O que dizer de um filme que já começa tocando AC/DC? A resenha poderia parar por aqui.
Já era tempo de a Marvel chutar bundas e começar a produzir seus filmes. NINGUÉM aguentava mais ver filmes como Motoqueiro Fantasma, Demolidor e afins, NINGUÉM. Era como se o Uwe Boll estivesse por trás de todos os filmes da Marvel. Nesse tempo todo, o que aconteceu? Homem Aranha bombou, e… só. O restante ficou de meia-boca a RUIM PRA CARÍI. Até ontem.
Tony Stark (Robert Downey Jr.) é um gênio das armas. O cara e seus parceiros Obadiah Stane (Jeff Bridges) e James “Jim” Rhodes (Terrence Howard) contribuem em grande estilo á destruição mundial com seus mísseis e bombas de última geração. Em uma das apresentações de seus produtos para clientes, o cara é sequestrado e é obrigado a fabricar o míssil Jerico, uma obra-de-arte, em uma… caverna. Com a ajuda de outro prisioneiro, Yinsen (Shaun Toub), o cara constrói a única chance de escapar dali vivo: Uma armadura. Uma PUTA armadura. E ele consegue escapar vivo.
De volta aos EUA, o cara acaba sendo afastado se sua própria empresa por falar á imprensa que vai parar de fabricar/vender armas. Vendo-se sozinho, tendo apenas sua secretária Virginia “Pepper” Potts (Gwyneth Paltrow), Stark começa a “atualizar” a armadura que havia feito para escapar dos terroristas. Em meio de testes hilariantes, surge o Homem de Ferro – ainda sem o nome, é claro. E não demora muito pra Stark descobrir quem e o que estava por trás de seu sequestro.
Tony Stark não faz o tipo de Super-Herói
EFEITOS VISUAIS / SONOROS
Eu diria que, talvez apenas os efeitos visuais, sofreram um “upgrade” durante o filme. Você percebe que as explosões na primeira ação do Homem de Ferro, em sua fuga, são ligeiramente… infelizes. Daí pra frente é sensacional, extremamente realista. É claro, dentro de um universo de FICÇÃO. Noobs.
ENREDO
98,1% dos nossos leitores, pelo menos, previam antes da hora que o filme seria só ação e NADA de história. Leido engano, aqui você se depara com a MELHOR história de todos os filmes da Marvel. Completamente detalhada, sem nenhum furo e nada corrido. Perfeito.
PERSONAGENS
Robert Downey Jr. roubou a cena. O cara só faltou entrar em um gibi para representar Tony Stark perfeitamente. Terrence Howard e Jeff Bridges dispensam comentários, os dois são e foram excelentes. Já Gwyneth Paltrow se mostrou meio perdida em alguns trechos, mas também fez o dever de casa. De resto, nenhuma atuação “descartável”. Elenco DE PRIMEIRA.
EASTER-EGGS
Fique atento á cada cena do filme, algumas surpresas aparecem a cada momento (STAN LEE VIBRATIONS). Sim, há uma cena após os créditos finais do filme e, ao contrário de alguns sites por aí, eu NÃO vou dizer o que acontece. Se vira. Eu esperei, então espere também.
EXPECTATIVA BLOCKBUSTERIANA PóS HOMEM DE FERRO
Na boa? Talvez Batman – O Cavaleiro das Trevas seja o único com CULHÕES para bater este filme. Tá certo que todos os vídeos exibidos de Homem de Ferro antes de sua estréia enganaram-nos perfeitamente á ponto de muitos chegarem a conclusão de que o filme não teria história alguma, ENTÃO… aumente suas expectativas com O Incrível Hulk. Então, eu diria que, mesmo que este seja apenas o começo do ano, Homem de Ferro já está no topo. E vai ser difícil algum outro filme chegar lá.
Elenco de primeira. DE PRIMEIRA!
É isso. Taí um filme TOTALMENTE acima das expectativas. O primeiro filme que eu vejo em sua estréia. E você, por que não viu ainda?
Homem de Ferro
Iron Man (126 minutos – Aventura / Ação) Lançamento: EUA, 2008 Direção: Jon Favreau Roteiro: Mark Fergus, Hawk Ostby, Art Marcum, Matt Holloway Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Terrence Howard, Jeff Bridges, Jon Favreau, Leslie Bibb, Shaun Toub, Faran Tahir, Sayed Badreya, Bill Smitrovich, Clark Gregg, Tim Guinee, Will Lyman, Stan Lee
Vocês, doninhas jogadoras enfurecidas que acompanham essa coluna semanal, já devem ter notado á essa altura que eu não costumo fazer reviews neste espaço. Prefiro sempre falar de reflexões particulares a respeito da experiência trazida pelos games, vida de gamer, mulheres nos jogos, sexo nos jogos, essas coisas. Porém costumo abrir exceção a esta regra para apresentar alguns jogos, quando estes são realmente excepcionais.
É o caso de hoje. Não farei uma resenha, no sentido de avaliar o jogo, mas gostaria de trazer á sua atenção:
The World Ends With You
É um jogo para o Nintendo DS. E, em meio á caralhada de jogos imbecis, retardados, débeis mentais e para mulherzinha lançados para o portátil, fica fácil um jogo como esse se destacar.
Não, falando sério agora: é tanto jogo RUIM que sai pro Nintendo DS e pro Wii que eu estou quase pegando raiva dos dois consoles ultimamente. É lógico que eu evito qualquer jogo que me pareça mesmo levemente colorido demais ou com muitos tons de rosa, mas só de ver tanta merda sendo lançada todo dia você começa a pensar que a Nintendo deveria avaliar e licenciar todos os jogos lançados para seus dois consoles. Porra, um mínimo de controle de qualidade, pelamor. Ou vai me dizer que alguém realmente joga isso:
Só pode ser zoação
Não adianta ter uma biblioteca enorme, composta só por jogos ruins. Mirem-se no Dreamcast, porra. Mas ok, isso é tema pra outra coluna. Continuemos com esse jogo espetacular da Square Enix:
A primeira coisa que me chamou muito a atenção foi a história sem mimimi. Seu personagem já começa entrando numa baita roubada, do nada, e o jogo nem se incomoda em te explicar exatamente o que tá rolando. A história vai se desenvolvendo freneticamente, um tutorialzinho aqui, outro ali, e quando você vê cê já tá botando os dois personagens em batalhas e correndo de um lado pro outro em Shibuya, um “bairro” real da cidade de Tóquio, no Japão.
E o mais legal é que parece que o jogo captou mesmo a vibe do lugar real. Cê começa o jogo nesse cruzamento aí de cima, inclusive. Porra isso faz toda diferença num jogo. Nada daquela bullshit medieval e manjada; um jogo ambientado no mundo real.
Mas claro, não tão “real” assim, senão não teria graça nenhuma. Porque ao mesmo tempo o jogo é bem lôco. O enredo demora pra se desdobrar, mas é interessante o modo como acontece, de um jeito meio “Lost”: você vai descobrindo um pouquinho da história ao mesmo tempo em que descobre sobre o passado e as motivações dos personagens.
Nenhum dos personagens é muito herói, inclusive. Acho isso do caralho. Na vida real ninguém é totalmente bom ou ruim; as pessoas seguem suas motivações e desejos, e não tentam ajudar ou foder com os outros só porque são “boas” ou “más”. E esse caráter dual de cada pessoa foi muito bem explorado no jogo.
Falando nisso, basicamente todos os conceitos tradicionais de um RPG são subvertidos em The World Ends With You. Você não vai lidar com armaduras ou equipamentos de proteção: você vai entrar em lojas e escolher roupas de grife. Você não tem armas ou magias: você tem “pins” diferenciados, aqueles buttons de prender em camiseta. Muito doido né?
Outro lance que me surpreendeu foi o modo de desenvolvimento dos personagens. Normalmente em qualquer Final Fantasy da vida, quanto maior seu level mais poderoso você fica. Isso cria o problema do level-grinding nos rpgs, aqueles momentos onde você pára de seguir a história pra só combater e passar de level. Isso é xarope. Em The World Ends With You, você continua lidando com XP e level-ups, mas aqui você é recompensado por manter seu level BAIXO. Olha só: você acumula XP e vai passando de level, mas você pode diminuir o seu level de novo a qualquer momento do jogo. E pra que você vai querer fazer isso? Porque quanto menor o seu level, mais difíceis as batalhas e mais recompensas você vai ganhar. O jogo coloca o nível de dificuldade totalmente nas suas mãos. Isso se chama fucking respeito pelo jogador.
Falar um pouco do sistema de batalha, vê o vídeo aí:
Cês sacaram o que acabaram de assistir? Esse é o sistema de batalha do jogo, onde você luta em duas telas ao mesmo tempo. Tesão, hein? Você controla o personagem principal com a stylus na tela de baixo e, ao mesmo tempo, controla o personagem na tela de cima com o direcional. E, claro, dependendo da sincronia dos golpes, e as magias e combos que você realizar, você ganha o direito de um hiper combo vitaminado em alguns momentos, que une os dois personagens em uma porradaria só na tela. O lance todo é bem caótico e cê vai levar um tempão pra aprender o esquema de combate. Exatamente como todo hardcore gamer gosta.
Esqueci da estética e boniteza do jogo. Muito, MUITO bom. Estilo próprio de jogo e desenho, visual totalmente urbano, grafittis abundantes pelo cenário. Contemporâneo mesmo, e muito agradável aos olhos. E tudo isso dentro das limitações do DS. Dá gosto de ver como criatividade sempre dribla limitação técnica. Esse jogo me trouxe lembranças vívidas de Jet Grind Radio, pra quem é da velha guarda aí.
Definitivamente um jogo pra hardcore gamer. Respeita o jogador e deixa você moldar a experiência no seu ritmo, de acordo com a sua vontade. Porra, eu já falei que o jogo te recompensa até por você NÃO jogar? Então, se você ficar tipo um dia sem jogar, quando você voltar ganha uns pontinhos lá, pra desenvolver o nível dos seus pins. Mas se você ficar uns três dias sem jogar, já não ganha mais nada. Pra mim funcionou como um “larga do jogo e vai fazer outras coisas mais legais, cara. Mas amanhã volta aqui pra jogar de novo”. Você sabe que um jogo é bom quando ele te controla mesmo quando você não tá jogando. Espetacular.
É o tipo de jogo que mantém a gente ligado em vídeo-games, e sempre esperando pelo que ainda vem por aí. Ponto para a Square Enix, sempre conseguindo inovar num gênero já tão explorado como os rpgs. Ponto para o DS, que CONTINUA tendo as suas duas telas cada vez melhor exploradas pelos desenvolvedores. E ponto para os hardcore gamers, que têm mais uma belíssima opção de jogo e mais um motivo fortíssimo para adquirir um Nintendo DS.