que eu e os meus amigos, ao menos uma vez por semana, debatíamos para ver quem tinha uma pasta mais pesada. A gente ainda trocava músicas, discutia sobre bandas, passava nomes de álbuns, mas era a graça de ouvir uma vez (“E daquele jeito”) e partir pra próxima. No fim das contas, a gente não ouvia música.

E isso foi um dos grandes motivos, pra mim, por um bom tempo, me desligar da música de forma geral. Não que eu ouvisse, mas nada de baixar álbuns e álbuns, nada de tentar descobrir uma banda nova (Ou uma nova banda velha) por semana e nada de discussões eternas sobre quem é o melhor vocalista do AC/DC (Aliás, caso você tenha partido nessa discussão: FODA-SE VOCÊ). Eu me desliguei da música por não ter (Ou não achar) mais motivo para ouvir música, já que o jeito que eu ouvia não me agradava mais. A verdade é que eu ainda ouço muito menos música hoje do que eu ouvia há alguns anos. Claro, parte disso se dá pelo fato de você não achar o Charlie Brown Jr. mais tão legal quanto achava, mas comparando com os mesmos amigos daquela época, ouço muito menos.

 128 MEGA, CARA!!!!1

Tá, eu exagero. Tá, eu estou atrasado, BEM atrasado, e escuto as mesmas coisas talvez há muito mais tempo do que eu deveria, mas eu estou bem assim, ainda que eu admita que eu deveria fazer algo sobre o assunto. Simplesmente não é mais tão importante, e se eu vou escutar alguma coisa nova prefiro fazê-lo com tempo, e prestar real atenção à ela. Se for algo que eu já conheço é mais tranquilo, mas não estou exagerando quando lhes digo que dei um novo valor e descobri melhor uma música que gay só após ouvi-la pela milésima setigentésima quinquagésima terça vez. Eu não levo música mais à sério, não dou um valor maior e nem tenho nenhuma frescura em particular, mas, de forma teatral, pra encerrar o post: Agora eu ouço música do meu jeito, e quando não é do meu jeito, é só barulho.

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