Evolução?

Livros quarta-feira, 11 de agosto de 2010

“Mas que merda de futuro sem-graça vão nos deixar”, foi o que eu disse outro dia. Aquela gente do século passado, eles é que sabiam viver. Meu pai, que viu boa parte do século vinte e agora está vendo o vinte e um é que me conta: Carros, discos, máquinas. Tudo politicamente incorreto hoje, isso que eu gosto. Eu cheguei atrasado e nasci no final de tudo isso aí. Não dá pra fazer nada quanto à isso. Enfim.

Quando eu era moleque, o carro da família era um Opala, ano 1985, se não me engano. Dourado. Fazia barulho. Tinha um motor à combustão de verdade. Era de metal, pesado. A coisa mais elétrica debaixo do capô era a bateria, acho. Era o tipo de coisa que se produziu durante um bom tempo nesse mundo, e todos gostavam. Mas eu vou ter que dirigir um pedaço de plástico que não faz barulho e solta água pelo escape, puta merda.

 Era quase idêntico a esse aí, ó.

No Opala íamos de vez em quando em alguma churrascaria. E eu sempre comia a mesma coisa: Batata frita, arroz e a carne, geralmente costela ou lingüiça. Nos churrascos em casa era a mesma coisa, e ainda tem os aperitivos e a cerveja. Em dias de churrasco eu era o pavor dos nutricionistas (Não que eu tenha melhorado muito). E aquilo que é a boa vida, comer bem.

Não me entendam mal, não sou um “suicida alimentar”, nem obeso, nem quero ter colesterol alto, diabetes, nada disso. Mas, o que me deixou intrigado foram informações que li recentemente, dizendo que a minha geração – nascida vinte anos atrás – vai ser a primeira a viver menos que a anterior. Ou seja, nós que podemos comprar no supermercado todos os tipos de grãos que ajudam a cagar melhor, nós que nos exercitamos, que dirigimos carros que não poluem, que temos medo de comer carne, o alimento que deu o necessário pro nosso maldito cérebro grande se desenvolver assim e o Homo Sapiens subir na grade da evolução, nós, camaradas do partido, vamos viver MENOS. Curioso. Eu só consigo presumir que estamos tão preocupados em viver mais que esquecemos de… Viver. Temos medo das coisas que dão prazer, de coisas consistentes. Tudo está ficando tão rarefeito, tão maricas, tão fresco.

Eu falei em carne e lembrei que às vezes conhecidos vêm me oferecer carne de soja. Péra, não, espera aí: CARNE – DE – SOJA. Porra, cê já viu um boi de soja? Nem eu. Então não é carne, e eu não quero saber por que deram esse nome. Chamem de bolo de soja, montinho de soja, mas carne aquilo não é.

 Carne? Ahã, senta lá Cláudia.

A grande ironia da alimentação é: Se é gostoso, mata. Churrasco? Mata. Frito? Mata. É bom e te faz babar que nem uma criança na sorveteria? MATA. E o sorvete também tá incluído. Qual é o problema? Você vai ter diabetes e explodir se entrar em uma loja de doces e comprar uns chocolates? Vai automaticamente ganhar 200 quilos? Porra, comam o que faz bem, é só não exagerar.

Já disseram que eu tenho complexo de passado. Que seja. Mas o moderno anda sem graça mesmo.

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