“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 70 – 66

Cinema segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

70) A Outra História Americana

(Tony Kaye, 1998)

Pedro: Eu vejo American History X como um estudo da natureza humana. É o olhar do homem cuja identidade é baseada no ódio por algumas etnias. É entender os motivos (mesmo que não justificados) de sua raiva e atitudes. Mais do que isso, é também acompanhar duas transformações – “seu processo de cura” ao ser obrigado a conviver com o diferente e o processo de passagem de identidade através da história de seu irmão. Filmaço.

Uiara Como seria a reabilitação de um skinhead? Não só ao ser preso, mas ao aprender por a + b que não existe isso de etnia melhor ou mais pura. Alguém inteligente disse que a maior afirmação de aprendizado vem depois que o objeto ensina o aprendido a alguém e é exatamente essa a história principal de A Outra História Americana. E como fazer isso de uma forma que passa a quilômetros de distância das historinhas matinais motivadoras da Ana Maria Braga? Só assistindo pra ver. Puta filmaço.

Veredito Final:
PA diz:
Atuação de tirar o fôlego de Edward Norton. A cena do meio-fio é espetacular. EMBORA o filme seja meio arrastado em algumas partes.
Uiara diz:
atuações espetaculares dos dois Edwards, na verdade. O Furlong também faz bem o papel de aprendiz de nazi. Eu acreditava que ele iria mais longe na carreira. Tudo culpa das dogras
Uiara diz:
a cena do meio fio me dá arrepios só de lembrar
anos depois de assistir é que uma amiga me falou que não mostra NADA na cena. É engraçado como o nosso cérebro forma imagens só a partir de sons

PA diz:
Pra você ver como a sugestão é poderosa no cinema. Algo que os diretores atuais deveriam aprender, ao invés de simplesmente jogar as cenas na cara.

69) O Mágico de Oz

(Victor Fleming, 1939)

Pedro: Tudo mundo conhece a história, os personagens, as músicas e os cenários. Mas por isso mesmo, é o caráter imortal de O Mágico de Oz que o transforma em um clássico, uma vez que sempre parece que é a primeira vez que assistimos a obra – algo que poucos filmes conseguem proporcionar.

Uiara: Não importa quantas vezes eu veja esse filme, sempre vou achar mágico aquele início em sépia. É um filme… EM SÉPIA. Não consigo imaginar nada mais bonito que isso. Sim, sim, você conhece a história, seja pelo livro ou por uma de suas milhares de cópias e versões. Serve até se você conhecer pelo, argh, filme dos trapalhões. A mocinha dos sapatos vermelhos, o espantalho sem cérebro, o homem de lata sem coração, o leão sem coragem, a bruxa má do Oeste, a bruxa boa do Norte… Todos esses nomes são familiares, tanto quanto uma das frases mais famosas do cinema: “Toto, I’ve a feeling we’re not in Kansas anymore“. Então por que ver esse filme? Porque foi dirigido no mesmo ano e pelo mesmo cara do …E o vento levou. Porque as músicas são encantadoras pra qualquer idade. E porque poucos filmes te dão essa sensação engraçada de rever velhos amigos, exatamente por ser tão “batido”. Mais sobre ele aqui

Veredito Final:
Uiara diz:
WEEEEEEEE’RE OFF TO SEE THE WIZARD THE WONDERcof. Tá, parei.
PA diz:
Todo mundo sabe o que acontece no filme do começo ao fim. Mesmo sem nunca ter assistido. Isso mostra o quão importante/marcante foi o filme.
Fora que tem uma das trilhas sonoras mais divertidas do cinema.

Uiara diz:
e mesmo sabendo de cor, é surpreendente como todos ficam na expectativa enquanto assistem. Nem que seja só pra ver se alguma coisa muda.
E a trilha sonora é tão conhecida que tem gente que nem sabe que uma das músicas mais interpretadas e feridas por versões toscas veio, na verdade, dali: somewhere over the rainbow
E que jogue a primeira pedra a menina que não saltitou pela sala durante um dos “we’re off to see the wizard”

PA diz:
e saia do armário o menino que atirar a pedra também

68) O Encouraçado Potemkin

(Sergei Eisenstein, 1925)

Pedro: Um Hiperclássico com “H” maiúsculo. E não só isso. Diferente de Roma – Cidade Aberta, é um filme que vocês podem assistir sem se queixar de ser lento e datado – como pode ser supor de um filme de quase um século atrás. Fora que é mais do que um bom filme – é um registro histórico (uma vez que sua história foi utilizada como inspiração para o regime soviético que acabara de se impor) e cinematográfico (o primeiro filme que utiliza o recurso da montagem com maturidade). Imperdível.

Uiara: Soa inicialmente a filme intelectualóide, mas não podia ser mais diferente. Junto com Metrópolis, é outro que me faz perguntar se o diretor tinha uma máquina do tempo pra ver a atualidade. Na época em que a sétima arte ainda engatinhava, O Encouraçado Potemkin já andava de bicicleta sem as mãos.

Veredito Final:
PA diz:
O pai da montagem no cinema. Não é tão arrastado como parece ser (até mesmo devido a sua curta duração) e tem uma das cenas mais fantásticas do cinema – o massacre da escadaria de Odessa.
Uiara diz:
não é NADA arrastado, na minha opinião. Vivendo no meio da politicagem a gente aprende a dar valor a motins simples old school. Tudo começa, se desenvolve e termina rapidamente. Dá gosto de ver.
Pena que de 1925 pra cá até pra gritar na rua tem que pedir autorização

PA diz:
A parte do arrastado é referente somente aos leitores do Bacon, diga-se de passagem.
Uiara diz:
mas aí até um clipe da Beyoncé é arrastado

67) O Tesouro de Sierra Madre

(John Huston, 1948)

Pedro: Se eu tivesse que selecionar um filme para cada pecado capital (olha a ideia surgindo…), não tenha dúvidas que essa seria a obra escolhida para representar a cobiça. Contando a história de três homens pobres que vão a uma excursão de anos atrás de minas de ouro, a obra conta com algumas das melhores atuações já vistas em um único filme, um roteiro impecável e uma história épica (e um desfecho memorável). Simples assim. Um filme que definitivamente se diferencia pela extrema qualidade. Assistam. E quem sabe vocês perdem o preconceito com filmes em preto e branco.

Uiara: Me lembro que assim que o PA me perguntou o que tinha achado desse filme respondi algo como “legal e com o Bogart mais canastrão do que nunca”, ao que fui respondida com um “se não for canastrão não é Bogart”. Ou foi o contrário? Bom, eu tive essa conversa com alguém, certeza. Bogart, aliás, é o ÍDOLO máximo da sétima arte deste site. Não por acaso o quadro de resenhas de clássicos – abandonado momentaneamente – chama-se Bogart é Tanga. O que poucos sabem é que a canastrice TAMBÉM é uma arte e nesse filme acaba sendo o que menos chama a atenção. O que interessa mesmo é que um quer comer o outro frito. E todo mundo sabe que é balela isso que o que importa é o amor. O dinheiro roda o mundo e é por ele que os personagens são capazes de qualquer coisa.

Veredito Final:
PA diz:
Tirando a canastrice desnecessária do Bogart, esse filme é ÉPICO. Bom, MUITO bom.
Uiara diz:
Bogart sem canastrice não é Bogart. Não é a toa que ele nomeia um quadro do Bacon. Aliás, prevejo Pizurk gritando nos comentários um “UIARA KD BÉT KD”. Quer apostar?
PA diz:
As outras atuações são excelentes, e o roteiro/direção é algo extraordinário. Recomendo para todos os leitores do Bacon que tem medo de filmes preto e branco.
PA diz:
Bogart que o pessoal do AoE não reconheceu diga-se de passagem.
Acredito que no futuro meus netos não saberão quem foi George Clooney.

Uiaradiz:
os do Bacon também não reconheceriam. Meu medo é que eles desconheçam o George Clooney e idolatrem a… Hannah Montana
por isso que as primeiras palavras dos meus filhos vão ter que ser “Al Pacino”

PA diz:
Bem, quem idolatra a mão direita deve idolatrar todas as mulheres com menos de 40 anos.
PA diz:
Meu filho vai ter que falar Ferris Bueller. Pra justificar o esquecimento do anticoncepcional.

66) Os Edukadores

(Hans Weingartner, 2004)

Pedro: Originalidade é definitivamente a palavra que define Edukators. Um filme que fala das revoluções sociais de um ângulo diferente de tudo que você já viu (ou não, né Uiara?). Se você acha que pode mudar o mundo através de manifestações, não deixe de assistir.

Uiara: Ou não, Pedro… Ou não. *rosna* Sabe quando você imagina um jeito de protestar contra esse circo que é o governo e o capitalismo desenfreado? Não que eu seja contra o capitalismo, claro. Ou mesmo contra o governo do meu querido DF. Ainda assim… Sabe quando o telejornal te emputece e você realmente quer fazer alguma coisa que faça diferença? Os caras do Edukadores fizeram. Um dos melhores filmes alemães deste século, com Daniel Brühl (de Adeus, Lênin! E do filme novo do Tarantino, tá.).

Veredito Final:
Uiara diz:
os Edukadores é um filme pra manifestantes políticos, odiadores de manifestantes políticos, ex-manifestantes, atuais capitalistas e, principalmente, pra quem morre de preguiça de fazer qualquer coisa além de reclamar mas admira profundamente quem faz
Uiara diz:
tipo… eu, que só vou em manifestos na esplanada pra faltar aula e tirar fotos
PA diz:
Ou o manifesto tem quebra quebra (da melhor maneira bolchevique de ser) ou são perda de tempo. Infelizmente.
Uiara diz:
o deles não é. E funciona em pequena escala. Isso que é genial
Uiara diz:
tem uma historinha romântica ao fundo, mas… onde não tem? Até uma ida a padaria poderia ser romântica, se vendesse.
PA diz:
Faz tempo que eu não vejo um filme que não tivesse nada de romântico.
Acho que o último feito foi Dr.Fantástico. Ou estou exagerando?

Uiara diz:
isso exige uma longa consulta nos meus arquivos mentais. Respondo depois.
PA diz:
Fica pro leitor também. Mas como vocês gostam de Julia Roberts duvido que tenham capacidade para isso.

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