A Fênix Pixelizada – Cinzas Eternas

Nona Arte quarta-feira, 17 de março de 2010

Como discutido semana passada, ser nerd se tornou uma maldita modinha. Do nada, todo mundo se dizia nerd, amantes/admiradores dos nerds e coisas parecidas. Nossos mundos foram invadidos por matérias da Globo que mostravam como éramos “legais” em nossa ânsia por conhecimento e pornografia, e como tínhamos nossa contraparte mais incrivelmente legais ainda, os geeks (Nada contra eles, claro).

Mas, de quem é a culpa de toda exposição, que nos fez trocar, por vergonha de nossos hábitos, nossas usuais 50 abas simultâneas do 4chan por artigos do Gizmodo, Slashdot, Judão e Jovem Nerd? Nós mesmos e nossa atitude de “orgulho nerd”. Não que eu reclame disso, o problema é: saímos demais dos subterrâneos da sociedade. Três anos atrás, o Towel Day [Nota do tradutor: Dia da toalha] era comemorado por meia dúzia de nerds e um ou outro amigo mais solidário/sem noção. Ano passado, se tornou um evento de larga escala, divulgado de todo modo no Twitter, blogs/sites e na Pastelaria de Dona Maria.

E, quando grandes mobilizações, por qualquer motivo que seja, ocorrem, quem tá logo atrás registrando? As “grandes mídias”: redes de TV, rádios e jornais. Todos eles explicando o evento, quem participa, o porque, e O QUE SÃO NERDS. Esse foi o problema.

Por incrível que pareça, na cadeia alimentar social existem grupos abaixo dos nerds. Emos, frequentadores do [censurado], aquele cara que assistiu, lembra e comenta cada filme já lançado neste quadrante da galáxia, e os freaks, entre outros. Agora, quando você tem a chance de subir na escala social, o que você faz? No caso de uma pessoa normal, você sobe na escala social. E foi o que todos esses caras acima fizeram. O emo que era chamado de bichinha com mau gosto dizia que era nerd, apesar de saber decoradas todas as músicas do Fresno. O freak afirma ser nerd para explicar seu estilo de vida anti-social, recluso e estranho. O cinéfilo tá pouco se lixando pra tudo isso, desde que consiga comprar uma cópia de um raríssimo filme polonês de 1943.

A exposição excessiva à grande mídia nos tirou dos subterrâneos sociais. E, junto conosco, vieram todos aqueles falsos nerds, que queriam experimentar, por breve que fosse, o gosto de uma aceitação social plena. Mas eles não conseguiam se manter por muito tempo. O emo achava rock de verdade muito agressivo, o /b/tard sentia saudades de trollar, o freak queria voltar para seu quarto escuro cheio de embalagens de fast-food infestadas de baratas, e o cinéfilo continuava cagando pra tudo isso, pois tinha uma resenha pra postar no Rotten Tomatoes.

Aos poucos, os falsos nerds voltaram às suas origens, e os nerds foram perdendo seu status cool. Aos poucos, os nerds reais voltam a ser deixados de lado, em paz com seus actions figures, coleções de livros e sites obscuros que tratam com humor e opinião o que acontece no mundo da mídia. Aos poucos, deixam de nos incomodar, e podemos voltar ao nosso cotidiano de ler 200 artigos de 60 sites diferentes por dia sem ninguém nos incomodar.

Shiloh salve a curta memória do povo brasileiro.

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