Recomendo: Como me tornei estúpido

Analfabetismo Funcional terça-feira, 27 de abril de 2010

Inicialmente quero dizer que já saiu, aqui no Bacon, uma crítica sobre esse livro, MAS considerando que já foi há mais de 2 anos, que não estou escrevendo uma crítica e que a leitura vale a pena, recomendá-lo-ei aqui na Analfabetismo Funcional.

Fazendo uma rápida análise das minhas recomendações nessa coluna, percebi que os livros indicados, em sua maioria, são curtos, quase contos. A recomendação da vez não foge à essa regra. Discordo totalmente da ideia de que livro bom é livro grande, como dizem por aí. Esse tipo de generalização, para mim, é extremamente tola. Há bons livros grandes e pequenos. Há contos de poucas páginas que superam “livros-tijolo”, da mesma forma que há livros enormes que valem cada página.

Cá estou eu, perdendo o foco novamente. Resumindo: O livro é curto, mas é bom. Chama-se Como me tornei estúpido, de Martin Page. Já é, de certa forma, famoso e reconhecido. Não hesite em comprá-lo ou pedir emprestado da próxima vez que tiver a oportunidade.

O título e a capa chamam atenção e despertam a curiosidade. A narração, da mesma forma, é bem peculiar e diferente do tradicional. Parece-me que o autor tentou resgatar o estilo de narrativa rápida e a temática do venerado Apanhador no campo de centeio de J.D. Salinger (Que, diga-se de passagem, não vejo graça). Exceto isso, não há maiores semelhanças. Enquanto a história de Salinger relata as aventuras de um adolescente rebeldezinho, Como me tornei estúpido apresenta uma crise existencial de um jovem adulto – Antoine – que é apresentado ao leitor tentando se tornar alcoólatra. E fracassa de uma forma cômica.

O fracasso é a tônica da vida do rapaz. A cada desilusão com o mundo, sua depressão aumenta. Como, então, lidar com essa situação? Tornar-se estúpido, de forma que não se importe com as adversidades da vida! Que estúpida ideia! No meio de suas tentativas bizarras de se tornar estúpido, Antoine enxerga uma possibilidade de sucesso: Matricular-se num curso de técnicas de suicídio. Lá ele descobre que a taxa de fracasso nas tentativas de suicídios são altíssimas. E por aí vai…

A curta história, ao tempo em que relata essa inusitada tentativa de se tornar estúpido, abre uma janela para o amadurecimento do protagonista. Não é só isso. O livro, na verdade, é uma crítica ácida e sarcástica à sociedade moderna, uma vez que vontade de se tornar estúpido não surge de mera rebeldia sem causa, mas sim de uma profunda insatisfação com o mundo e todas suas mazelas. Leia e terá algumas horas de diversão, informações/técnicas de suicídio (Não tentem isso em casa) e um tiquinho de reflexão.

Como me tornei estúpido (Martin Page)


Ano de Edição: 2005
Autor: Martin Page
Número de Páginas: 158
Editora: Rocco

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