Quando o Oscar se resume aos 15 minutos de fama

Clássico é Clássico segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sabendo que Oscar é o maior e mais famoso prêmio do cinema, fica até difícil imaginar a emoção sentida por um (até então) anônimo ao levar o careca dourado para casa. Veja o caso de Adrien Brody. Mas uma coisa é certa: ao lado dos pensamentos de “tive meu trabalho reconhecido” estarão aqueles do tipo “as portas finalmente se abrirão para mim”. Porém isso nem sempre se realiza… Durante os 81 anos de cerimônia (e totalizando cerca de 300 estatuetas) tivemos diversos exemplos de ilustres desconhecidos que ganharam a estatueta e tão repentinamente como surgiram, voltaram direto para o limbo cinematográfico. Hoje, então, decidi homenagear alguns desses pobres “coitados”.

Rita Moreno, melhor atriz coadjuvante por

Amor, Sublime Amor

(Jerome Robbins e Robert Wise, 1961)
A porto-riquenha Rita Moreno tinha tudo para dar certo. Com apenas 30 anos tinha acabado de faturar o Oscar e o Globo de Ouro pela sua interpretação de Anita no grandioso musical, vencedor de 10 estatuetas, Amor, Sublime Amor. E ela realmente foi consagrada… mas não pelo seu desempenho no cinema. A atriz-cantora ganhou o Tommy (o Oscar do teatro) em 1975 por The Ritz, dois Emmys (por aparições em seriados) e um Grammy. Depois ainda fez sucesso dublando a personagem Carmen Sandiego e ao interpretar a irmã Peter Marie Reimondo no seriado Oz. Mas nem todos os nomes dessa lista tiveram a sorte de fazer sucesso em outros meios, como foi o caso de…

Louise Fletcher, melhor atriz por

Um Estranho no Ninho

(Milos Forman, 1975)
Fletcher interpretou uma das vilãs mais inesquecíveis de todos os tempos no vencedor do Grand Slam, Um Estranho no Ninho. Porém sua carreira no cinema nunca decolou. Muitos dizem que foi devido a sua semelhança gritante com Ellen Burstyn (O Exorcista, Réquiem para um Sonho) como vocês podem comparar abaixo.

 Irmãs gêmeas?

Como ela mesmo disse:

Ganhar o Oscar deixa você tremendamente feliz por uma noite. Mas não espere que a ajude em sua carreira.

Timothy Hutton, melhor ator coadjuvante por

Gente como a Gente

(Robert Redford, 1980)
O primeiro filme de Robert Redford como diretor passou por dois momentos distintos: foi (politicamente) superestimado em seu lançamento, vencendo o peso pesado Touro Indomável de Scorsese, mas se vê esquecido nos dias de hoje. Assim como Timothy Hutton, cuja atuação (Neste que é um dos mais densos dramas familiares já feitos) foi forte o suficiente para não ser ofuscado pela atuação brilhante de Mary Tyler Moore (que eu arrisco dizer ter sido uma das melhores da história do cinema) e Donald Sutherland. Ainda sim a carreira do garoto (que foi o mais jovem vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante, aos 20 anos) não decolou e hoje se encontra fazendo filmes fraquíssimos por aí.

F. Murray Abraham, melhor ator por

Amadeus

(Milos Forman, 1984)
Amadeus é um filme grandioso, na melhor definição que essa palavra pode ter. Não é a toa que colocou seus dois protagonistas para disputar o Oscar de melhor ator: Tom Hulce, interpretando o louco e genial Wolfgang Amadeus Mozart, e F. Murray Abraham, na pele do talentoso e reprimido Antonio Salieri. E foi Abraham, ator consagrado dos teatros, que levou, merecidamente, o prêmio. Mas sua carreira parou por ai. Muitos dizem que devido a seus problemas com a bebida, mas ninguém sabe ao certo. Ironicamente, destino semelhante foi reservado para Hulce, depois de fazer um papel pequeno no subestimado O Tiro que não saiu pela Culatra, suas participações mais conhecidas ficaram restritas a personagens secundários de filmes como Mais estranho que a Ficção e Jumper.

Haing S. Ngor, melhor ator coadjuvante por

Os Gritos do Silêncio

(Roland Joffé, 1984)
O prêmio para Haing S. Ngor é criticado até hoje por alguns críticos. Isso porque ao lado de Harold Russell (Os Melhores Anos de Nossas Vidas), foi o único caso de um ator amador ganhar a estatueta. No papel de um sobrevivente da ditadura de Pol Pott, expôs seus verdadeiros sentimentos por ter perdido sua família durante esse regime. Chegou a atuar em um filme de Oliver Stone, mas nunca mais fez nada de expressivo. Foi assassinado em 1996 em sua garagem. Até hoje especula-se que tenha sido uma retaliação à sua oposição ao regime do Khmer Vermelho no Camboja.

Brenda Fricker, melhor atriz coadjuvante por

Meu Pé Esquerdo

(Jim Sheridan, 1989)
Outro caso de atriz pouco conhecida que aproveitou sua grande chance (ao atuar ao lado de Daniel Day-Lewis) para mostrar seu talento e faturar um Oscar. Fez uma ponta em alguns outros filmes, mas possivelmente vocês só se lembrarão dessa atriz irlandesa pela ponta em Esqueceram de Mim 2. Sim. Ela era a mulher que alimentava os pássaros no parque.

Mercedes Ruehl, melhor atriz coadjuvante por

Pescador de Ilusões

(Terry Gilliam, 1991)
Apenas dois anos após Brenda Fricker, outra atriz desconhecida (apesar de ter ganhado o Tommy um ano antes) levou a estatueta para logo depois cair no esquecimento. Mercedes foi a primeira atriz cubana a ganhar um Oscar e curiosamente teve sua estréia cinematográfica no brasileiro Dona Flor e seus Dois Maridos, filme que arrecadou a maior bilheteria da história de nosso país.

Com certeza muitos outros nomes foram, literalmente, esquecidos. Mas é assim que age a indústria cinematográfica, não importa o quão talentoso e premiado você for, um dia você pode estar no topo do mundo, para que no outro caia no abismo do esquecimento. Cabe aos fãs da sétima arte não deixarem que isso aconteça. Nem que seja assistindo as imagens eternizadas desses atores em seus clássicos: aqueles filmes que foram sua única chance de brilhar.

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