“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 35 – 31

Cinema sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

35) A Noviça Rebelde

(Robert Wise, 1965)

Uiara: Entre “dós” que são corsas e colinas que ficam vivas com o som da música, A Noviça Rebelde marcou gerações e não é difícil encontrar pessoas que digam sem pestanejar que esse é seu filme favorito. A cada vez que me perguntam qual é a melhor música eu mudo de ideia. O que não dá pra variar é que 10 entre 10 espectadores gostariam de ter tido a Julie Andrews como babá.

Pedro: Recém saída do Oscar por Mary Poppins, Julie Andrews se mete em um clássico de ainda maior expressão. E com um papel superficialmente semelhante – sem os poderes mágicos da babá encantada, mas tão encantadora quanto. Aqui ela faz uma cantante noviça que vai passar uma temporada como babá (de SETE filhos) na mansão de um ricaço viúvo – mas aposto que você conhece a história. Um épico cheio de idas e vindas, canções lendárias e cenários deslumbrantes.

Veredito Final:
PA diz:
Ouso dizer que sua importância foi equivalente a um …E o vento levou para geração de 60
Uiara diz:
sem contar a quantidade de marmanjo de todas as idades que aprendeu as notas musicais com o rostinho de babá dos sonhos de Julie Andrews
PA diz:
Não bastasse ter acabado de sair do papel de baba mágica em Mary Poppins
Uiara diz:
é o filme ideal pra se assistir em família, com a criançada. Em especial porque eles não têm paciência pra assistir nada até o fim mesmo e depois de uns 15 minutos você já terá a TV pra si e uma moral mais alta com sua mãe. Fica a dica pros feriados.
PA diz:
E quando seu irmãozinho voltar 1h30 depois para ver se a TV está vaga para assistir Naruto – TCHARAN, o filme ainda está na metade
Uiara diz:
mas claro que cê vai apelar pro “já tá acabando” antes da criaturinha ir berrar pra algum adulto molenga

34) Pulp Fiction – Tempos de Violência

(Quentin Tarantino, 1994)

Uiara: Que eu odeio não aprecio a obra do Tarantino, não é novidade. Mas eu não sou insolente o bastante pra fingir que esse filme não marcou e dividiu os anos 90 entre pré e pós Pulp Fiction. A escolha das músicas é no mínimo interessante e o Travolta dançando faria até o filme do Lula ficar bom. Aliás, todo o elenco é inspiradíssimo. Gostando ou não, é definitivamente um filme obrigatório de ver. E de respeitar, vá lá.

Pedro: Depois de uma estreia explosiva com Cães de Aluguel, 1994 foi o ano de Tarantino mostrar que ele seria o responsável pelos rumos que o cinema tomaria. Esse atendente de vídeo-locadora resolve juntar tudo o que mais gosta em um liquidificador e produzir um dos filmes mais icônicos dos anos 90. São referências à cultura oriental, à cultura pop, aos clássicos do cinema, aos B-movies da década… e essa essência caótica se mostra ainda mais explícita quando olhamos para o roteiro do filme: uma série de recortes (não respeitando em nada a sequência cronológica) de três histórias diferentes, que se juntam em algum momento. Some isso a sequências fantásticas – seja um concurso de dança, um tiro acidental ou uma overdose de cocaína, centenas de personagens peculiares (o que ajudou a reviver ou lançar a carreira de uma série de atores – Harvey Keitel, John Travolta, Uma Thurman, Samuel L. Jackson, Bruce Willis…), diálogos icônicos sobre assuntos do cotidiano e nenhuma lição de moral. Preciso dizer mais alguma coisa?

Veredito Final:
PA diz:
Um filme tão revolucionário, bem feito e divertido que eu não consigo entender o pq de nossa co-colunista não gostar dele.
Uiara diz:
eu gosto o bastante pra ele estar aqui
Tá, eu não gosto e fui forçada pelo Pedro
Mas ele tá aí pra tentar me convencer (e a vocês) que o filme é bom mesmo. Aliás, deve ser. Se não fosse não teria tanto maluco doente por ele

PA diz:
Me agradeçam pessoas com bom gosto.
Uiara diz:
vá a merda, querido
PA diz:
To te esperando lá, amore

33) Mr. Vingança

(Chan-wook Park, 2002)

Uiara: Eu já disse aqui que tinha certo preconceito com o cinema oriental, não é mesmo? Depois de ser amaciada pelas animações japonesas, esse filme coreano foi a cereja no topo que faltava pra eu me apaixonar de vez. Esse é um dos que consegue excitar meus dois lados cinéfilos igualmente: o que observa detalhes técnicos – como os ângulos de câmeras mais *sem palavras* que um diretor poderia imaginar, incluindo uma das minhas maiores taras fotográficas (ângulos de escadas); e o que se entrega à história do filme – inclusive sentindo a satisfação ao se vingar e a raiva dos personagens. Sim, cinéfilos podem ter dessas loucuras.

Pedro: Primeiro capítulo da trilogia da vingança (os outros filmes são Oldboy e Lady Vingança), Mr.Vingança conta uma história peculiar, que varia do mais alto grau de beleza e ingenuidade, até sequências de violência que você nunca irá ver em Hollywood. Falando nisso, o que já seria uma experiência diferente se torna algo único quando somado aos ângulos de câmera (sim, eu estou elogiando ângulos) únicos de Chan-wook Park e sua narrativa irônica.

Veredito Final:
PA diz:
Como eu gostaria que os cineastas americanos aprendessem a brincar com ângulos e narrativas como fazem os coreanos…
Uiara diz:
as cenas que mostram escadas me fazem pausar o filme pra admirar
Mas só cinéfilos que não querem tratamento se importam com essas coisas de câmeras e ângulos. Vamos falar do filme em si, afinal, é pros leitores do bacon que estamos escrevendo
É um filme que envolve ao ponto de me fazer sentir raiva e trancar os punhos nas (várias) cenas de vingança. E ao término delas, me sentia aliviada. Quantos filmes te trazem pra dentro dele dessa forma?

PA diz:
Não fiquem tristes – toda essa criatividade nos aspectos técnicos também é mostrada no roteiro, com alguns dos personagens mais peculiares (e pq não – geniais) e história mais “sem sutilezas” que eu já vi
Inclusive a ironia e o humor negro que a gente tanto admira chega a sair pelos poros

Uiara diz:
e Lady Vingança é tão bom quanto
PA diz:
e Oldboy vocês já conhecem (menos a Uiara) e já sabem de antemão que não se trata de um filme “intelectualóide”
Uiara diz:
conhecerei o mais rápido possível, mas acredito que seja do mesmo nível dos outros dois.
PA diz:
Pode acreditar.

Tempos depois… Vi Oldboy e ratifico o que disse. É tão bom quanto os outros dois. (Uiara)

32) M.A.S.H

(Robert Altman, 1970)

Uiara: A expressão “que doido!” pode significar 1001 coisas e todas elas são aplicáveis no caso desse filme. É bem provável inclusive que essa seja a frase que mais você repita enquanto vê. Porque ver um monte de médicos numa situação intensa que só uma guerra poderia causar, e ainda assim agindo como se estivessem de férias no campo é definitivamente algo que você PRECISA ver.

Pedro: M.A.S.H é diferente de qualquer filme de guerra que você já viu. Na verdade, é diferente de qualquer filme que você já tenha assistido. Primeiro pelo roteiro – uma comédia sobre uma base médica para feridos de guerra, na qual os únicos tiros são dados para iniciar uma partida de futebol americano – depois pela narrativa completamente desconexa, em que os fatos são narrados (ou não) por um alto falante e os personagens estão ou fazendo palhaçadas ou praticando medicina – e muitas vezes os dois. Uma experiência que deu muito certo de Altman, e rendeu uma das mais lucrativas séries da história da televisão.

Veredito Final:
PA diz:
Eu não tenho outra expressão para definir MASH, se não: diferente de tudo o que você já viu.
A velocidade é frenética, o roteiro hilário (e com a nata da sátira militar) e o resultado inesperadamente genial

Uiara diz:
se no apocalypse now os participantes da guerra viraram loucos psicóticos, os do MASH viraram loucos divertidíssimos
Chega uma hora que você até esquece que aquilo é uma unidade hospitalar de guerra e pensa que tá todo mundo numa colônia de férias

PA diz:
E quer coisa mais fantástica do que em plena Guerra do Vietnã lançarem um filme em que ninguém leva a guerra a sério?

31) Trainspotting – Sem Limites

(Danny Boyle, 1996)

Uiara: Vamos começar pela capa, que tem essa imagem aí de cima. Você vê pessoas sorridentes. Eu vejo um cara te dando dedo a la inglesa, um pesadelo dos pedófilos, um especialista em James Bond, um rapaz se contorcendo e chamando pro que não pode cumprir e um outro tentando se mostrar forte. Trainspotting mostra monólogos, diálogos e alucinações que deixam um tonto. A trilha sonora é de enlouquecer um amante de britpop. Triste é ver que todos ali, do elenco a direção, acabaram rumando por caminhos bem diferentes do apresentado no filme. “Quem quer se um milionário”, de Danny Boyle, não me deixa mentir. Só resta continuar revendo esse que voltou os olhos do mundo pra Grã-Bretanha e pra juventude peculiar dos anos 90.

Pedro: Quem diria que a história de 4 jovens escoceses viciados em heroína pudesse se tornar um fenômeno pop dos anos 90? Alternando cenas de realismo chocante e alucinações perturbadoras (incluindo a clássica cena do vaso sanitário), o filme consegue atingir o público sem falsos moralismos ou histórias de redenção. Ninguém ali é vilão ou coitadinho. E tudo isso resultando em uma sequência final embalada pela aterradora Born Slippy do Underworld – que marcaria o final do século mais conturbado da história humana.

Veredito Final:
Uiara diz:
tem o melhor monólogo de introdução de todos os tempos
PA diz:
e a melhor música final de todos os tempos
Uiara diz:
pra quem só conhece o Ewan McGregor cantante e galã pode ser chocante vê-lo na versão Christiane F.
PA diz:
Falando nisso eu descobri que a garotinha em quem ele dá uns pegas fez a mulher do Josh Brolin em “Onde os fracos não tem Vez”
Uiara diz:
e eu que ela é uma empregada/babá no Nanny McPhee
Quem diria que aquela mocinha doce um dia teria sido uma garota que disse aquela fala da saída da boate no Trainspotting

PA diz:
e o que falar das cenas de alucinação?
Uiara diz:
e entre tantas alucinações tem espaço pra diversas referências a capas de álbuns dos Beatles
E ao James Bond
É um filme genial

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