Top 007 – Melhores filmes do James Bond
Muito bem, nessa altura vocês já devem ter ido ver o Skyfall, achado genial e tudo o mais. Se não, podem ir lá e achar genial, eu espero. E caso não achem, é bem provável que não tenham entendido as referências ou o que o filme representa dentro da história do James Bond. Então, pra ajudar a mudar essa situação, aí vão os filmes essenciais dentro dos 50 anos da franquia. Ou ao menos aqueles que apresentam alguma coisa além de product placements (Não consegui achar uma tradução decente pra isso, dsclp), frases de efeito e os gadgets menos práticos que a mente humana possa conceber.
7 – 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (The Man with the Golden Gun)
Ok, esse é meio controverso. E por isso mesmo, acaba sendo o retrato perfeito do período em que o Roger Moore encarnou o 007, nos sete filmes da série entre 1973 e 1985. A segunda participação dele como James Bond é uma das mais divertidas, e ao mesmo tempo a que conta com os momentos mais lamentáveis de toda a série. Mas vamos ao porquê dessa situação tão curiosa. O tal homem com a pistola de ouro é um assassino profissional chamado Scaramanga, que entre outras coisas, cobra um milhão de dólares por contrato, mata os alvos com balas de ouro e volta e meia fantasia em matar o James Bond, que considera o único adversário a altura, enquanto leva uma vida tranquila numa ilha no Mar da China. Ah, e ele interpretado por ninguém menos que Christopher Lee, com um bronzeado um tanto quanto bizarro.
Mas tudo muda quando o MI6 recebe uma bala dourada marcada com o número 007. O que faz com que o agente britânico vá atrás do Scaramanga, já que ele deve ser o próximo alvo do cara. Sabe, aquela história de o ataque ser a melhor defesa e tal. Nisso, Bond descobre que o assassino tá envolvido no roubo de uma nova tecnologia de energia solar que pode acabar com a crise energética pela qual a Inglaterra tá passando. Olha aí, o 007 se preocupando com a situação político-econômica da época, quem diria. Mesmo assim, como de costume, o enredo é algo complicado demais e relevante de menos.
Ou seja, irrelevante o suficiente inclusive pra ser ignorado. O que possibilita que aproveitemos o filme como uma grande sequência de cenas de ação bacaninhas, mescladas com alguns alívios cômicos nem tão bacaninhas assim. Por exemplo, em meio a um tiroteio ou uma perseguição de barco (Que já naquela época era recorrente), o 007 luta com um anão chamado Nick Nack, ou é salvo por duas colegiais asiáticas. E sim, é tão ruim quanto soa. Além disso, em boa parte do filme o protagonista conta com a parceria de um policial caipira do sul dos Estados Unidos, que já havia aparecido no Viva e Deixe Morrer. Mas não nos alonguemos, tudo pode ser resumido com essa única e inacreditável cena que eu me recuso a descrever, tirem suas próprias conclusões:
6 – 007 – Permissão para Matar (Licence to Kill)
15 anos a frente, temos a segunda e última participação do Timothy Dalton como 007, num dos filmes mais subestimados da franquia. Aliás, ele já tinha feito um trabalho decente no Marcado Para a Morte. Pena que o roteiro foi escrito ainda com Roger Moore em mente, o que fez com que o Dalton precisasse dizer uma frases engraçadinhas e ser simpático de vez em quando, o que claramente estava além das suas habilidades. Mas aqui, um enredo mais sombrio ajuda ele a se destacar como um Bond mais emotivo, no bom sentido. O que nem era muito difícil, visto que o Moore foi conseguindo deixar o personagem inacreditavelmente mais vazio a cada filme.
Tudo começa com o casamento de Felix Leiter, agente da CIA recorrente na série, no qual o James Bond é o padrinho. Inicio nada promissor, diga-se de passagem. Até que ele recebe a notícia de que o traficante Franz Sanchez saiu do país genérico da America Latina que controla e foi pra um país genérico da America Latina controlado pelos Estados Unidos, o que pode significar a única chance de prendê-lo. O que eles fazem, mas o cara acaba escapando uns minutos depois, matando a mulher do Felix e aleijando o próprio no processo. O que, graças a essa nova caracterização do personagem, deixa o Bond puto.
Só que parece que o MI6 não tem jurisdição na área (Grande desculpa, não?), o que faz que o 007 perca a licença para matar e passe a agir sozinho. Porque agora é pessoal, sabe como é. Mas além desse enfoque relativamente novo na série, um grau de violência muito maior e uma perseguição envolvendo vários caminhões carregados com cocaína diluída em gasolina no final, o filme funciona principalmente pela nova dinâmica que apresenta. Chega da mesma história de o 007 investigar algo, ser perseguido, escapar, se infiltrar em algum lugar, ser capturado, impedir o vilão e escapar de novo. Pela primeira vez em muitos anos, dá vontade de acompanhar o enredo. O James Bond realmente precisa se esforçar pra se aproximar do oponente, além de contar com algumas coincidências que eu não vou especificar aqui. O ponto é que tudo é surpreendentemente bem construído. Além disso, no Permissão para Matar o Q (Interpretado pelo Desmond Llewelyn, que ficou no papel de 1963 a 1999) atua quase como um sidekick do Bond, o que deixou as coisas substancialmente mais legais.
Claro, alguns exageros ainda permanecem (Quando eu digo exageros, são exageros pro padrão da série, não o que seria comumente classificado como exagero no restante da sétima arte), como o vilão matar pessoas jogando-as numa gaveta cheia de vermes comedores de carne, ou acorrentar alguém num tanque de tubarões (Coisa que deve vir no kit básico de todo supervilão). Mas pensando bem, os cartéis costuma fazer coisas parecidas, então dá pra aceitar de boa.
5 – 007 Contra GoldenEye (GoldenEye)
Mesmo assim, o filme foi um fracasso e o Timothy Dalton não quis retornar pro papel, o que fez com que o próximo 007 fosse lançado somente seis anos depois, com o Pierce Brosnan como protagonista. E a mudança deu muito certo, de novo. Com um ator mais carismático, o GoldenEye conseguiu uma balanço bem interessante no clima. Sendo o primeiro filme depois da queda da União Soviética (E paradoxalmente o primeiro a ser filmado na Rússia), também é o primeiro que sugere que o Bond já esteja ultrapassado e tudo o mais. Mas o destaque são os personagens, todos surpreendentemente muito bons. Desde a nova M, interpretada pela Judi Dench, Jack Wade, o amigão da CIA da vez, até o alívio cômico Zukovsky, um ex-agente da KGB que agora atua como gangster e ajuda o 007 a contragosto. Mas principalmente, a Famke Janssen como a vilã Xenia Onatopp, que está absolutamente SENSACIONAL, em todos os sentidos.
Sobre o enredo, o velho plano de dominação mundial (Ou de ganhar muito dinheiro, dá quase no mesmo) volta, mas com algo a mais. O clima mais intimista do filme anterior retorna, com um vilão vindo do passado já conhecido do protagonista. O que acaba provocando uns conflitos emocionais razoáveis, mas nada que se destaque muito.
4 – 007 – O Espião Que Me Amava (The Spy Who Loved Me)
Digamos que esse seja o filme mais “sério” do Roger Moore. Não que isso seja muito difícil, claro. Mas ele consegue ser o mais próximo de um filme de espionagem que o 007 teve em muitos anos. A história inicia com o desaparecimento de dois submarinos nucleares, um russo e um britânico. O James Bond é mandado pra investigar, e acaba cruzando (Duplo sentido não intencional) com a agente russa Anya Amasova (Barbara Bach, outra das melhores Bond Girls da história). Os dois começam trabalhando em lados opostos, mas inevitavelmente se envolvem e blá, blá, blá. O fato é que a dinâmica entre eles é muito boa, mesmo que a trilha sonora dê uma forçada de vez em quando. Além disso, o filme empolga e a história flui de boa. Ou seja, nada de muito ruim acontece no meio. Tirando o objetivo do vilão Karl Stromberg, que é destruir o mundo pra construir uma nova sociedade embaixo d’água. E o capanga mais ambíguo de todos os tempos, Jaws, um gigante superforte com dentes de metal. Que aqui até funciona bem, mas retornaria no futuro da série pra destruir tudo.
3 – 007 – Operação Skyfall (Skyfall)
Pois é, pois é, o Skyfall é um dos melhores 007s de todos os tempos sim. E digo mais, foi o passo decisivo pra que a franquia possa resistir outros 50 anos. Desde os 70, os realizadores vinham demonstrando dificuldade em encaixar cada novo 007 na época em questão. A coisa sempre ficava na iminência de ser muito antiquada, ou descaracterizar demais o personagem. Mas aqui eles conseguiram, a essência do James Bond foi mantida. Finalmente, ficou claro que o roteiro não precisa seguir as regras da série pra funcionar. Assim, outras coisas mais específicas, como supervilão clássico, ainda podem dar muito certo. Apesar de o Silva ser meio que uma versão do Coringa, prevendo o futuro e tudo mais, mas beleza.
O que importa é que os conflitos do filme tem o peso necessário, principalmente na questão principal do velho contra o novo. Em especial na parte em que Bond recupera o Aston Martin e “vai para o passado”, que funciona tão bem dentro do filme como relacionado a franquia em si. E o filme tem vários desses momentos autorreferenciais bacanas. Sem contar as grandes cenas de ação, como a sequência inicial no trem e a luta em Xangai. Além da atuação de todo o elenco, que ajudou na substituição menos traumática de alguns personagens clássicos.
Tudo bem, o Skyfall meio que acabou anulando o Cassino Royale (Que continua sendo um grande filme), levando o protagonista pra outra nova direção. Mas falta de continuidade é tão frequente nos 007s que pode até ser considerada uma das características clássicas da série, heh.
2 – 007 Contra o Satânico Dr. No (Dr. No)
Eis onde tudo começou. Se o Skyfall funciona tão bem, é por que os primeiros filmes abriram caminho pra isso lá atrás. Só que se vocês forem assistir o Dr. No esperando encontrar todos os elementos clássicos, podem sair meio decepcionados. Ele é um filme mais contido, ao menos relativamente. Sem tantos gadgets ou um roteiro tão mirabolante assim. Mas claro, já temos armadilhas incrivelmente elaboradas e cenários exóticos. E principalmente, temos Sean Connery, que simplesmente É o 007.
O filme inicia com um agente britânico sendo morto na Jamaica, o que leva o Bond a investigar. Lá, ele descobre uma ilha particular altamente protegida por um tal de Dr. No. Vilão que já inicia a tradição/pré-requisito de ter alguma peculiaridade física. No caso, mãos de metal. Mas, diferentemente dos seus sucessores, ele não tinha um objetivo que imediatamente o qualificaria pra uma estadia permanente num hospício. Ele queria provocar uma guerra nuclear, claro, mas quem não queria naquela época? E ia fazê-lo apenas explodindo um ônibus espacial americano que ia pra Lua. É tão simples que dá até pra torcer por ele. Não fosse pela Honey Ryder do outro lado, primeira e possivelmente melhor Bond Girl até hoje, cuja cena saindo do mar também pode muito bem também ser a mais clássica de toda a série.
1 – Moscou Contra 007 (From Russia with Love)
Não tem discussão, esse é O filme do 007. Já na primeira sequência, os realizadores chegaram ao tom exato da franquia, antes de tudo começar a desmoronar lentamente. É nesse filme que a SPECTRE, organização terrorista incrivelmente desperdiçada nos seguintes, é melhor utilizada. O chefe da organização, Ernst Stavro Blofeld, aparece aqui pela primeira vez. Ao menos de costas, sentado na cadeira e acariciando seu gato, como seria parodiado inúmeras vezes. Mas diferentemente do que veríamos depois, quando a SPECTRE se limitava a roubar alguma coisa e pedir dinheiro em troca, aqui a dominação mundial é o minimo que se espera.
Saca só a complexidade desse plano: A SPECTRE quer por as mãos numa Lektor, maquina russa que quebra códigos. Pra isso, eles usam a ex-comandante soviética Rosa Klebb, que traiu a pátria e agora faz parte da organização. Como a traição dela foi mantida em segredo pela Rússia, ela usa a autoridade pra convencer a agente Tatiana Romanova a armar uma armadilha pro James Bond, em nome da pátria. Tudo pra aproveitar e se vingar da morte do Dr. No, no filme anterior. A ideia é que Romanova mande uma mensagem pro MI6 dizendo que se apaixonou pelo 007 depois de ver uma foto do agente, e que está disposta a deserdar levando a Lektor, caso o Bond a transporte em segurança pra Inglaterra. E então, no meio do caminho, a SPECTRE mata os dois e leva a máquina. Algo totalmente imbecil, claro. Mas funciona porque ninguém leva isso a sério. Desde o inicio fica claro que é uma armadilha, mas o Bond vai mesmo assim por causa da chance de conseguir a máquina.
Esse clima, aliado a presença muito pertinente da tensão da Guerra Fria, criou uma atmosfera que só veio se repetir no Skyfall. Outro trunfo vem através de um dos bandidos, Grant. Que aqui não é mandado pra matar o Bond, mas pra protegê-lo até que ele cumpra a missão. E depois, matá-lo. Só que o mais legal é que, além de salvar a vida do protagonista em mais de uma vez, Grant é apresentado como um capanga comum, sem falas, que sofreu uma lavagem cerebral da SPECTRE. Mas, quando finalmente encontra o 007, ele se prova um dos vilões mais carismáticos da série. E um dos únicos a altura do Bond, já que consegue se passar por um amigo. Sem contar que os diálogos entre os dois são muito bons, deixando sutilmente transparecer o ódio que Grant sente pela classe, arrogância e tudo que o agente representa. O aliado do 007 na Turquia, Kerim Bey, também merece destaque, sendo novamente um dos mais carismáticos da franquia. O restante dos vilões são um tanto quanto caricatos (Quem diria), mas isso até dá um charme a mais pro filme.
Outra coisa bacana nessa época era que a sensação de continuidade apresentada nos filmes, parecia que a coisa realmente chegaria a algum lugar. A SPECTRE se revelava aos poucos, crescendo lentamente, com a promessa de um grande conflito ou uma revelação sem precedente nos próximos filmes. Expectativa que só se manteve até o Goldfinger, provavelmente. Que aliás, injustamente, não entrou na lista, então fica aqui a menção honrosa. Depois disso, a SPECTRE foi se tornando cada vez mais imbecil, até que os produtores perderam os direitos do nome da organização e mataram o Blofeld de um jeito mais imbecil ainda.
Mas falemos disso mais pra frente, ao elencarmos os piores filmes do James Bond, provavelmente ainda em algum momento de 2012.
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