100 Balas (Vertigo)
Zé da Silva tem uma vida boa: um bom emprego, uma esposa que o ama, filhos adoráveis e perfeitos, enfim, uma vida de comercial de margarina. Um dia, ao chegar na sua casa própria em seu carrinho popular financiado, encontra o corpo da esposa pendurado no lustre e os filhos despedaçados pela casa. O assassino, seu vizinho, olha pra você e começa a rir descontroladamente no meio da sala. Você liga pra polícia, o cara é preso, julgado e declarado inocente. Mas, independente do que aconteceu durante o julgamento ou do veredito do juiz, só há uma coisa em sua mente: VINGANÇA!!
Então, certo dia, Zé está amargurado em sua casa, virando uma garrafa de whisky, quando batem à porta. Ao atender, um cara de terno, que se apresenta como “Agente Graves”, lhe dá a chance de se vingar do seu vizinho sem consequência nenhuma. O que você faria, leitor, se você fosse o Zé da Silva e tal poder lhe fosse oferecido?
O roteiro de 100 Balas se baseia nas chances que as pessoas teriam de consertar os erros da justiça pela vingança. No momento certo da história, o Agente Graves aparece, oferecendo a chance de consertar as coisas, oferecendo uma maleta com uma pistola, 100 balas, a foto de uma pessoa e evidências irrefutáveis da culpa do criminoso. Também informa o indivíduo de que aquelas balas são irrastreáveis: qualquer investigação policial que encontrar um corpo morto com tais balas ignorará ou fechará o caso. E, independente de você aceitar ou não a missão, não haverão sanções ou benefícios.
Muitas pessoas declinaram do convite. São pouquíssimas aquelas que aceitam o fardo.
Graves era o líder de um grupo conhecido como “The Minutemen”. Apesar de ter alguma relação com os franco-atiradores civis da Revolução Americana, o grupo de Graves também se compunha de assassinos e agentes que trabalhavam para uma sombria organização conhecida como “O Monopólio”. Esta era formada originalmente por chefes de 13 poderosas famílias aristocratas européias, que fizeram uma oferta aos reis da Europa de abandonar o “Velho Mundo”, onde tinham poder e posses, em troca da autonomia completa do “Novo Mundo”. Quando a Inglaterra ignorou a proposta e colonizou a Ilha Roanoke no final do Séc. XVI, os Minutemen surgiram. Os Minutemen originais, sete perversos matadores, mataram todos na colônia e deixaram para trás a mensagem “Croatoa” como um aviso. Desde então, o cargo dos Minutemen tem sido o de proteger as 13 famílias do Monopólio de ameaças externas e internas. Os Minutemen foram traídos pelo Monopólio e debandaram depois que Graves se recusou a reencenar “o maior crime da humanidade”. Alguns dos ex membros dos Minutemen sofreram lavagem cerebral para sua própria proteção, e foram viver vidas normais.
Muitos daqueles que recebem a chance de se vingar são antigos Minutemen ou pessoas que sofreram por causa do Monopólio ou seus agentes. Confiando na sorte e na importância do “experimento”, Graves tenta tirar Minutemen de suas “aposentadorias” e recrutar novos membros no decorrer da série.
Apesar de possuir uma idéia interessantíssima, 100 Balas tem um problema sério: não devia ter se tornado uma série de quadrinhos. Apesar de original, o roteiro tem um raio de variações muito limitado, fazendo a série tornar-se maçante com o passar do tempo. A arte e o desenrolar das ações é ótima, além de criticar a eficácia da justiça no mundo. Afinal, se lhe fosse dada a chance, você não iria em pessoa eliminar os males do mundo? Eu iria.
100 Balas
100 Bullets
Lançamento: 1999
Arte: Eduardo Risso e Dave Johnson
Roteiro: Brian Azzarello
Editora:DC Comics
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