Pirataria nos games – Final.

Nerd-O-Matic sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Sem mais delongas, vamos continuar a discussão do post anterior, fechando essa série de posts sobre pirataria.

Outro lado positivo da pirataria foi trazido pelo Hyperneogeo64:

Hyperneogeo64 disse:

Além disso existe outro ponto da pirataria : ACHAR COISAS RARAS

Aqui no brasil alguem vende Yaken Yuke Special ? Ou outros jogos negros e desconhecidos?

Essas coisas não são joguinhos da moda e tem muita coisa que vende pouco até no Japão. Se não fosse a pirataria, já teriam sumido do mapa. Outro exemplo são os discos de música; como exemplo vou citar a minha banda preferida: Malice Mizer. Aonde diabos vou comprar um CD original deles no Brasil? Moro numa cidade de 80mil habitantes e como na maioria do país nas lojas só tem “coisas” como sertanojos e rap porque tá na moda, mais uma vez a solução é a pirataria.

Se não fosse a “distribuição solidária”, feita em torrents, por exemplo, certas coisas nunca veriam a luz do dia. Lembro de um jogo do Playstation que nunca foi lançado, por ter sido considerado muito violento e perturbador pelos órgãos reguladores: Thrill Kill. Se não fosse a internet, nunca teríamos acesso ao jogo. E pensem em Manhunt 2, um jogo muito mais pop e mainstream, que quase não viu a luz do dia também. É um fato que a pirataria pode democratizar a informação. Como a Sandrine disse:

Sandrine disse:

A questão é que com a internet é possível conhecer bandas novas todo santo dia, baixar o cd completo, ter as letras, fotos, enfim, tudo. Daí a pessoa não vai mesmo ter interesse em comprar o cd original, na loja, bonitinho, com direito a reclamar se tiver arranhado, etc. E conteúdo exclusivo também já não faz muita gente comprar original, sempre dá pra ter acesso.

Depois de muita discussão, vão aparecendo algumas conclusões, principalmente entre os leitores que se deram ao trabalho de ler tudo que foi colocado, ao invés de simplesmente xingar um ponto ou outro isolado da argumentação.
Abaixo, o Rurquiza, de forma muito ponderada, fez o que eu considerei a melhor síntese do comportamento do brasileiro médio frente á pirataria:

Rurquiza disse:

Ok… As opiniões aqui são bem diversificadas mas dá para identificar duas vertentes:

1- Os caras que acham errado piratear;
2- Os caras que acham certo piratear porque o jogo original é caro.

Acho que o brasileiro típico não pertence inteiramente a nenhum dos dois grupos.

Ele acha errado piratear, mas ao mesmo tempo pirateia porque o jogo original é muito caro. Se está numa loja e vê um CD/DVD/JOGO que possa pagar, ele vai lá e compra. Se não pode pagar ele pensa duas vezes se aquilo vale a pena mesmo e faz a cópia pirata. É fácil dizer “quem não pode não tem” quando você é um dos que podem.

Esse foi um ponto importante, que eu não tinha pensado: é interessante incorporar na discussão da pirataria a questão social, onde o poder aquisitivo define quem manda no país.

Você ficaria puto se esse fosse o único vídeo-game que você pudesse ter.

Todos deveriam ter acesso ás necessidades básicas, e é complicado dizer “quem tem direito a quê”, quando na verdade todos deveriam ter direitos iguais. Depois o Capitão chega chutando a porta, e mostrando como a discussão é muito mais ampla:

Capitão Piratão disse:

Hm, o que seria DO CARALHO mesmo pra continuar a discussão seria voltar á idade da PEDRA. Quer dizer, questionar a própria idéia do ROUBO. A própria idéia de propriedade é algo completamente ANTI-NATURAL, se você parar pra pensar.

De fato. A idéia de propriedade sobre alguma coisa é uma convenção social, algo que é definido entre comuns, um contrato social que não é revisto com a freqüência que deveria. A idéia de propriedade ilimitada sobre bens é o que inclusive permite os abismos existentes entre pobres e ricos. Se é difícil legislar sobre propriedade material (dizer quem pode ser dono de quanto dinheiro, ou quantas casas, ou quantos carros), como é que se decide quem vai ser dono de uma idéia (como no caso das “licenças” dos games)? E se a idéia for de uso de toda a humanidade? Por que ninguém nunca patenteou a idéia de respirar, por exemplo? Obviamente porque é do interesse da humanidade que todos respirem. Seria um absurdo pagar royalties para respirar. Mas então como se decide qual tipo de idéia pode ser licenciada?

Fico pensando na quebra das patentes de remédios, por exemplo; o governo brasileiro conseguiu quebrar a patente de vários remédios para tratar os portadores de HIV, sem pagar royalties ás indústrias farmacêuticas. Isso não é pirataria?

“Ah, mas é diferente nesse caso. É pro bem da humanidade.”

Exato, agora engato o comentário do Flávio:

Flávio Croffi disse:

“Se não pode, não tenha.” Frase egoísta. É a mesma coisa de falar em comida. Se não pode comprar, não tenha. Lazer é uma necessidade humana. Os videogames hoje em dia proporcionam lazer seguro e saudável, desde que usado de forma certa. Então, porquê privar as pessoas disso?

Vejam que interessante. É possível argumentar o lazer como uma necessidade humana, portanto, tão importante como a saúde. Aliás, sem lazer o ser humano fica doente, portanto vídeo-games podem de fato ser vistos como um tipo de remédio. E aí? Quem tem direito sobre a idéia/patente dos jogos?

Abram a cabeça; a discussão segue adiante nos julgamentos pessoais de cada um de vocês.

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