A retomada dos musicais nos anos 70/80

Clássico é Clássico segunda-feira, 15 de junho de 2009

O gênero musical é, entre os grandes gêneros, o mais abandonado. Embora tenha ensaiado uma retomada nesse começo de século com o excelente Moulin Rouge e o vencedor do Oscar de melhor filme, Chicago, não houve uma manutenção da produção. Desde então poucas obras surgiram, sendo os mais conhecidos o superestimado Dreamgirls e o divertidíssimo Hairspray. O resto se resume em produções da Disney, como High School Musical, Hannah Montana e Jonas Brothers. Mas nem sempre foi assim.
Nos primeiros 30-40 anos de cinema falado este era um dos principais gêneros da sétima arte. No começo eram as sinfonias vinculadas à grandes centros urbanos, como Berlim, Sinfonia de uma Cidade e São Paulo, A Sinfonia da Metrópole.

 Cena de Berlim, Sinfonia de uma CidadeNo final da década de 20, as principais metrópoles exibiam seus avanços tecnológicos através do cinema

E então se deu inicio um sem número de nomes que surgiram durante essas quatro décadas. Entre eles Fred Astaire, Judy Garland, Carmem Miranda, Gene Kelly, Frank Sinatra, Cyd Charisse, Bing Crosby, Rita Hayworth, Elvis Presley, Julie Andrews e até mesmo a “bonequinha de luxo” Audrey Hepburn. Entre os filmes de maior destaque, o hiperclássico Cantando na Chuva, o vencedor de dez oscars Amor, Sublime Amor, os encantadores A Noviça Rebelde, O Mágico de Oz e Mary Poppins e os inesquecíveis Nasce um Estrela, Minha Bela Dama e Sinfonia de Paris.

 Se tivesse levado o Oscar de melhor roteiro, Amor, Sublime Amor, se uniria a Titanic, Ben-Hur e Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei, no patamar dos filmes com mais “carecas dourados”

Todo esse glorioso ciclo parecia estar em seu fim, com o magnífico Cabaret, de 1972, que com oito prêmios da academia foi o principal responsável por O Poderoso Chefão só ter levado três (melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor ator, para Marlon Brando). E é ai que começa o assunto de hoje.
A década de 60 foi marcada por uma grande contestação ao sistema, representado pela eclosão dos movimentos hippie, black power e feminista, EUA. Mas parece que com o fim da Guerra do Vietnã jovens passaram a dar lugar ao narcisismo. Começava então a era Disco, do have a good time ,estrelando nomes como Gloria Gaynor, Village People, Donna Summer, Kc & The Sunshine Band e Bee Gees. E é justamente baseado na trilha sonora deste último que um drama “musicado” retoma o gênero, na figura do inesquecível Tony Manero.

Os Embalos de Sábado a Noite

(Saturday Night Fever, 1977)

O “drama musicado” responsável por transformar um até então desconhecido John Travolta em estrela (e que rendeu sua primeira indicação ao Oscar), é provavelmente um dos filmes que mais influenciaram uma geração. A febre disco que já estava em alta, se tornou algo descomunal, chegando inclusive ao Brasil com a novela Dancing Days. E sua contribuição aos tupiniquins não para por ai, diz a lenda que a gíria carioca “maneiro” derivou do próprio sobrenome do protagonista, além da datada “travoltear”. Mas engana-se quem acredita que se trata de um filme alegre. Os Embalos de Sábado a Noite surpreende ao ir contra a lógica dos musicais e oferece um filme sombrio com um final fora dos padrões hollywodianos. O sucesso foi tanto que ainda rendeu uma continuação em 1983, mas que não manteve o encanto.
Música Inesquecível: Saturday Night Fever, Bee Gees

Grease – Nos Tempos da Brilhantina

(Grease, 1978)

Ps. Para mais informações sobre Grease,
O sucesso de Saturday Night Fever havia sido tanto que Travolta imediatamente escalado para esse, um dos grandes musicais do século passado. Um filme divertido, que retrata o reencontro de dois jovens que tiveram um amor de verão. A Uiara fez um belo review sobre o filme aqui.
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Música Inesquecível: You’re The One That I Want, John Travolta & Olivia Newton

Flashdance

(Flashdance, 1983)

Com algumas das cenas mais famosas do cinema moderno, Flashdance foi o primeiro papel de Jennifer Beals, que fazia uma operária que trabalhava como stripper à noite. Um filme repleto de clichês, mas que ainda assim saiu da mediocridade, tamanho o afeto da personagem e a qualidade das músicas (inclusive recebendo duas indicações ao Oscar, levando pela música abaixo e ainda concorrendo com a famosa Maniac). A velha história de superação e romance é contada aqui de uma forma inspiradora.
Música Inesquecível: Flashdance… What a Feeling, Irene Cara.

Footloose – Ritmo Louco

(Footloose, 1984)

O filme protagonizado pelo nosso xará Kevin Bacon é também responsável pelas coreografias mais inusitadas da história do gênero, seja uma dança incompreensível em um armazém ou uma briga de tratores embalada pela sensacional “Holding out for a Hero”. Na verdade o filme inteiro é meio esquisito, seja pela história – um garoto da cidade que vai morar no campo e se depara com uma sociedade em que é proibido dançar, ou pela magreza assustadora de seu par romântico Lori Singer. Mas o que isso importa, quando a música que fecha o filme (e vocês podem acompanhar abaixo) te faz dançar sozinho no meio da noite?
Música Inesquecível: Footloose, Kenny Loggins.

Dirty Dancing – Ritmo Quente

(Dirty Dancing, 1987)

Eu tenho minha crença pessoal de que o esquecimento do gênero por mais de uma década foi resultado de uma maldição por ter feito Patrick Swayze famoso. Não fugindo muito do espírito dos musicais, conta uma história envolvida por uma relação amorosa, final feliz e boas coreografias, sendo um didático representante do gênero. Além de conter uma belíssima música final que levou o Oscar, e que vocês podem conferir abaixo.
Música Inesquecível: I’ve Had the Time of My Life, Bill Medley & Jennifer Warnes.
Como desativaram todas exibições, fique com o link para o vídeo.
Ps. Não desativem vídeos, esse tipo de coisa pode gerar mortes… vide comentário no youtube.

esse bando de filho da puta que coloca o video e depois bloqueia só porque eu queria ver e agora vou mata o meu primo porque ele tá rindo do meu sofrimento karalho porra que merda tio vai tomar no CÚ? seu vermes inuteis bando de gay que dá o cu e chupa

Ainda tivemos, entre 77 e 80, grandes musicais como o pacifista Hair, o grito de uma juventude em Fama, o divertido Os Irmãos Cara de Pau e o vencedor de 4 Oscars, O Show deve Continuar, mas se percebeu uma perda de força nos anos seguintes, até o esquecimento total. É uma pena que atualmente os musicais fiquem restritos a sucessos comerciais “sem alma” da Disney. Fiquemos no aguardo que surja um novo Os Embalos de Sábado a Noite ou Moulin Rouge para reviver esse gênero, que por mais “ame ou odeie” que seja, trouxe clássicos fundamentais para o cinema.

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