Música para se ouvir no convés: B. B. King

Música quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Bom, moçada, a gente já falou bastante de blues aqui, pelo jeito. Começamos com Stevie Ray Vaughan, passamos por Eric Clapton e chegamos até Buddy Guy. Pois bem, vamos voltar mais um pouco no tempo: chegou a hora de falar do REI. Hoj… QUÊ?! Roberto Carlos é aquele que amordaça a TUA MÃE, seu cão sarnento! Retire-se daqui imediatamente! Eu tô falando de B.B. King, porra.

Pra começar, um cara que é vegetariano, diabético, não bebe e nem fuma e ainda assim consegue se tornar o Rei merece respeito. Quer dizer, ninguém questiona o cara por isso. É uma baita proeza, devo dizer.

Enfim, o cara toca por aí desde 1946. Aliás, ele nasceu em 25, cara. B.B. King só não é seu bisavô porque sua bisavó não tinha troco pra mil réis. Sua primeira tentativa foi em Memphis, Tenessee, mas a coisa foi complicada pra ele. Depois de alguns meses, o cara voltou pro Mississipi, mas dois anos depois ele já tava em Memphis de novo. Sua carreira começou mesmo na rádio WDIA, como cantor. Não demorou muito pro cara arranjar uma gravadora: Em 49 ele começou a gravar com a RPM Records, e antes disso ele já tinha gravado o single Miss Martha King, que não deu tão certo assim na época. E, claro, com um vozeirão daqueles, arrumar trabalho no rádio não seria nada muito difícil: o cara foi disc jockey ainda em Memphis, e foi lá que ele ganhou o apelido “Beale Street Blues Boy” (Imagino que vocês já consigam enxergar de onde veio o BB). Nos anos 50, o cara se esbaldou. Era um dos maiores nomes do R&B e lançava sucesso feito água. Hits como Every Day I Have the Blues, Sweet Little Angel e Bad Luck fazem parte de seu vasto arsenal de músicas que estouraram durante a década. E é Every Day I Have the Blues que você confere aí em baixo, num dueto com Linda Hopkins:

O rei influenciou praticamente q… aliás, praticamente uma pinóia. Se você toca blues, você é fã de B.B. King. Qualquer excessão é um caso de extrema boiolice aguda. O cara influenciou Eric Clapton, Buddy Guy, os Allman Brothers, Jackson do Pandeiro, Michael Jackson, a sua mãe e o bozo. Aliás, ele deve ter influenciado até gente que nasceu antes dele, como John Lee Hooker e Howlin’ Wolf. Prêmios, então, nem se fala. Só na Billboard o cara já deve ter aparecido mais de oitenta vezes (74 vezes entre 1951 e 1985, segundo a wikipedia). Mas também, pra um cara que tocou mais de quinze mil vezes ao vivo, não se podia esperar nada muito diferente. Dizer que o cara foi uma das primeiras pessoas a entrar no Rock’n’Roll Hall of Fame me parece desnecessário. Aliás, falar qualquer coisa sobre prêmios que ele tenha ganho me parece desnecessário. Prefiro deixar mais um vídeo do cara aqui pra vocês se divertirem:

É claro que todo rei precisa de uma rainha. Pois eu creio que pelo menos um punhado de gente aqui já conheça a inseparável companheira de B.B. King: Lucille. O próprio rei define sua relação com a rainha da melhor maneira que poderia fazer: “Cerca de quinze vezes, mulheres já me disseram ‘Escolha: Sou eu ou Lucille’. É por isso que eu tive quinze filhos com quinze mulheres”. A guitarra ganhou o nome depois do dia em que King escapou de um incêndio que começou por causa de dois homens que brigavam por uma tal Lucille. Só depois de conseguir escapar do prédio em segurança, B.B. percebeu que tinha esquecido a guitarra lá dentro. Foi aí que ele voltou todo doidão lá pra dentro e salvou a pobrezinha. O rei deu o nome á guitarra pra se lembrar de nunca esquecer a coitadinha de novo. E esse foi provavelmente um dos casamentos mais bem-sucedidos que já se teve notícia. E um ótimo negócio, também. Quer dizer, guitarras não entram de tpm, não discutem a relação e não tem ciúmes de outras gordinhas. Aliás, elas te AJUDAM a arrumar outras gordinhas. Talvez por isso eles vivam felizes juntos até hoje. Agora chega de papo, que eu sei que ces querem ver a Lucille em ação (heh) .

Cara, e pensar que ainda tem gente que acha que tocar bem é tocar rápido. Não existe Yngwie Malmsteen no mundo que me convença que um solo em semifusas a 5000 batidas por minuto é melhor do que QUALQUER frase tocada pelo Rei. Se depois de ouvir B.B. King você ainda prefere ouvir nego subir e descer arpejo em metal melódico, você é uma bichona irremediável.

Se você quer mais do Rei, aliás, eu sugiro que você procure o DVD do Crossroads Festival, do Clapton. Lá você vai ver todo mundo que foi citado nessas últimas matérias, menos o Stevie Ray Vaughan… se bem que o irmão do cara tá lá.

Eu fiz o possível pela salvação de vocês, caras. Seu gosto musical duvidoso não tem como ser culpa minha.

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