Lunar (Moon)
Me lembro de estar em uma locadora, na frente da prateleira de lançamentos. Vários filmes com pequenas etiquetas amarelas indicando que precisam ser devolvidos em um dia. Aí vi aquela capa: Um astronauta, com seu capacete debaixo do braço. Assim, simples. Sujeito sem expressão, numa capa sóbria. Peguei pra ver. Na contracapa dizia algo como “filme que promete competir com 2001 – Uma Odisséia No Espaço”. Aluguei, não teve jeito. Competir com 2001? Eu tinha que ver pra acreditar.
Fui assistir. E a ficção científica caiu matando logo nos primeiros minutos. O troço começa com um comercial das Indústrias Lunar, empresa que vive de chafurdar a lua com máquinas (Quase colheitadeiras) gigantes, atrás de Hélio-3, o combustível limpo que alimenta toda a Terra. Sam Bell é o funcionário que controla sozinho a isolada base na Lua.
Bom, vamos nos concentrar em Sam. Ele tem três problemas significantes:
Um: Ele está sozinho na Lua, há quase três anos, sem ver sua filha pequena e sua esposa.
Dois: Ele está sozinho na Lua controlando a base que fornece energia pra muita, muita gente.
Três: Ele está sozinho na Lua, acompanhado de um robô que não gosta de responder algumas perguntas. E a história da ficção científica nos ensina que isso só pode dar merda.
Certo. O sujeito está estressado, sem a família e conversa com uma máquina que parece ter saído de uma fábrica de carros dos anos 90. Não achei estranho quando ele saiu pra fazer a manutenção em uma das colheitadeiras e acabou trombando nela com seu jipe lunar. Sam acordou na enfermaria. Aí eu pensei (E acho que todo mundo que assiste esse filme pensa), “Péra, péra, o cara tava lá fora, na Lua, se acidentou, amassou a cara toda e desmaiou, quase morto. Foi salvo por quem, a empregada dos Jetsons? O robô dele não consegue se mover por aí assim”.
Mas enfim. Fiquei quieto e continuei assistindo. Sam não está bem. Parece meio inquieto, o estresse pesando. Deve estar ansioso, seu contrato já está terminando e ele vai poder voltar pra Terra. Aliás, um grupo virá em poucos dias levá-lo e trazer seu substituto. Ele nem pode falar pro pessoal se apressar porquê, estranhamente, ele não consegue se comunicar com a Terra sempre, só recebe algumas mensagens às vezes. Mas enquanto o dia de ir pra casa não chega, ele só piora. Em um ataque de desconfiança, ou quem sabe de curiosidade, ele decide contrariar as recomendações de GERTY, o computador malandro, e ir no local do seu acidente. Tem coisa errada lá, e ele percebeu isso. Ou melhor, percebeu que GERTY não queria que ele percebesse, o que é pior. Então Sam pega o veículo de exploração reserva e vai. Qual não é a surpresa de Sam quando abre o jipe e encontra Sam lá dentro.
Cacildis, não, PÉRA, péra. Volta a cena lá. O cara se encontrou dentro do jipe. É, é isso mesmo. Dei play e segui. “Filme estranho bagarai”. Sam volta pra base muito confuso, levando ele próprio (Complicado, é) e daí pra frente as coisas só ficam mais estranhas, é só o que eu vou dizer.
Ah, e o último ator que eu tinha visto contracenar consigo mesmo tinha sido o Eddy Murphy.
Enfim.
Lunar tem efeitos incríveis. Tomadas muito bonitas do espaço, um show de computação gráfica. Mas o interessante é que o filme não é baseado nisso. Não foi feito pra ser uma vitrine de gráficos, mas sim pra contar uma história. Estranha, eu admito, mas uma história bem montada. Coisa rara na ficção científica hoje. Sam Rockwell foi até bem no papel de funcionário/astronauta desgastado. Não é uma coisa que se diga “Meu deus, como esse cara é bom ator”… Mas passou.
Ademais, esse é um filme bom, e com final bem interessante, devo dizer. Sobre competir com 2001, NUNCA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE. Lunar é até interessante, mas nem chegou perto da obra de Kubrick.
Lunar
Moon (97 minutos – Ficção)
Lançamento: 2009
Direção: Duncan Jones
Roteiro: Duncan Jones e Nathan Parker
Elenco: Sam Rockwell, Kevin Spacey (Voz)
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