Review – Four on the Floor (Juliette and the Licks)
Se você já assistiu Assassinos por Natureza ou Cabo do Medo, com certeza sabe quem é a Juliette Lewis. Sabe também que esses filmes são do começo da década de 90 quando ela era uma meninota e que de lá pra cá você não lembra de mais nada que ela tenha estrelado. Você deve estar se perguntando porque estou falando de cinema numa resenha sobre um cd, certo?
Pois bem, Juliette montou uma banda, virou hype, tem amigos legais como o Dave Grohl que passa pra fazer uns takes na gravação de Four on the Floor e acaba gravando o cd todo porque o batera antigo pede o bonézinho e sai. Se você prefere ver o copo meio vazio, deve achar que a carreira dela virou água e ela tentou se virar de outro jeito fazendo música, se você tem um bom humor irreparável e prefere ver o copo meio cheio, deve acreditar que ela achou novas maneiras de expressar sua arte de maneira mais pessoal yadda yadda yadda. Seja como for, segue o review de um cd que parece político em época de campanha: promete muito e com o passar do tempo decepciona profundamente.
SMASH AND GRAB: O cd começa em alta velocidade, com guitarras que lembram o Queens of the Stone Age, Dave martelando a bateria, Juliette gritando como uma desvairada e aquela sensação de que essa é a última coisa que eles vão fazer na vida e estão se esforçando pra fazer bem feito. Bom, posso dizer que eles conseguiram.
HOT KISS: Imagine a Pink sem aquele nariz de porquinho. É a mesma voz, o mesmo pop descartável que faz você cantar o refrão mesmo que você o odeie e que vai ficar na sua cabeça até que eles toquem Sticky Honey.
STICKY HONEY: Consegue ser ainda mais grudenta. É de uma popice redonda e desavergonhada que vai ficar marcada a ferro na sua cabeça de um jeito que daqui uns dez anos – quando metade da banda já estiver morta no esquema drogas, sexo e rock’n’roll – e você nem lembrar que eles foram a salvação do rock outono/inverno de 2007, você vai se pegar cantarolando o refrão e perguntando pro seu sobrinho nerd de quem é isso mesmo.
KILLER: Não é seu cd que está riscado. (aliás, alguém aqui ainda compra cd’s?). É só a repetição exaustiva de sílabas como – ha ha ha ha ha ha ou bang bang bang bang bang – que deixa a música chata par cacete.
DEATH OF WHORE: Começa lentinha, Juliette nos contando uma pequena historieta num ritmo crescente que vai te empolgando e… chega num refão digno da Sheryl Crow. Ela percebe a cagada e o ritmo da segunda estrofe continua aumentando, fazendo você pensar que ela vai acabar essa batendo com o microfone na platéia e, porra a Sheryl Crow ataca novamente? Come on bitch or should I call you a whore! Ela entende o recado e começa a pular nas paredes e quebrar tudo…
…pra acabar imitando a Alanis Morissette. Sério desconsiderem tudo o que vier dessa música quando ela completar 3 minutos.
PURGATORY BLUES: Não tem muito o que falar dessa aqui. A cozinha é bem arrumada, os riffs são assobiáveis, o vocal de Juliette embora seja irregular (como alguém pode parecer Joan Jett, Pink, Alanis e Sheryl Crow no mesmo cd, sem ser tão ruim quanto elas?).
PS: Eu devo estar ficando bitolado com Foo Fighters. Lá pros 02:30 de música, surge uma ponte muito parecida com a de My Hero. Presta atenção e imagine Dave Grohl pulando de trás da bateria, dando uma rasteira na Juliette e emendando a música do Foo Fighters? Ok, não imaginem isso.
GET UP: Se você estiver distraído vai acabar achando que é um b-side do Foo Fighters das antigas até reparar que tem uma mulher cantando. Simplezinha, mas bonitinha, vai abrir caminho pra você ficar chacoalhando a cabeça na canção seguinte.
MINDFULL OF DAGGERS: Sabe quando você não consegue se conter com uma música? Fica batendo o pé acompanhando o ritmo da bateria ou então chacoalhando a cabeça fazendo com que as pessoas ao seu redor achem que você é só um maluco que não sabe se comportar em público. Bem, você é um desses tipos mesmo, porém se eles estivessem ouvindo Mindfull of Daggers estariam fazendo exatamente a mesma coisa.
BULLSHIT KING: Essa é a trilha ideal para aqueles filmes de garotas que partem numa aventura muito louca aprontando altas confusões, naqueles momentos onde os roteiristas colocaram os cérebros numa jarra e escreveram um medley de cenas idiotas e sem nenhuma relevância como garotas dirigindo alegres e cantando numa auto-estrada ou garotas dançando alegres e chacoalhando a cabeleira numa festa qualquer. Feche os olhos e imagine, sei lá as gemêas Olsen e a Paris Hilton numa cena dessas. Ok, vou parar com a sugestões de pensamentos ruins.
INSIDE THE CAGE: My Precioussss. Tudo o que eu NÃO precisava nessa altura do disco era de alguém gemendo. Pior, gemendo parecendo o Gollum. Eu pularia pra próxima logo se esse cd não acabasse aqui. Alguma coisa se perdeu depois de Mindfull of Daggers e você pode chamar de pegada, paciência, senso crítico ou o que quiser. O cd que parecia promisso no começo acabou descabando pra uma chatice sem fim, que nem a bateria de Dave Grohl e nem o carisma de Juliette Lewis conseguiram superar.
1. Smash and Grab
2. Hot Kiss
3. Sticky Honey
4. Killer
5. Death of a Whore
6. Purgatory Blues
7. Get Up
8. Mind Full of Daggers
9. Bullshit King
10. Inside The Cage