O Lutador (The Wrestler)

Cinema quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

 Depois de ter um infarto em uma luta, Robinson (Mickey Rourke) fica sabendo que pode morrer se lutar novamente. A partir daí, ele arruma um emprego em uma loja de mantimentos e tenta reconquistar sua auto-estima. Tem uma relação de amor com uma stripper (Marisa Tomei) e tenta ser um pai para o filho dela, ao mesmo tempo que luta para resgatar seu relacionamento com sua problemática filha adolescente. Mas surge, então, a proposta para uma luta com o seu maior ex-rival, e nisso ele vê a chance de recuperar a sua dignidade e superar todos os obstáculos da sua vida.

Caso vocês tenham se dado ao trabalho de ler essa sinopse, já vou avisando que ela não tá muito certa. E que eu ignorei qualquer resenha ou sinopse desse filme, só quis vê-lo por conta do nome. Meio babaca, eu sei, mas eu gosto de ação desenfreada e irresponsável, ou de violência gratuita. O incrível é que eu fui em achando que ia ver essas coisas, e no fim acabei tomando um drama na cachola. Não que seja um filme ruim, daqueles dramas muito mela-cueca, a bagaça tem suas cenas de luta, seus momentos engraçados e tal, mas é feito mais pra te deixar pensando. Porque todo mundo já tomou um ou outro nocaute na vida.

“Se não tomou, vai tomar AGORA!”

O filme começa com a história de Randy “the Ram” sendo indiretamente contada, por recortes e manchetes de jornais e revistas, vozes e sons, mas sem mostrar nenhuma cena de luta do cara no auge. É meio decepcionante, se você esperava só porrada. Mas é foda, a forma como aquilo te deixa curioso. Depois disso, começa o filme em si. As lutas são deixadas em segundo plano, apesar de serem mostradas. O que importa não é a pancadaria [fajuta], mas o que se passa com as pessoas, as relações. Os lutadores são amistosos entre si, combinam o que irão fazer. É até chato pra quem gosta, por dar a ideia de que é tudo combinado, armação pura. Não que não seja…

“Quando eu te der um tapão, cê cai!”

Claro que o filme, tendo o nome de O Lutador, tem que mostrar o lado das lutas, das lendas, dos malucos bombados que se socam num ringue. Mas não é só isso, e essa parte chega a ser a menos importante, até. O que é focado, e o que realmente importa, são as relações de Randy, que são desajeitadas como ele. Ele não consegue se relacionar, se expressar como gostaria com as pessoas de quem gosta. Sua filha, Stephanie, é um exemplo disso. Ele gosta pra caralho dela, mas não sabe quase nada sobre a pentelha, afinal, não teve um relacionamento decente com ela.

É pentelha, mas é boa.

Cassidy, a stripper, é outra que não entende The Ram. Ela não consegue pegar o que ele quer dizer, e ele não tem paciência pra isso, afinal, sabe que tá no bico do corvo. E quando ela entende o que se passa, ele já engoliu e digeriu a bota que ela deu. Como sempre, a única porta que continua aberta para ele é a luta. O público, que o ama mesmo estando velho. O público é o único amor da vida de Randy que lhe devolveu amor de forma visível e compreensível. Puta merda, um brutamontes daquele com crise existencial?

Remédio pra isso é PORRADA!

O problema maior é que ele não tem grana o suficiente vinda da luta, durante os finais de semana, então ele tem que arrumar um trabalho durante a semana, num supermercado. E ele até gosta disso. Mas por mais que ele goste disso, as lutas sempre voltam, seja por lembranças próprias, seja por lembranças alheias. E isso incomoda. Afinal, ele tá velho demais pra lutar.

Ou será que não?

O Lutador

The Wrestler (115 minutos – Drama)
Lançamento: EUA, França, 2008
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Robert D. Siegel
Elenco: Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Mark Margolis, Todd Barry, Wass Stevens, Judah Friedlander, Ernest Miller, Dylan Summers, Tommy Farra.

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