O fenômeno Paulo Coelho
De uns tempos pra cá, um dos esportes preferidos dos brasileiros é meter o pau no Paulo Coelho. Sim, estou generalizando e incluindo-o na bagaça! Mas, não é verdade? Eu não me recordo de ter ouvido alguém elogiar o escritor porra-louca ex-maluco beleza. Eu também tenho minhas críticas e restrições, mas, diferentemente da maioria, tenho argumentos relevantes (Pretensioso, eu?).
A contradição, o paradoxo, a parada que ninguém entende, é o fato de ele ser tão mal-falado e, ao mesmo tempo, tão lido, traduzido, vendido e idolatrado em todo mundo. No Brasil ele também figura frequente nos topos das listas de best-sellers. Será que é a esposa dele que tá comprando tudo nas livrarias? Ou ele tem um esquema fuderoso que forja essas informações em todo nosso modesto 3º planeta do Sistema Solar?
O que posso dizer é que li 3 livros do “Mago” (O Alquimista, A bruxa de Portobello e Brida) e não achei nenhum lixo literário como se fala por aí. Gosto muito de ler tudo que aparece pela frente e não tenho muitas frescuras. Meu parâmetro para considerar um livro como bom é simples, basicamente são esses os, digamos, requisitos:
(a) o livro tem que no mínimo me deixar curioso para continuar lendo-o;
(b) tem que proporcionar algum aprendizado, nem que seja uma culturazinha inútil (Que, convenhamos, todo mundo gosta).
Então, não posso dizer que os livros de Paulo Coelho são ruins. Definitivamente não são os melhores que li. Ainda assim, eles são no mínimo interessantes e não estou falando isso “pra fazer caridade”, não. Em suma, são histórias com enredos simples onde o autor introduz sem cuspe, nem piedade de forma nem um pouco sutil algum conteúdo místico. Dá pra extrair alguns pensamentos legais e até umas reflexões profundas sobre “A Vida e o Universo e tudo mais…” (Salve Douglas Adams!) Mas tem quem não goste disso, às vezes realmente parecem livros auto-ajuda. Resumindo, o cara nem fede nem cheira. É o típico exemplo de ame-o, ignore-o, ou deixe-o. Por isso, da mesma forma que tem muita gente nesse mundão de Deus que acha super legal suas histórias recheadas de citações ocultistas, tem muita gente que acha isso uma buesta. Mas não é só isso.
A maior parcela das críticas é fundada por puro preconceito. Preconceito ao pop.
Se é ruim porque é pop, então será todo Best-seller ruim? É bom lembrar que grandes escritores como José Saramago, Gabriel García Marquéz e Rubem Fonseca sempre estão entre os mais vendidos.
Trocando em miúdos, minha explicação para o aparente paradoxo é a seguinte: muita gente lê Paulo Coelho, muitos gostam e poucos ficam indiferentes ou odeiam, mas esses últimos são uma pequena parte dos que realmente criticam, pois a maioria dos críticos nunca leu e mete o pau por puro preconceito. Repito: Preconceito porque é pop. Claro que, de vez em quando, é bom sair metendo o pau na galera (No bom sentido, digo, no sentido menos doloroso para a maioria) pra pagar de intelectual, mas também é bom argumentar com alguma base, né?
Por último, se ainda houver alguém lendo, reconheço que linguagem utilizada pelo criticado-mor não é das mais cultas e respeitadoras na nossa língua portuguesa tão cheia de frescuras rica, mas a defesa do réu é simples e eficaz: Ele diz que quem o aconselhou a escrever de forma simples e direta para o povo foi o seu amigo, o grande mestre Raul Seixas. Aí tá valendo, né? Ou né não? E só pra não perder o costume… TOCA RAUL!
Leia mais em: Best-seller, Paulo Coelho, Raul Seixas