Os 7 Livros Mais Prejudiciais a Sua Mente – 2. Crash (J.G. Ballard)
Este texto faz parte de uma lista que, definitivamente, não é um top 10. Veja o índice aqui.
Eu já cheguei a comentar algo sobre essa grande maravilha aqui, mas Crash ainda não ganhou Sua devida atenção.
Lembram-se daquela matéria sobre Ficção Científica Cyberpunk? Apologia a drogas e tecnologias doentias? Pois bem, nosso amigo Ballard é um dos grandes escritores dessa galera.
Não só isso, é considerado por muitos como o Maior Escritor Vivo da Inglaterra. Seu último livro por exemplo, Terroristas do Milênio, conta sobre uma bizarra e violenta Revolução da Classe Média Inglesa. Extremamente irônico e, ao mesmo tempo, faz todo o sentido.
Mas enfim: Crash! Um romance de perversões sexuais e violência acima do Limite de Velocidade. A história de James Ballard (personagem homônimo ao autor do livro), narrando seu envolvimento com um estranho grupo de aficcionados sexuais a Acidentes de Carros.
Sim, Acidentes de Carros & Sexo na mesma frase.
A impressão do relevo dos controles na pele; o símbolo da fabricante no centro do peito; a conjunção dos ângulos retorcidos das colunas do pára-brisa, refletidos pela ainda acesa luz do painel, com a posição dos cortes e contusões…Prazer Indescritível.
Girando em torno de Vaughan, ex-cientista do trânsito e profeta do Caos Tecnológico, Crash Com Certeza não é de leitura fácil. A idéia da Violência amoral, o pan-sexualismo entre os personagens e a criação de novas Possibilidades Eróticas é, na maioria das vezes, Chocante e Revoltante. Isso se você tiver pulado nossa maravilhosa lista, é claro.
Se você chegou até aqui seguindo a ordem direitinho, já vai estar preparado…
A descrição das cenas é incrível. A mistura dos fluídos corporais do sexo com os reflexos das latarias; os detalhes das posições das putas no banco traseiro dos carros, de modo a imitar a forma como os corpos foram encontrados no último acidente observado por Vaughan e Ballard; a fixação de nosso narrador pelas cicatrizes, coletes ortopédicos e “novas superfícies sexuais” de Gabrielle, a deficiente física que utiliza seus aparelhos como Perversões Eróticas; tudo isso de forma a, quase subliminarmente, tecer um quadro Psicopatológico de Nossa Era da Velocidade.
“”After having … been constantly bombarded by road-safety propaganda, it was almost a relief to find myself in a real accident.”
Escrito em 1973 (publicado novamente em 2007 no Brasil), ganhando inclusive uma adaptação em filme, em 1996, pelo incrível Cronenberg, Crash choca. E não apenas o choque pelo choque, simples descarga elétrica no cérebro. Ele choca pela quebra de padrões, pela abertura de possibilidades, pela Perversidade e, principalmente, porque por diversas vezes você acaba pensando “Ok, isso é simplesmente Louco…mas…Faz Sentido. Realmente Soa Erótico!” Quero dizer, já pararam pra pensar em como realmente uma batida de frente, dois desconhecidos que nunca haviam se visto antes entrando repentinamente e violentamente em comunhão entre eles e entre seus carros…parece um ato sexual?
Crash
Título original Crash
Ano de Edição: 2007
Autor: Ballard, J.G.
Número de Páginas: 240
Editora:Companhia das Letras
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