“Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”

Livros terça-feira, 22 de junho de 2010

O primeiro autor da “última flor do Lácio, inculta e bela” a ganhar um prêmio Nobel de literatura faleceu recentemente. Sim, estou falando do José Saramago.

A mídia já fez uma clara e aberta declaração de que o maior medo do autor lusitano era a morte, e em suas obras é isso que fica demonstrado (Ao menos nas que eu li), pois ele sempre procura demonstrar que a vida é curta e que enquanto nos preocupamos com as coisas que nos cercam como trabalho, estudos, contas e outras coisas esquecemos de fazer aquilo deveríamos fazer acima de tudo: Viver.

E aqui, já quero deixar claro que, apesar de escrever na área de quadrinhos, eu sou viciado em leitura, e leio de tudo que aparece, ou como na opinião do Pikurk “Vai ter lido coisa obscura assim na puta que pariu!”, então eu vez ou outra vou me arriscar a dar uns pitacos nos livros.

E sim, estou aproveitando o mote da morte de Saramago para falar desse autor que, apesar de cultuado, acaba nos dando uma leitura beeeeeeeeeeeeeeeem chata e cansativa, porque ele não sabia o que é parágrafo, pois temos longos e longos períodos, além de, em boa parte da história, você não ter a mínima idéia de quem é que tá falando.

Mas apesar disso, Saramago se mostrou um excelente escritor do chamado Pós-Modernismo, que tem como principal característica a mistura de sub-gêneros, e é isso que o Zé fazia: Ele pegava fatos reais e misturava com a mais pura ficção. Portanto, no caso dele, qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais era, como diria Juca Chaves, “mera coincidência premeditada.”

Assim, o que Saramago buscava em seus livros era misturar realidade com uma fantasia critica buscando mostrar não só seu ponto de vista, mas principalmente o quanto as pessoas perdem mais tempo com preocupações desnecessárias do que consigo mesmas. Enfim, ele indiretamente pregava o “Carpe Diem”, ou seja, aproveite o dia.

De seus 16 romances li quase 4: Jangada de Pedra, A Caverna e Ensaio Sobre a Cegueira eu li inteiros e achei fantásticos. Comecei também O Ano da Morte de Ricardo Reis, mas não tive paciência suficiente para acabar a leitura.

Ensaio Sobre a Cegueira deve ser a obra mais conhecida, já que recentemente virou filme. A obra é uma puta porrada na cara da sociedade, pois de forma indireta mostra que “cego é aquele que não quer ver”, e assim ele mostra o quanto o ser humano pode ser cruel e imundo, e como os maiores culpados por um mundo decadente somos nós mesmos.

Já em A Caverna, o capitalismo é o tema criticado, já que a Caverna é um baita-hiper-mega-duper Shopping. E essa critica é feita justamente através da reconstrução do mito da caverna de Platão, onde temos a vida apenas retratada por falsas sombras, o que de certa forma é verdade, já que tem gente que tem coragem de pagar mais de R$ 500,00 numa calça só pela marca, quando uma outra de R$ 25,00 teria a mesma utilidade.

Mas foi Jangada de Pedra que mais me cativou, já que nele vemos um grupo de “retirantes” que se sentem culpados pela península ibérica estar a deriva como uma jangada. Saramago usa esse romance para criticar a economia e a política européia de forma mais direta e a globalização de forma indireta, havendo assim meio que a perca de uma identidade própria.

Mas são os fatos “sobrenaturais” que circundam os personagens principais que, unidos às próprias personalidades desses personagens, acabaram por me encantar. O momento em que o ‘adultério’ ocorre na obra acaba dando um novo ar a narrativa, assim como o momento em que se descobre que, inexplicavelmente, todas as mulheres da península ficaram grávidas ao mesmo tempo.

Não vou citar nada d’O Ano da Morte de Ricardo Reis, por que não li nem metade. Mas de qualquer forma, apesar de Saramago ter sido um crítico tanto a religiosidade quanto a politica e diversos outros assuntos, sua obra, querendo ou não, é importante principalmente por sua critica subentendida na qual ele nos dá um único conselho: Viver.

Então, independente de gostar ou não das obras de Saramago, aproveite cada instante de sua vida, pois essa é o conselho supremo do Prêmio Nobel de Literatura em Língua Portuguesa. E aproveite lendo aquilo que você goste e não aquilo que dizem que é bom por essa ou outra razão.

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