Billy Blue (MAX)
Quando você pensa em cowboys, vaqueiros no melhor estilo Texas (ou Pampas se você for nacionalista chato) o que lhe vem a mente? O grande Irmão John Wayne, o Duke, com seu jeito durão transbordando
testosterona? Ou, sei lá, Clint “Dirty Harry” Eastwood, o velho que parece que quanto mais velho fica mais mau e implacável fica também (tipo uma doença degenerativa ao contrário, estilo Charles Bronson
saca?)? Ou se você tem apego à sua infância (ou é muito mané e nunca viu um Western BOM) o Woody, do Toy Story, aquele ripoff do Lucky Luke que tenta pegar a bonequinha (e porra, que menino tem uma bonequinha de pastora nos seus brinquedos? Fazfavor… o cachorro de mola eu entendo, mas isso?), mas acaba levando um own3d do astronauta de ação quase o filme inteiro? Ou sei lá, cacete, tu lembra de qualquer outro jóquei de bosta de vaca que te dê na telha (e se ele for o Tex, você é VELHO. Às vezes nem na idade, mas no espírito), mas aposto, que seja quem tu lembrar, vai ser mais ou menos a mesma coisa: de Terence Hill a Uaieti Ârp todos tem algo em comum – seus colhões. Todos são machões e comem as meninas da vida que ficam nos cabarés por onde passam.
É mesmo?
Te dar uma visão geral do sujeito: ele é o melhor no que faz, e isso no bom e Velho Oeste significa três coisas, basicamente – atirar, bater nas pessoas e cavalgar como o vento. Ok, troca isso de cavalgar por
matar pessoas, pra ficar menos boiola. Esse cara é tudo isso e muito mais, sendo um dos caras-em-cima-do-cavalo-e-com-revólveres mais famosos da confederação, e a melhor parte é que é um dos mocinhos,
saindo distribuindo bala e promovendo a justiça, buracos de chumbo e socos por onde passa. Isso é o “tudo isso”, o “muito mais” é que o cara é meio… vaidoso. Assim, sempre zela muito pela sua forma física, fazendo centenas de abdominais por dia, pela aparência mesmo. E também cuida muito bem do seu uniforme, não
deixando que fique manchado ou empoeirado pela areia dos lugares por onde passa à cavalo, o que é digno de nota, pois naqueles bons tempos um homem tinha que vestir no máximo bege para não se preocupar com
sujeira, não eram tempos bons para se preocupar com isso, mas esse cara em particular tem um uniforme azul, e o mantém azul. Daí inclusive vem sua alcunha: Billy Blue (no original é Rawhide Kid,
sendo Rawhide o couro não curtido de animais. Pois é, uma das únicas vezes que a tradução faz mais sentido, vai entender…)
A história da HQ, que aliás é do selo MarvelMAX, sendo uma repaginação (de certa forma) do personagem que já existia desde a década de 50, é sobre Billy (Johnny Bart no original) chegando a uma típica cidade sem
lei, que precisa de um herói pistoleiro que ajude a lidar com os bandidos locais que não são intimidados pelo inútil xerife local.
Billy chega carregando a fama que sempre chega antes dele mesmo, de pistoleiro conhecido e justiceiro, tomado por criminoso por muitos, mas que todos sabem ser o verdadeiro mocinho. Chega e desce o cacete
em todos os malfeitores, dando porrada tão bem quanto atirando e deixando o filho do Xerife impressionado e desgostoso com o próprio pai, que aos seus olhos é um covarde por ter dado pra trás quando enfrentou os mesmos bandidos que Blue botou pra correr. Nesse momento que entra o aspecto solidário do herói, que decide matar dois coelhos com uma só cajadada, ficando na casa do Xerife no posto de auxiliar de
Xerife, tanto para prevenir o retorno dos Bandoleiros, como para ensinar uma lição de amor ao pai e respeito aos mais velhos ao pequeno garoto.
Será mesmo?
Durante boa parte da minissérie vemos um comportamento no mínimo peculiar por parte do Justiceiro: além do seu cuidado extremo com a aparência, tanto corporal quanto de sua roupa, Billy é muito orgulhoso
de suas habilidades, tendo inclusive sido muito ESCROTO em algumas horas (o filho do Xerife, vendo as habilidades do cara diz algo como “Ah, eu quero ser tão bom quanto você ou até melhor quando eu crescer, basta eu praticar bastante…” e Billy responde, na lata “Impossível meu bem, quando Deus me fez jogou a forma fora. Eu sou perfeito e você nunca vai chegar perto disso”), mas sem perder o senso de educação e
polidez, como quando vai “conversar” com o bando criminoso e decide bater em todo mundo só porque os caras foram mal educados com ele.
Afinal um Cowboy é tudo isso certo? Vaidoso e polido, como um verdadeiro cavalHeiro… certo?
O mais intrigante talvez seja o tratamento muito atencioso que dispensa ao velho Xerife, que apesar de ter certa idade, ainda tem um lampejo do vigor de outrora nos olhos, ainda um pouco da força que tinha em outros tempos. uma figura em seu ocaso, mas que ainda possui beleza, dependendo dos olhos de quem observa, como Billy talvez observe. Aliás, Billy passa tempo demais mesmo olhando o Xerife. E chega a comentar uma ou duas vezes sobre o cara ser bonito e tal…
Será que Billy permaneceu na cidade por conta do garotinho? Ou ele queria mesmo é ser o garotinho de alguém? É, os cowboys não são mais como antigamente.
Billy Blue é uma minissérie em seis edições assinada por Ron Zimmerman e Joe Severin.
ps.: atentem para as referências durante as edições, sobretudo ao “Prefeito Bush” e ao bando de Cisco Pike, onde podemos ver figuras como Zorro e Jonathan Hex.
Billy Blue
*Rawhide Kid*
Lançamento: 2003
Arte: John Severin
Roteiro: Ron Zimmerman
Número de Páginas: Variável
Editora:MAX
Leia mais em: Billy BLue, Cowboy, GLBT, MAX, Pistoleiro, Rawhide Kid, Wild West