Os famosos remakes!
Queridos leitores,
Como já adiantado pelo chefinho Pizurk, foi contratado um grupo de estagiários aqui pro Bacon [Nota do editor: Que inclusive iniciam textos como quem escreve uma carta]. E agora estamos desempenhando a função, sofrendo horrores, com testes psicológicos, físicos, servindo café com cuspe, bolachinhas, adulando os macacos velhos da equipe e claro, tentando conquistar vocês leitores que fazem a audiência deste site.
Meu nome é Jade Melina Zamarchi, tenho 19 anos e sou de Foz do Iguaçu, no Paraná. Vou falar aqui de cinema e tudo que eu ache bacana relacionado a isso. Gosto de opiniões complementares e diferentes, por isso não se acanhe se porventura você achar uma merda o que eu escrevi não concordar comigo, a caixa de comentários ta aí pra isso.
Hoje o tema são os polêmicos remakes, que nada mais são que a refilmagem de um filme – ou novela, séries de TV, jogos – utilizando-se do original como inspiração.
Lembro muito bem quando entrei numa vídeo-locadora em 1998 e vi um enorme pôster do filme “Psicose”. A mão da atriz Anne Heche contra a cortina do box me deixou muito interessada e logo pedi pra minha mãe levar a fita de vídeo. Mamãe (Uma graça de pessoa) limitou-se a dizer que aquela não se tratava da versão original, era um remake e por isso não prestava. Na época eu não me importei, voltei para a sessão de desenhos e somente anos mais tarde fui assistir “Psicose” de Alfred Hitchcock e filmes adaptados. Foi aí que entendi o quão desastroso ou não pode ser um remake.
Toda refilmagem sofre alterações estruturais básicas, como diretor e atores, e mudanças mais subjetivas (Em alguns casos, quase uma licença poética) em seu roteiro. Antes e depois de 1998 diversos remakes foram lançados, alguns com sucesso e outros nem tanto. A questão é o objetivo de tal empreitada. É arte ou uma chance de faturar? Eu poderia responder que em 90% das vezes é pura chance de faturar. Mas até o interesse financeiro pode nos trazer grandes filmes.
Um bom exemplo são alguns remakes de “Drácula”. Tudo começou com a adaptação alemã não autorizada do livro de Bram Stoker: “Nosferatu” de 1922. Não podendo se utilizar dos nomes originais, o diretor W.F. Murnau deu vida no cinema à Conde Orlok (Sua versão do Conde Drácula) e acabou produzindo um dos filmes mais fiéis e assustadores de todos os tempos. Apenas em 1931 foi produzido “Drácula” de Tod Browning, com o ator Bela Lugosi, o qual tornou-se um verdadeiro clássico. Anos depois, muito lembrada, surgia a adaptação com o ator Frank Langella (Do ótimo “Frost/Nixon”). Em 1992, recheado de grandes nomes e grandes atuações de Gary Oldman, Anthony Hopkins e Winona Ryder, “Drácula” foi novamente refilmado sob direção de Francis Ford Coppola. E para a tristeza dos cinéfilos, em 2000, foi lançado o vergonhoso “Drácula 2000”, uma clara tentativa lucrativa do estúdio. Entre todas essas adaptações a que se permanece até hoje como grande sucesso é “Nosferatu” de 1922, e a moderna adaptação de Coppola em 1992. Separados por 70 anos, os remakes conseguiram alcançar o sucesso por boas direções, cenas de arrepiar e grandes intérpretes. O que comprova que minha mãe nem sempre tinha razão, remake pode sim prestar.
Recordando mais remakes de sucesso podemos destacar “Titanic”, de James Cameron em 1997 (Roteiro bastante independente e que por um bom tempo deteve a maior bilheteria de todos os tempos), “O Chamado” em 2002 (Inspirado no japonês “Ringu” de 1998) e “True Lies” de 1995 (Adaptado do francês “La Totale!”) que contou com atuações ótimas de Jamie Lee Curtis e do governador-do-futuro Arnold Schwarzenegger.
Lembro, porém de um remake que eu realmente detestei, e posso até levar umas pedras por causa disso: “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, do tão polêmico Tim Burton. Só pela direção já se sabe que o negócio terá toda aquela licença poética costumeira de Burton, daí você junta uma atuação toda afetada de Johnny Depp e um bombardeio da imprensa em cima. Pra mim a soma disso tudo foi fracasso. O original de 1971 pode não ter sido feito com os melhores efeitos especiais, mas com certeza nos levava a níveis muito mais altos de imaginação. Eu admito que sonhava com as barras Wonka e chorava achava linda a cena onde o avô de Charlie economizava os centavos para comprar uma barra de chocolate para o neto. No remake eu não conseguia desfocar das caretas de um Willy Wonka muito maquiado e com uma peruca bizarra. O roteiro foi assassinado.
Mais símbolos de desaprovação, mas por outros motivos, foram os remakes de “Romeu e Julieta” de 1996 (Adaptação heterogênea entre vocabulário original e ambientalização nos anos 90) e “Planeta dos Macacos” de 2001 (Mark Wahlberg consegue ser menos expressivo que uma palmeira – mentira, ele consegue franzir a testa! NOT). O mais atual “Paranóia” de 2007, com o jovem astro Shia LaBeouf de “Transformers” e inspirado no clássico “Janela Indiscreta” não chega a ser ruim, mas decepciona no final.
E mais lançamentos ousados vêm chegando: “Karatê Kid” de Harald Zwart (Com Jaden Smith, filho do ator Will Smith como protagonista) tem estréia prevista para o segundo semestre do ano. Há ainda mais duas adaptações que estou doida para ver: “Alice no País das Maravilhas” de Burton – mesmo eu tendo detestado as adaptações do diretor – e “A Hora do Pesadelo” de Samuel Bayer, trazendo de volta o assassino Freddy Krueger. Este último já com trailer disponível na web e prometendo grandes sustos.
Com certeza eu irei bem leve para a cadeira do cinema, pois nem sempre interesse financeiro resulta em um filme ruim. Por mais que remakes sejam fórmulas prontas para lucrar, ao longo da história do cinema fomos presenteados com boas produções. Vale lembrar que a tecnologia 3D tem tudo para surpreender e nos fazer viajar junto com a história, afinal a intenção é entreter, envolver. E que os estúdios juntem o útil ($) ao agradável.
E sobre o remake de “Psicose”, por mais que seja uma cópia bastante fiel, ainda está pra nascer um segundo Hitchcock.
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