Personagens cinqüentenários em 2011 – Parte 01
2011 está começando e dois personagens dos quadrinhos completam neste ano meio século de existência. É claro que devem ter outros mas esses eu conheço desde minha tenra infância: são eles: o italiano Zagor e brasileiro Chico Bento.
Eu já citei Zagor num outro artigo, mas não entrei em detalhes do personagem criado em 1961 pelo roterista Guido Nolitta, que também é conhecido no mundo dos quadrinhos como Sergio Bonelli e o desenhista Gallieno Ferri.
Como a maioria dos Fumetti as histórias de Zagor se passam no velho oeste americano. O personagem também é conhecido como o “Espírito da Machadinha”, já que o mesmo costuma lutar usando um tomahawk/hatchet (que é uma machadinha indígena).
O nome real de Zagor é Patrick Wilding e suas histórias se passam principalmente no início do século XIX. Ele era filho de um Ex-soldado dos EUA que causou grandes estragos aos índios e por esse motivo um bando de índios em busca de vingança acabou matando-o junto com sua esposa diante de Patrick. Com seus pais mortos ele acaba sendo “adotado” por Nathaniel Fitgeraldson, alcunhado de “Vagabundo Fitzy” que lhe ensina como lutar com a machadinha. Mas Fitzy que era uma espécie de filósofo, também ensina os bons valores para Zagor, já que ele aprecia o valor da liberdade.
Desta forma, Wilding após crescer se torna o protetor da floresta Darkwood localizada na Pensilvânia. Zagor leva uma vida de justiceiro com o intuito de expiar as culpas do pai e seus próprios crimes, já que ele matou alguns índios na tentativa de vingar a morte de seus pais. Desta forma ele busca manter a paz e proteger as tribos deste território.
Zagor inclusive usou-se de algumas artimanhas para “dominar” as tribos indígenas de Darkwood. Já que os pele-vermelhas acreditam que Wilding seja um semi-deus enviado pelo Grande Espírito para manter a paz na região. Para isso ele utilizou-se de truque de ilusionismos para “demonstrar seus poderes”. Porém como ele defende os índios, os ‘brancos’ o consideram um renegado, mas ele defende ambos os povos.
Apesar das histórias se passarem no velho oeste, Zagor não vive cercado apenas de bandidos, pioneiros e índio já que é possível encontrar em suas histórias elementos fantásticos, assombrações, vampiros, ficção científica, e várias outras coisas do gênero.
Mas o sucesso de Zagor, que continua sendo publicado até os dias de hoje, não se deve apenas por suas histórias que contam com requintes de aventura, humor, terror, ação, suspense, emoção, drama, romance. Mas também por seus personagens secundários que colaboram muito para as histórias.
Entre eles é importante citar Don Chico Felipe Cayetano Lopes Matinez Rodriguez y Gonzales, ou só Chico mesmo. O gorducho mexicano além de ser o melhor amigo de Zagor também contrabalança as histórias com seu alto grau de comicidade uma vez que está sempre faminto, fazendo com que ele pense com o estomago ao invés da cabeça.
Chico é tão carismático que até ganhou história solos em alguns especiais publicados entre 1979 e 1983. Depois novas histórias solos do preguiçoso glutão mexicano foram publicado a partir de 1990 no formato semestral.
Além de Chico temos outros personagens interessantes como o detetive particular Bat Batterton que veste-se como Sherlock Holmes e cria as mais variadas fantasias para usar como disfarce, mas sem sucesso em enganar os outros.
Também temos o “pirata” Digging Bill, um maníaco caçador de tesouros que se preocupa mais com o prazer da descoberta do que com a riqueza propriamente dita. Outro “homem do mar” das aventuras de Zagor é o Capitão Fishleg que possui a tripulação mais estranha do mundo
Já Drunky Duc é um índio que trabalha de carteiro e cria os métodos mais “revolucionários” de entrega para que possa rapidamente se dedicar a sua atividade preferida: beber. Mas o recorrente parceiro de lutas de Zagor é Guitar Jim, um simpático canalha que está sempre acompanhado de uma guitarra. Ele tem uma personalidade dúbia já que tem hora que ele age como herói e tem hora que ele age como vilão, mas sempre ao lado de Zagor.
É claro que temos outros companheiros de aventuras importantes e exóticos como os irmãos Sullivan, o ‘guru’ Ramath, o “aviador” Icaro La Plume, entre tantos outros.
Os brasileiros só vieram conhecer o “Espírito da Machadinha” quase duas décadas depois em 1978 quando Zagor #01 chegou as bancas publicada pela Editora Vecchi e mesmo assim a primeira história apresentada em nosso país correspondeu a edição 55 italiana, enquanto somente na edição 12 brasileira é que nossos conterrâneos puderam conhecer a primeira história de Zagor publicada na Itália em 1961.
A Editora Vecchi publicou as histórias de Zagor até 1983. Em 1985 a RGE/Editora Globo assumiu as publicações do herói e essas duraram até 1988. Assim como a Vecchi a RGE/Editora Globo acabou “mutilando” algumas histórias.
Em 1989 foi a vez da Editora Record assumir a publicação de Zagor e passou a lançar a revista no mesmo formato que era publicado na Itália. Diferente das editoras anteriores a Record publicou suas histórias na integra, republicando inclusive histórias que foram “reduzidas” pela Vecchi. Em 1996 a Editora Record cancela as publicações.
A Mythos Editora assumiu a publicação das histórias do personagem em 1999 e segue publicando até os dias de hoje. Na Itália as histórias de Zagor já está na edição 545. No Brasil a história publicada agora em dezembro corresponde a edição 495 originalmente publicada na Itália em 2006.
Já a minha história como leitor de Zagor começou lá por 1987 quando descobri o baú de gibis de meu pai e toda sua coleção de Fumettis. Apesar de gostar mais das histórias de Tex eu acabava lendo as histórias do Espírito da Machadinha que algumas vezes eram muito mais complexas.
No próximo artigo: nosso jovem cinqüentenário: Chico Bento.
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