“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 100 – 96

Cinema segunda-feira, 30 de novembro de 2009

100) Tropa de Elite

(José Padilha, 2007)

Pedro: Se Tropa de Elite fosse um filme americano ele muito provavelmente passaria batido pelas terras brasileiras: seria somente mais um (ótimo) filme de ação. Porém este é um dos casos em que a estrutura transforma uma obra em algo muito maior: Tropa de Elite se tornou um fenômeno de proporções colossais. Capitão Nascimento (Wagner Moura) se tornou um ícone e milhares de expressões foram incorporadas ao vocabulário de todos os brasileiros

Uiara: O cinéfilo. O mendigo. O playboy. O traficante. Classe A. Classe B. Classe J. O nerd. O porra-louca. O padeiro. O William Bonner. Sua mãe. Qualquer brasileiro sabe citar ao menos 1 frase desse filme. Raramente isso acontece com o cinema nacional, convenhamos. É também dos poucos que adquiriram sucesso na telona mesmo depois da onda de pirataria que o tornou famoso. A história é original para a terra tupiniquim por ser a primeira vez que vemos a questão do tóchico pelo lado da polícia e que no fim das contas divide a culpa do tráfico (e da violência, consequentemente) da forma certa: ninguém é santo e todos são vítimas.

Veredito Final:
Uiara diz:
eu simplesmente me recuso a acreditar que alguém não tenha assistido a esse filme
PA diz:
Filmaço de ação; com contexto social; sem maniqueísmo hollywoodiano; com as frases e o protagonista mais marcante que o cinema nacional já produziu em muito tempo, e justamente: você deve assistir pra deixar de ser a única pessoa que ainda não assistiu

99) Sem Destino

(Dennis Hopper, 1969)

Pedro: Easy Rider (no original) foi um marco na história da sociedade americana. A história dos motoqueiros “filhos da liberdade” (Peter Fonda e Dennis Hopper) ao som de Born to be Wild anunciava que era uma época de mudanças. Há de se ressaltar que o lançamento do filme se deu entre os eventos de 1968 e Woodstock (que aconteceu um mês depois da estréia), tornando modelo para milhões de jovens no mundo todo. Não bastasse essa importância histórica, foi a obra que acendeu os holofotes para um homem até então pouco conhecido: Jack Nicholson.

Uiara: Por conta de algumas cenas mal focadas, ou mesmo cortadas, a primeira impressão que tive desse filme foi “quem foi o bêbado que dirigiu esse filme?”. Depois, lendo sobre ele, é que descobri que de fato eram pessoas aleatórias (hippies e curiosos que assistiam as filmagens) que seguraram a câmera a maior parte do tempo. Em uma cena em que aparecem os dois protagonistas (Peter Fonda e Dennis Hopper) com o personagem do Jack Nicholson falando de óvnis, os caras estão mesmo fumando um beck. O roteiro não foi finalizado antes do início das filmagens, o que dava muita abertura pra fazer qualquer coisa, basicamente.

Veredito Final:
Uiara diz:
é quase um documentário ensaiado. Ou nem tão ensaiado às vezes. Me encanta o fato que quase não tinha profissionais envolvidos na filmagem, o que deixa tudo torto e mais interessante
PA diz:
Obrigatório para qualquer um que quer deixar de ser tanga: Born to be wild sobre motos; diálogos sobre a liberdade e um amadorismo proposital que dá um tom único ao filme
Uiara diz:
não só Born to be wild. A trilha sonora inteira é excelente e te faz ter vontade de catar uma moto e sair por aí
se bem que eu prefiria um carro, mas isso não vem ao caso

PA diz:
E reza a lenda que a cena do cemitério foi roubada de algum filme do Fellini
huehuehueh quer dizer que você é fã de Crossroads? decepção

Uiara diz:
não, só não sou chegada em motos mesmo
PA diz:
é… realmente não é sua cara ser fã da Britney
Uiara diz:
Britney é música pra se arrumar pra sair
PA diz:
argh… música pra se arrumar pra sair é rock clássico e pesado
acabei de descobrir que Easy Rider é um bom filme pra se preparar pra sair

Uiara diz:
você não tem peitos nem maquiagem pra arrumar. Britney dá mais ânimo nessa parte

98) Conduzindo Miss Daisy

(Bruce Beresford, 1989)

Pedro: O motivo para esse filme estar no nosso Top 100 é no mínimo insólito: o filme que mais perto chegou de fazer esse que vos escreve de derramar lágrimas igual a uma menina moça. E não é por menos, a história de amizade entre uma rica velhinha (Jessica Tandy, que se tornou a mais idosa vencedora do Oscar, com 80 anos de idade) e seu motorista (Morgan Freeman) é uma das mais emocionantes da história do cinema. Ainda assim, foi um filme que gerou polêmica ao vencer o Oscar de melhor filme em cima dos favoritos Meu Pé Esquerdo, Nascido em 4 de Julho e A Sociedade dos Poetas Mortos. Mas isso não reduz em nada o brilho do filme – e não é a toa que é o único dos citados que ganhou um lugar no Top 100.

Uiara: Pra começar, devo dizer que o principal motivo de entrada desse filme no Top 100 é que é o único que fez nosso querido escritor do Clássico é Clássico quase lacrimejar. Ainda não sei em que parte, mas isso não importa. Conduzindo Miss Daisy é um filme simpático, mesmo tendo uma protagonista ranzinza. As gargalhadas do chofer negro, pobre, corintiano, maloqueiro e sofredor, e semi-analfabeto sob tanta dificuldade nos faz lembrar que a vida nem é tão difícil assim se você aprender a rir da desgraça. E todo aquele papo espiritual.

Veredito Final:
PA diz:
COMO ASSIM VC NÃO SABE EM QUE PARTE DO FILME EU QUASE CHOREI? O final, é óbvio
Uiara diz:
o que tem de chorável no final?
PA diz:
a parte da torta
Uiara diz:
ehr… ok
PA diz:
sua sem coração
Uiara diz:
eu já disse que não leva muito pra eu chorar num filme, mas nesse… sem condição
é um filme tão alegrinho
o cara lá é contente, mesmo sendo tão lascado

PA diz:
e a música é mó legal
mas aqueles momentos finais em que o Dan Aykroyd chega em casa me deixou sem defesas
e culminou com o final
se aquela cena demorasse mais dois minutos eu de fato ia chorar

Uiara diz:
me lembre de assistir esse filme com você um dia, pra rir da sua cara
obrigada

PA diz:
bah

97) Roma, Cidade Aberta

(Roberto Rossellini, 1945)

Pedro: Primeiro dos hiperclássicos a aparecer na lista (será que todos vão aparecer?), o filme em questão, além de ter a importância histórica de iniciar o movimento do neo realismo italiano, conta com algumas das cenas mais marcantes que já passaram por uma tela de cinema. Escrito pelo lendário Federico Fellini, a obra filmada nas ruas da Itália semanas após o fim da guerra excede sua natureza ficcional e ganha um caráter de natureza quase documental ao mostrar a destruição que a guerra causou ao país europeu. Menção merecidíssima.

Uiara: Tenho que confessar que acho o filme meio sonolento até certo ponto, mas é difícil não embarcar nas preocupações de todo mundo que quer poupar o Manfredi das mãos da Gestapo. Rossellini teve uma coragem invejável pra rodar esse filme em 45, quando o mundo ainda tinha cheiro de guerra, resultando numa grande obra do neo-realismo italiano.

Veredito Final:
PA diz:
o filme é meio arrastado mesmo… mas tem umas cenas chaves que são épicas
PA diz:
aquela do caminhão e a última cena, por exemplo… agora imagina se o Fellini além de escrever também dirigisse? E colocasse aquelas viagens típicas dele?
Uiara diz:
eu recomendo assistir em duas sessões. Desse jeito dá pra entender melhor essas cenas chaves sem dormir

96) Top Gang – Ases Muito Loucos

(Jim Abrahams, 1991)

Pedro: Uma das coisas que eu mais gostei na elaboração dessa lista, foi colocar um filme “tosco” como Top Gang imediatamente na frente de um hiperclássico. E não foi apenas para provocar polêmica não – o filme tem seus (muitos) méritos. Primeiro por revelar o talento cômico de dois atores que quase 15 anos depois protagonizariam um dos seriados humorístico mais assistidos do mundo – Charlie Sheen e Jon Cryer do Two and a Half Men, depois por (junto com sua continuação) representar o fim da Era de Ouro dos filmes paródias (iniciada pelo glorioso Mel Brooks) e por fim, e não menos importante, por ser um dos filmes com mais piadas já criado. E não só em quantidade, mas também em qualidade. Menção honrosa pro hilário Lloyd Bridges (no papel de Thomas “Tug” Benson), que rouba a cena sempre que aparece.

Uiara: Que “Todo mundo em pânico” que nada… Paródia realmente engraçada é Top Gang. Tomei um susto quando vi esse nome figurando nas indicações do Vassourada, mas realmente não tinha como deixar em branco o Charlie Sheen como Topper Harley. É um besteirol sem fim, mas como se propõe a isso mesmo, agrada. Clássico sumido da Sessão da Tarde. E das locadoras, devo dizer.

Veredito Final:
PA diz:
Dificilmente vão conseguir fazer um filme com tanta piada quanto Top Gang. Dificilmente fica mais de 30 segundos sem ter uma piada. Seja visual ou não. Fora que quase sempre nas cenas “sérias” têm alguma piada acontecendo no plano de fundo.
É o tipo do filme que eu recomendo que se assista com algum amigo que ria de tudo.

Uiara diz:
ou com algum amigo que não ria de nada, pra ver se ele resiste
É um filme com piadas muito, mas MUITO idiotas, mas que nem te dá peso na consciência por rir
Porque é engraçado mesmo

PA diz:
Nata da sessão da tarde
Uiara diz:
que foi embora junto com De volta para o futuro, os Goonies e outros que salvavam… pra dar lugar a High School Musical, que passa toda semana
eu devo estar ficando velha mesmo

PA diz:
Como a sociedade pretende formar uma geração melhor se tira esses filmes da sessão da tarde?
A maioria deles foi formador de caráter de muita gente.
Enquanto o Cinema em Casa era justamente ao contrário. Mas também tinha seu valor.

Uiara diz:
Cinema em casa também tinha filmes bons. Eu não lembro de nenhum agora, mas sei que tinha
PA diz:
Tinha peitos! no meio da tarde
ou filmes de horror trash

Uiara diz:
eu nunca fui lá muito chegada em peitos, mas assistia por algum motivo

Este texto faz parte de um TOP 100. Veja o índice aqui.

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