O que faz uma boa série?
Continuando o assunto do meu ultimo texto, nada mais justo do que dedicar alguns parágrafos para elogiar ao invés de falar mal. Só dá pra dizer que uma série é uma merda graças ao fato de que, em algum lugar do mundo, existe algo que não o seja. O problema é que o bom é muito mais subjetivo do que o ruim, tomem como exemplo o digladio sobre os gigantes azuis de Avatar. Afinal, o filme é bom ou ruim? Vou dar minha opinião: Ele é bom, mas por motivos bem específicos. Eu achei que as mensagens, ainda que inegavelmente óbvias, foram apresentadas de uma forma inovadora. Sim, isso se dá, em grande parte, graças à tecnologia utilizada, mas entenda que, a meu ver, um filme é uma fórmula de vários elementos. Eu sou do tipo que não engole um filme bom com a fotografia ruim ou um filme ruim com a trilha sonora incrível, por exemplo. É uma formula, e a de Avatar deu resultados (Mas não supera Star Wars. James, pode voltar pra prancheta de trabalho).
Voltando ao tema, vou tentar explicar o que é uma série boa para mim. É importante entender que eu me preocupo com a forma com que eu assisto algo. Tem uma experiência ali a ser passada e eu tento absorver o máximo possível dela, mesmo quando estou assistindo um lixo teen da CW como, sei lá, 90210. E é ai que as séries se separam claramente. Série boa é a que me faz pensar. Ela tem que mudar, mesmo que minimamente, a forma com que eu vejo o mundo, só ai eu vou respeitar a obra. Porque, porra, o programa driblou minhas convenções, jogou na minha cara que eu estava errado, argumentou comigo e ganhou. Você tem que respeitar uma coisa dessas. Mas não existe formula para isso, cada uma me surpreende a seu modo.
Existe algo que é fundamental para essa diferenciação: Um bom argumento. Fazendo uso de um exemplo que pode ser até meio perigoso, e já saliento que existem exceções à regra nele também, animes opõe-se à indústria americana. Porque mesmo que seja um argumento absurdo, do tipo “Deus odeia a humanidade, por isso que está mandando monstros gigantes para nos destruir.” até “O mundo é uma coisa linda e cor-de-rosa, e todos nós deveríamos juntar nossas mãos e cantar uma linda canção sobre a paz mundial.”, o fato é que eles TÊM argumento. The Big Bang Theory, que é uma comedia excelente, não tem argumento. Ela só quer ser engraçada. Deu para sentir a diferença? Na cultura oriental, eles querem dizer alguma coisa, o que não significa que consigam sempre, já que são muito mais simbolistas e subjetivos nas suas obras, mas está lá se você procurar (Essa busca pode demorar).
Séries que eu recomendaria sem hesitar: Dexter, pela forma com que transforma sentimentos absolutamente normais, como amar seu filho e se desprender da figura paterna, em descobertas épicas do protagonista. House, por brincar com os conceitos de certo e errado e mostrar a construção delicada de cada personagem sob influencia deturpada do doutor. Skins, por toda a poesia do roteiro. Cada frase, cena, musica ou cor está lá por um motivo, e gera uma identificação.Six Feet Under, por saber como brincar com nossos medos enquanto desenvolve belas histórias. Nunca encontrei alguém que não tenha se identificado com pelo menos uma situação mostrada na série. No meu caso, é o quinto episódio da segunda temporada, “The Invisible Woman”, mas não vou contar o episodio, assistam ai, malditos. Alice, por explorar com perfeição poética a São Paulo em que eu vivo. Damages, que, em grandes reviravoltas, expõe todos os tons de cinza que existem na justiça cega. In Treatment, pelas melhores construções psicológicas de todos os tempos. TODOS OS TEMPOS!
Bom, então é isso. Estou quase terminando essa série de pensamentos sobre a indústria televisiva, agüentem mais um pouco, ainda falta mais um. E falem ai se vocês concordam com minhas recomendações ou não, se falta algo e, se sim, o motivo. Aposto que vai ter alguém falando de Lost. Ou não.
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