Os “pés quentes” do Oscar – parte 1
Hoje começarei a falar sobre todos os atores e atrizes que conseguiram a façanha de ter 100% de aproveitamento no Oscar (Desconsiderando, é claro, aqueles que levaram o careca em sua única indicação). Sempre que penso nesse assunto faço a seguinte indagação: Será que eu iria preferir ter o máximo de indicações possíveis ou ganhar sempre que for indicado – sem nunca saber como é ir a cerimônia concorrendo e não subir ao palco? Acho que enquanto não começar a levar meus prêmios, não conseguirei sanar essa dúvidas… Cáspita! Mais um motivo pra me tornar cineasta… Mas deixemos de divagações e vamos ver esses peculiares casos. Dividindo a coluna em dois, hoje eu falarei sobre aqueles que não tem mais chance de serem indicados (Mantendo seus 100% intactos, embora sem chance de colocar mais uma estatueta na estante), seja por estarem mortos ou muito velhos.
“Pé quente” para sempre
Helen Hayes
Melhor atriz por
O Pecado de Madelon Claudet (Edgar Selwin, 1931)
e melhor atriz coadjuvante por
Aeroporto (George Seaton, 1970)
O Oscar pelo drama Aeroporto em 1970 é facilmente explicável, não só pelo talento de Hayes, mas pela mania da academia de premiar artistas veteranos a muito tempo na escuridão – e Hayes havia sido a vencedora do Oscar em sua quinta cerimônia, ficando restrita a alguns poucos filmes até sua volta triunfal 39 anos depois. Mas não achem que foi uma espécie de favor da academia a uma velhinha esquecida: durante seus 92 anos de vida, a atriz ganhou, além dos Oscars, o Tony (Não a toa considerada a primeira dama do teatro americano), o Grammy e o Emmy – se tornando uma das 9 pessoas a ganharem todos os grandes prêmios da indústria de entretenimento americana. Depois do segundo “careca dourado” ainda ficou famosa por interpretar a detetive Miss Marple (Das ficções de Agatha Christie) em alguns filmes e seriados. Sem dúvidas uma carreira perfeita.
Luise Rainer
Melhor atriz por
Ziegfeld – O Criador de Estrelas (Robert Z. Leonard, 1936)
e melhor atriz por
A Boa Terra (Sidney Franklin, 1937)
A atriz austríaca é a única da lista de hoje ainda viva (Com apenas 99 anos, sendo a atriz que mais viveu depois de ganhar um Oscar até hoje). Mas essa não é a única particularidade de Luise Rainer, ela também é a única pessoa a conseguir “100% de aproveitamento” em cima de dois prêmios consecutivos. Dizem que seu prêmio por Ziegfeld (o seu segundo trabalho em terras americanas) foi por uma cena em particular: a famosa conversação no telefone. Teve um declínio rápido, atribuído aos péssimos papéis que seu marido escolhia. Ironicamente perdeu o papel que provavelmente lhe daria o terceiro oscar (Em 1939) para a próxima de nossa lista.
Vivien Leigh
Melhor atriz por
… E o Vento Levou (Victor Fleming, 1939)
e melhor atriz por
Uma Rua chamada Pecado (Elia Kazan, 1951)
O mais famoso nome de nossa lista, Vivien Leigh foi protagonista de dois dos maiores filmes da história do cinema. Eternizada no papel de Scarlet O’Hara pelo épico (De 4 horas de duração) …E o Vento Levou, a atriz repetiria o sucesso ao atuar ao lado de Marlon Brando no drama de 1951. Conhecida pelo seu temperamento difícil, a atriz indiana sofria de TPM aguda distúrbio bipolar e morreu de tuberculose ao 53 anos em 1967.
Menção Honrosa
Walter Brennan
Como em toda a história do Oscar, ninguém conseguiu 3 Oscars em 3 indicações, vale fazer uma menção a Walter Brennan que foi claramente quem passou mais perto – com 3 Oscars (Melhor ator coadjuvante por Pai Contra Filho (1936), Kentucky (1938) e A Última Fronteira (1940)) em 4 indicações. O pior de tudo é que o prêmio só não veio em sua última indicação (Sargento York, 1941) – o que me faz refazer aquela pergunta: na pele de Brennan eu iria preferir ter uma quarta indicação, mostrando reconhecimento pelo meu trabalho, ou ficar em um lugar único na história do cinema como a única pessoa com 100% de aproveitamento em 3 Oscars concorridos?
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