O Homem que matou Getúlio Vargas
Cá estou eu novamente para falar sobre mais uma obra de Jô Soares: O Homem que matou Getúlio Vargas. Já começo avisando que pra mim esse é o melhor livro que esse cara já escreveu, e por mais que você prefira o Xangô de Baker Street só por que ele virou filme, vá se preparando pra ver uma nota maior que a dele nessa análise.
Antes de você passar por esse texto batido, eu já me adianto e explico o porque da minha preferência por este livro. Gosto de acompanhar histórias que sejam mais do que uma simples narrativa, tipo aquelas que se fundem com fatos históricos e os relacionam com as personagens e tal, bem ao estilo Forrest Gump mesmo. Então se esse tipo de coisa também te interessa clica logo nesse “leia o artigo na íntegra!” e lê essa droga de texto de uma vez!
O livro conta a história de Dimitri Borja Korosec, nascido na Bósnia e filho do linotipista e anarquista sérvio Ivan Korozec com a contorcionista brasilera Isabel Borja. Ivan Korozec era um anarquista “roxo”, e fazia parte de uma sociedade secreta chamada Poluskopszi, que de tão anarquista, fazia com que os membros arrancassem o testiculo direito para garantir que seus filhos nascessem “de esquerda”. Já Isabel tem como caracteristica principal ser filha bastarda do coronel Manuel Vargas, pai de Getúlio, fazendo com que os dois sejam meio irmãos (Ah vá!). Dimitri é meio desastrado por natureza, tem um dedo indicador a mais em cada mão, e facilidade em aprender outras linguas. Aos 12 anos, já era quase tão anarquista quanto seu pai, e depois de algum tempo ele resolve entrar para a organização terrorista “Mão Negra“, grupo este que existiu de verdade e é considerado como o primeiro grupo terrorista da história. Na escola da Mão Negra (Uma espécie de Hogwarts pra assassinos), Dimitri aprende o ofício de matar, e a manusear explosivos, apesar de que seus colegas não constumavam acompanha-lo nos treinamentos com pólvora, já que por ser meio desastrado ele sempre acabava fazendo besteira.
A principio, se estranha o fato do livro abordar algo muito distante da vida de Getúlio Vargas, já que por este possuir seu nome no título, faz você pensar que todo o enredo da história vai girar em seu entorno. Lêdo engano. Jô Soares faz uma volta imensa até chegar ao clímax do livro, o que torna toda a trama muito mais interessante, já que após aprender a ser um assassino na escola da Mão Negra, a coisa começar a se fundir com a realidade, e Dimitri começa a se meter em algumas situações bem complicadas, geralmente na companhia de algum personagem que realmente existiu, como ser mandado a Saravejo para matar o Conde Ferdinando, ou conhecer a dançarina Mata Hari em um trem do oriente.
Enfim, após várias tentativas frustradas de vir ao Brasil, Dimitri vai parar nos mais diversos lugares e acaba se envolvendo até com Al Capone, o que faz com que cada página conte uma história diferente, e que você não se enjoe do livro tão facilmente. Portanto, reitero aqui a afirmação que fiz lá no início do texto de que este livro segue o esquema de Forrest Gump. Tem muita gente que diz que foi mais uma coisa que Jô Soares copiou, ou que ele é especialista em fazer adaptações e blá blá blá. Pra mim isso não interessa, o livro é realmente muito bom, e uma boa pedida pra que não tem o que fazer nas férias.
SPOILER: Existem um personagem neste livro que se assemelha muito ao vilão de “O Xangô de Baker Street”.
O Homem que matou Getúlio Vargas (Jô Soares)
O Homem que matou Getúlio Vargas
Ano de Edição: 1998
Autor: Jô Soares
Número de Páginas: 344
Editora: Companhia das Letras
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