Os personagens de Watchmen
Você provavelmente não sabe, mas a comunidade nerd anda em polvorosa. Não, (infelizmente) não foram anunciados ensaios sensuais de Megan Fox, Scarlett Johansson ou qualquer outra musa nerd. Se esse fosse o caso, estaríamos impermeabilizando nossos computadores, e não só agitados. Porém, qual a causa de tanta comoção? O que fez com que os nerds deixassem seus antros e interagissem pessoalmente com outros humanos? O fim da Internet? Um vírus irremovível? Distribuição gratuita de Playboys para pessoas com QI acima de 120? Nada disso. Trata-se de uma adaptação de uma HQ pro cinema.
Já terminou de me xingar? Eu sei, você pensa que não precisa de tanto suspense em cima de mais uma adaptação de uma HQ pro cinema. Afinal, já adaptaram Batman, Homem de Ferro, X-Men e mil outras HQs para cinema. O que essa tem de tão especial?
O fato de ser “simplesmente” Watchmen. Considerada a opus magnum das HQs pelos super-nerds, Watchmen também é dita impossível de ser adaptada para cinema, TV ou teatrinho de fantoches de meia. Devido à grande complexidade e profundidade da trama, que você logo vai conhecer, é quase humanamente impossível espremê-la nas mais ou menos duas horas que um filme costuma durar. Felizmente, sempre existirão loucos como Zach Snyder, que não dão a mínima pro que os nerds pensam. E, então, se jogam de cabeça no projeto, só abrindo possibilidades para dois resultados: uma obra-prima da sétima arte ou mais um monte de bosta excretado por Hollywood.
Porém, para evitar que você seja moral e intelectualmente massacrado por uma horda de nerds fantasiados de Rorschach (e, portanto, mantenha alguma dignidade), resolvi gastar um pouco do meu tempo fazendo um resumo sobre a obra que inspirou um dos filmes mais aguardados de 2009.
Agora, vou apresentar a galerinha do barulho que vai botar pra quebrar numa aventura que nem Deus acredita e o conceito por trás da criação deles.
Em Watchmen, a intenção de Alan Moore era de criar quatro ou cinco modos opostos de ver o mundo, e dar aos leitores a chance de escolher qual deles era mais moralmente compreensível/aceitável. Moore não acreditava na noção de simplesmente enfiar lições de moral pelas gargantas dos leitores e, então, tentou mostrar os heróis por dois lados: o “bom moço” cheio de ideais que todos querem ver (ex: Super Homem, Capitão América) e aqueles mais parecidos com a vida real (ex: Batman, Lobo).
Moore disse que:
O que queríamos fazer é mostrar essas pessoas com suas falhas e tudo o mais. Mostrar que mesmo o pior deles tinha algo de bom, e que mesmo os melhores possuíam seu lado negro.
E agora, entrando na passarela:
Comediante/Edward Blake
Apesar de já estar comendo capim pela raiz no começo da história, o Comediante (ou, no caso, a sua morte) é o gerador de tudo. Entretanto, apesar do status de defunto, somos capazes de definir sua personalidade durante a história, por meio de flashbacks e comentários dos personagens vivos. Ele é descrito como impiedoso, cínico e niilista. Além do Dr. Manhattan, é o único herói que trabalha para o governo depois da Lei Keene.
Habilidades: grande força, habilidade de luta, expert no manejo de praticamente qualquer tipo de armamento.
Dr. Manhattan/Jon Oisterman
Um cara azul que costuma andar pelado e trabalha pro governo dos EUA. O cientista Jon Oisterman foi acidentalmente trancado em uma câmara de testes durante um experimento de física nuclear, onde foi completamente desintegrado. Ao invés de morrer, Oisterman ganha vastos poderes, o primeiro dos quais a restituição do próprio corpo. Depois do acidente, Jon também teve sua capacidade emocional afetada, tornando-se quase incapaz de experimentar sentimentos. É o único que realmente tem super-poderes.
Poderes: controle sobre o espaço e o tempo, regeneração, controle sobre a matéria e a energia, vôo, imortalidade, força sobre-humana, capacidade de se mover em altíssima velocidade, intangibilidade (ou seja, não pode ser tocado), precognição, teleporte, auto-duplicação e intelecto de gênio.
Coruja II/Daniel Dreiberg
Um justiceiro que usa acessórios de altíssima tecnologia que têm corujas como tema. Possui semelhança com o Batman quanto ao modo de agir. É o herói mais “normal” e decente em Watchmen. Enquanto muitos de seus colegas possuem problemas psicológicos relacionados com suas atitudes em relação à sociedade, raças, gêneros, sexo e poder, o Coruja é aparentemente livre desses problemas. Se dá bem com todos, apesar de, às vezes, ser muito sincero ao tratar das falhas dos outros.
Habilidades: grande conhecimeto técnico, bom lutador, intelecto de gênio e emprego de armas e acessórios de alta tecnologia, incluindo uma nave voadora/aquática em forma de coruja.
Ozymandias/Adrian Veidt
Inspirado em Alexandre, o Grande, Veidt já foi o herói Ozymandias, mas aposentou-se para devotar sua atenção à administração de suas empresas. É capaz de atingir a capacidade máxima de seu corpo e cérebro/mente. Com sua inciativa de “ajudar” o mundo, Veidt mostra-se como uma ameaça geralmente associada aos vilões, e, de certo modo, ele é o “vilão” da série. Um dos seus principais defeitos é o de subestimar o resto da humanidade, tratando-a como escória.
Habilidades: força e agilidade extremas, intelecto de gênio e grande habilidade de luta.
Rorschach
Um vigilante que usa uma máscara branca de látex com manchas de tinta preta que mudam de forma e lugar constantemente (para entender a origem do nome, clique aqui). Apesar de ser considerado um fora-da-lei após a Lei Keene, Rorschach continua na ativa. O historiador de HQs (sim, isso existe!) Bradford W. Wright descreveu o mundo do personagem como “um conjunto de valores em preto e branco que assumem várias formas, porém nunca se misturam”. Rorschach vê a vida como algo aleatório e, portanto, sente-se livre para “fazer seus próprios esboços num mundo moralmente em branco”.
Habilidades: impiedoso, esperto, possui força atlética, ginasta e bom combatente corpo-a-corpo. Também é um lutador e investigador cheio de recursos.
Espectral II/Laurie Juspeczyck
Filha da primeira Espectral, com quem tinha um relacionamento tenso. Empurrada pela mãe para o “negócio da família”, Laurie nunca se interessou em sucedê-la. Ela, entretanto, fazia de tudo para transformar a filha numa heroína: arranjou um disfarce, a levava para as reuniões dos caçadores de crimes etc. Foi numa dessas reuniões que ela conheceu e se apaixonou pelo Dr. Manhattan. Nunca chegou a ser uma heroína de verdade, servindo mais como assitente do Dr. Manhattan.
Habilidades: força de atleta, habilidades de ginasta e boa (heh) lutadora.
No Nona Arte que vem, você vai conhecer a história envolvendo essa galera.
(Sim, por hoje é só, pessoal.)
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