Por que os gamers ainda são considerados nerds?

Nerd-O-Matic quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Ah, cara. Não sei. Mas é uma boa pergunta.

Talvez porque os nerds sempre se destaquem da multidão em quase tudo que fazem, seja jogar vídeo-games, jogar RPG, ser gênio na computação, apanhar na escola ou ser enterrado de cabeça pra baixo em uma lata de lixo. É difícil não notar aquela figura que não sabe se vestir direito, usa óculos de aro grosso, é magro demais/gordo demais e não possui habilidades com as mulheres, a não ser babar por elas. Mas isso não é uma habilidade, porque eu também babo por algumas mulheres. E eu nem sou muito nerd. E mesmo que eu seja isso não vem ao caso, porra! Presta atenção no assunto principal, cacete.

É lógico que eu já vi uma vagina, ela tem mais ou menos esse formato.

Enfim, os nerds se destacam nas atividades que desempenham, e acabam virando ícones daquelas atividades. Eles chamam atenção demais, por representarem o fracasso humano que nós não queremos ser. Mesmo que seja o Bill Gates, um nerd sempre representa o fracasso. Ok, o Bill Gates é um nerd rico, e poderia comprar você e toda sua família, e fazer lingüiça com vocês. Mas mesmo com a capacidade de transformar qualquer pessoa em churrasco, eu não queria ser o Bill Gates. Pô, o cara é um nerd. Ele é O nerd. Ele pode ser rico, mas aposto que todo mundo continua tirando onda com o cara. Prefiro ser pobre a passar a vida sendo tirado.

Mentira; prefiro ser rico. Mas eu sou pobre, e todo mundo tira onda com a minha cara do mesmo jeito. É por isso que eu jogo vídeo-games, pra fugir dessa vida insatisfatória e dessas pessoas mesquinhas que me zoam.

Eu podia estar matando, eu podia estar passando fogo em geral, eu podia plantar uma bomba no banheiro depois da merenda com suco de uva. Mas eu preferi jogar vídeo-games. Basicamente é esse pensamento que define o nerd: um psicopata sem culhão para realizar massacres em escolas. Massacres em escolas são feitos por ex-nerds, que dão o passo adiante e entram para a história como MALUCOS, uma categoria diferente do nerd inofensivo.

Meudeusdoceu, como eu me distraio facilmente quando escrevo bêbado.

Mas voltando ao ponto: o nerd é um cara que sofre no mundo real, e procura mundos alternativos para ser mais feliz. Nós chamamos isso de escapismo. Fontes comuns de escapismo são os livros, os filmes e o tóchico. Pessoas comuns praticam escapismo o tempo todo com livros e filmes. Pessoas cool praticam o escapismo com o tóchico e as dogras. Como os nerds não são pessoas normais e muito menos cool, eles optam por um meio termo como weapon of choice do escapismo: vídeo-games.

Esse gordinho é ridículo DEMAIS, mano. Deve ser a oitava ou nona vez que eu uso ele como exemplo de inexistência de vida social.

Os vídeo-games são ótimos para o nerd escapista, porque normalmente duram muito mais do que as duas horas de um filme, e qualquer Final Fantasy hoje em dia leva mais tempo pra ser terminado do que um livro. Aliás, qualquer Final Fantasy hoje em dia leva mais tempo pra ser terminado do que um prédio de 200 andares. Maravilha. Me botem nesse mundo irreal onde eu posso lançar magias e tacar fogo no rabo das pessoas apenas com o meu pensamento. Isso é MUITO melhor do que o mundo que passa no Jornal Nacional, vocês hão de concordar comigo.

Outra grande vantagem dos vídeo-games sobre a vida real é a sensação de controle. Com o joystick na mão, você faz o que quiser no ritmo em que quiser (heh), algo um pouco diferente da vida real. Considere ainda que o nerd médio possua poucas habilidades sociais, o que redunda em pouquíssimo controle sobre o ambiente e sobre as pessoas á sua volta. Você sabe, pra controlar o comportamento das pessoas, você precisa se comunicar com elas, para entender o que elas querem e se você tem algo a oferecer a elas. Os nerds minimizam o contato com os demais seres humanos, portanto, controlam pouco o ambiente. Se voltar para os vídeo-games é realmente algo muito natural se você pensar dentro dessa concepção.

Todos nós evitamos situações que não controlamos, pois nos sentimos inseguros nelas. Se o que você evita é a realidade como um todo, isso te deixa muito tempo livre na mão pra gastar com coisas que não sejam relacionamentos humanos. O mais engraçado é que os nerds evitam os relacionamento reais, mas vão buscá-los nos ambientes virtuais de Second Life e World of Warcraft, por exemplo. O ser humano é um ser social, de fato.

Tempo livre pra jogar gera um jogador inveterado. Como os nerds não são burros, apenas feios e bitolados, eles conseguem normalmente um desempenho razoável nos mais diversos jogos, colocando-se acima dos noobs, atingindo um certo status e granjeando o respeito que suas calças mijadas nunca lhes dariam no mundo real. Está lançada a semente para o nascimento de um hardcore gamer: dedicado demais á causa dos vídeo-games, defensor do seu amor eletrônico e emblema definitivo do que é um jogador.

Amor aos games tem limite, colega. Você deveria ser incinerado vivo.

Embora os casual gamers venham crescendo muito desde o advento do Wii, ainda não aparecem em estatísticas, já que não levam essa parada de jogo muito á sério. Quem aparece e faz demandas ao mercado é o hardcore gamer que, como já vimos, tem grandes chances de ser um nerd.

Assim, o destaque involuntário dado a esses indivíduo losers, acaba recaindo sobre toda a classe dos gamers. O que é ruim sempre se destaca, e no caso dos gamers, o que se destaca é o nerd. A equação se fecha e temos o resultado final de porque os gamers ainda são considerados nerds. Obrigado senhoras e senhores. Prometo que na semana que vem bebo menos. Vocês são ótimos. Joguem mais vídeo-game. Caso não sejam nerds, obviamente.

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