Recomendo: Chabadabadá (Xico Sá)

Analfabetismo Funcional terça-feira, 08 de junho de 2010
 Feio, não! Mal-diagramado!

Quem ainda não conhece Xico Sá, pode começar acessando seu excelente e constantemente atualizado blog. Escritor, contista, cronista, colunista, boêmio e, segundo ele próprio, “mal-diagramado” (Um eufemismo para feio), Xico Sá nasceu no Crato (CE) e viveu parte da adolescência no Recife (PE). Além de ser colunista da Folha de São Paulo, tem ficado mais famoso devido a aparições no Jornal da MTV, onde trata de forma escancarada e sem-vergonha dos mais diversos temas atinentes à existência humana.

A sua mais nova obra, Chabadabadá, é uma coletânea de pequenas e divertidas crônicas e contos com a seguinte temática central: “Aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha macho”. Trocando em miúdos, fala-se dos cabras-macho do sertão e dessa “tendência” ao metrossexualismo, de forma geral (Não tenho nada contra. Cada um no seu quadrado). De outra banda, a mulher moderna passa a exercer parte dos papéis e atitudes antes atribuídos ao homem, ou ao macho.

No livro, há uma pérola atrás da outra. Por exemplo, essa sai de uma conversa entre amigos sobre os metrossexuais com seus creminhos e fru-frus:

[…] homem que é homem usa no máximo um punhado de Minancora ou banha de peixe-boi da Amazônia sobre uma espinha ou cravo revoltoso. Quanto muito, puerra. Há quem não admita nada mais além de um Avanço ou Leite de Rosas. Basta.

Em outra crônica onde se descreve o macho-jurubeba, aquele sertenajo macho até as últimas consequências, ele fala sobre um amigo seu:

Tão macho, mas tão macho que usa dois sabonetes no banho: um para a parte da frente e outro para o latifúndio dorsal. Acha que o simples ato de permitir que um sabonete trafegue entre o “pra-te-vai” e o “oiti” – como ele se refere ao pênis e ao ânus – é sinal claro de homossexualismo no inconsciente.

Mas não é só isso. Diversas nuances do tema são abordadas. Por exemplo, há uma crônica em que o escritor lembra que o machão Lampião foi o responsável pela introdução das mulheres no Cangaço. Para completar, a obra tem um belo projeto gráfico, com uma capa que chama atenção e ilustrações magníficas entre um texto e outro, tudo relacionado aos encontros e desencontros entre homens e mulheres, em cenas que lembram o cinema brasileiro da década de 70. Se ficou curioso para saber o motivo do título, leia o livro! Recomendadíssimo! Exageros, preconceitos e machismos à parte, os textos são muito divertidos e acessíveis. Ótima opção de presente!

Chabadabadá


Ano de Edição: 2010
Autor: Xico Sá
Número de Páginas: 181
Editora: Record

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