As Brumas de Avalon 3: O Gamo Rei (Marion Zimmer Bradley)
Em As Brumas de Avalon, a história do Rei Arthur é contada sob a perspectiva das mulheres que faziam parte da vida dele. Uma nova visão para a boa e velha história da Távola Redonda. Nos livros anteriores (A Senhora da Magia e A Grande Rainha), o enfoque maior era nas mulheres de Avalon, a ilha sagrada onde habitavam as sacerdotisas da Deusa, o reduto da antiga religião da Bretanha e na representante do cristianismo, a rainha e esposa de Arthur, Gwenhwyfar. Agora no terceiro volume da saga, uma pergunta é feita: O que acontecerá ao Gamo-Rei quando o jovem gamo estiver adulto?
“God save the queen
She ain’t no human being
There is no future
In England’s dreaming”
Começo inspiradissimo desse texto, afinal, é neste livro que vemos a preparação para o gran finale. Os últimos personagens do grande ato são apresentados, e enfim, os preparativos para o combate final entre a antiga religião e o crescente cristianismo se completam.
Mas antes, o que seria o Gamo Rei citado na história?
Ele é a representação do Deus Cernudos, que fecunda a Deusa no rito de Beltane, e é através dessa união que é escolhido o rei. Esse rito é descrito com detalhes no primeiro livro A Senhora da Magia, quando ocorre um dos primeiros atos pervertidos (heh) da história.
Explicado isso, vamos ao livro.
Nesse livro, Gwydion (Filho de Morgana) já está crescido, e é educado por Morgause, a qual trata por mãe. Assim como sua mãe biologica, o menino tem o dom da visão, e Viviane o procura, como Senhora de Avalon, para levá-lo até a ilha e ser ensinado nas artes druidas. Enquanto isso, Morgana, é cada vez mais desprezada por todos e sente-se como uma estranha em meio a tantos ritos cristãos; Gwenhwyfar, mesmo tendo realizado o seu sonho de amar Lancelote, continua estéril e frustada; Viviane, velha e poderosa; Morgause, viúva e com muito fogo debaixo da saia. E em meio a várias idas e vindas, e escolhas certas e erradas, tudo se ajeita, para que Morgana reassuma sua posição como sacerdotisa da Deusa.
É neste volume que grandes revelações são feitas, não que o leitor já não saiba ou desconfie, mas é interessante ver como essas revelações atingem os personagens. Nesta parte da história vemos como as tramas do destino são compostas pelas escolhas dessas mulheres. Elas manipulam, jogam com os segredos e sentimentos alheios, tudo para tornarem seu lado vencedor. E suas motivações não são tão mesquinhas como podem parecer, tudo gira exatamente em torno do poder, conquistar o poder de um reino para si e seus propósitos, sejam eles escusos ou não. Gwenhwyfar é motivada pelo seu profundo desejo de tornar toda a Bretanha cristã, de modo a abafar sua culpa pelos seus pecados; Morgana deseja ver cumpridos os planos de Viviane quanto ao futuro de Avalon, e resguardar as tradições da antiga religião no reino de Arthur; Morgause é motivada pela inveja e desejo de tornar-se a mulher por detrás do trono e do rei.
Outras mulheres também influenciam na história, como Elaine, prima de Gwenhwyfar, que mudará o destino do triângulo amoroso quase homosexual que se formou entre a rainha, o rei e o cavaleiro; e Niniane, filha de Merlim, e a escolhida para substituir Viviane como Senhora de Avalon. As escolhas dessas mulheres irão mudar não somente seus destinos, mas também os destinos de muitos outros. Porém, as conseqüências de seus atos, só serão descobertos no final de toda saga, que conclui-se em As Brumas de Avalon 4: O Prisioneiro da Árvore.
As Brumas de Avalon 3: O Gamo-Rei (Marion Zimmer Bradley
The Mist of Avalon 3
Ano de Edição: 2008
Autor: Marion Zimmer Bradley
Número de Páginas: 211
Editora: Imago
Leia mais em: As Brumas de Avalon, Marion Zimmer Bradley, Matérias - Literatura, O Gamo-Rei