Quadrinhos Compactos – Parte III

HQs sexta-feira, 18 de junho de 2010

Como eu disse no último artigo, com o tempo a fórmula mágica descoberta pelos cartunistas para manter seus fieis leitores dentro dos quadrinhos compactos – as tiras – foi o humor irônico, dotado (Ou não) de crítica social.

A verdade é que o humor dentro das tiras foi o principal fator que levou esse gênero da arte seqüencial a se manter viva até os dias de hoje. Além disso, foi acrescentado outro ingrediente que garante o sucesso dessa fórmula: O cotidiano. Afinal de contas, quem não se reconhece ou visualiza algum conhecido quando lê uma tirinha do Garfield ou do Calvin?

É bem essa simplicidade em retratar o dia-a-dia com um tom alegre e descontraído que faz com que tenhamos até hoje uma certa atração em correr para o caderno de variedades e dar boas risadas com tirinhas dotadas de um texto, simples, rápido e muitas vezes cheio de conteúdo. E é nessa onda de retratar o cotidiano que temos personagens hiper conhecidos dos quadrinhos como Garfield, Calvin, Mafalda, Recruta Zero, Hagar, Snoopy, entre tantos outros.

Acredito que, dentre essas, a tira mais famosa é do Garfield. Afinal de contas, o preguiçoso gato gorducho laranja que ama lasanha e odeia as segundas-feiras já conquistou o mundo também em outras mídias como a TV (Desenho animado) e o Cinema, apesar dos filmes ele não ser tão preguiçoso quanto nas tiras.

 Vai dizer que não é um gato folgado

Garfield surgiu em 1978, criado por Jim Davis, e sua tira retrata a vida do cartunista Jon Arbuckle e seus bichos: O gato Garfield e o cão Odie. O mote principal inclusive está no fato de Garfield meio que ser o “dono do pedaço”, mas, de toda a forma sempre temos boas “tiradas” do nosso próprio dia-a-dia.

Ainda falando de animais, por que não citar Snoopy, criado por Charles Schulz em 1950, integrando o universo de Peanuts (Minduim ou Turma do Charlie Brown no Brasil). No começo, Snoopy foi só um cão normal, mas em 1952 o personagem passou a ter “voz” ativa através de seus pensamentos, a partir de então ele passou a ser o personagem mais carismático da turma.

 Cãozinho esperto

O que atrai em Snoopy é o fato dele ser um sonhador nato e interagir com os demais personagens como um “humano”. E é nesse ponto que temos o humor contrastado principalmente com seu dono, o pessimista Charlie Brown. Além disso, é a inocência infantil que dá o tom cômico à tira.

E por falar em inocência infantil, esse também é tom de outra tira muito famosa: Calvin and Hobbes (Calvin e Haroldo, no Brasil). O personagem surgiu em 1985 criado pelo norte-americano Bill Watterson. Calvin é um garoto de seis anos que possui uma forte personalidade, que contrasta com seu amigo Hobbes, um tigre de pelúcia sábio e sarcástico.

 Quem nunca ouviu falar nesses dois?

Na realidade, segundo contou o próprio Watterson, Calvin não nasceu para ser o protagonista das tiras. Em uma entrevista, o cartunista contou que explorou várias idéias de tiras, mas essas foram rejeitadas, e quando surgiu uma resposta positiva, era referente a Calvin, que na verdade seria o irmão mais novo do personagem principal de uma de suas tiras. E só após lhe dizerem que Calvin e Haroldo seriam os personagens mais promissores é que Watterson se dedicou a eles, se tornando um sucesso mundial.

As viagens imaginosas de Calvin acabam nos dando a comicidade relativa a própria natureza humana, já que através do humor temos uma visão filosófica da vida, ou não, já que isso varia de leitor a leitor. Eu mesmo sou a favor de uma leitura mais descontraída do que analítica, mas enfim, gosto é gosto.

E já que estávamos falando em visão analítica, é preciso lembrar de outra pequena grande personagem das tiras: A menina Mafalda, criada pelo argentino Quino. A personagem também é retratada como uma criança de seis anos, porém, desde que surgiu em 1964, seu humor sempre englobou uma critica social mais ferrenha.

 Critica disfarçada de humor

Isso se deve principalmente pelo clima de medo que a guerra fria gerava nas décadas de 60/70 (Já que Mafalda foi publicada com tiras inéditas até 1973). Essa visão é possível porque um tema recorrente a personagem é a paz, sempre retratada com uma visão mais humanista.

Mas de qualquer forma, o humor é constante e o sucesso destes personagens também, já que mesmo sem termos tiras inéditas de alguns desses personagens os mesmo continuam fazendo alegria de muitos leitores.

Para o próximo artigo, vou me centrar só nas tirinhas nacionais.

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