Diferenças entre HP e Crepúsculo: Divagações
Um fato ocorrido há algumas semanas e que soube apenas há dois dias me levou a escrever esse post. Vagando pela internet de madrugada à procura de fanfictions de Harry Potter, me deparei com uma noticia sobre o especial feito pela Empire Magazine, Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte I (Título traduzido, obviamente) e que levou ao surgimento do trending topics “Brasil ama Emma Watson“. Porque tudo isso? Por causa da declaração singela da já não mais mirim atriz:
Harry Potter não é Crepúsculo, sabe, nós não estamos vendendo sexo.
Essa declaração surgiu devido ao interesse absurdo dos jornalistas no beijo que ocorrerá entre Hermione Granger, personagem interpretada por Emma, e Rony Weasley, interpretado por Rupert Grint.
Entendo completamente o lado de Emma e a citação a essa nova série adolescente. Harry Potter é uma saga construída para crescer junto com seus leitores, a cada novo livro havia um aprendizado diferente para os personagens. Foi com ansiedade que todos esperavam um lançamento, seja dos livros ou filmes. Lembro-me que, 24h depois do lançamento oficial de Relíquias da Morte na Inglaterra, já havia cópias do livro traduzido na internet e foi com grande expectativa que devorei aquelas páginas “de fã para fã” em pouco mais de 6 horas, só para saber o final da saga.
Muitos fãs de Harry Potter acompanham a história há mais de 10 anos, numa fidelidade dedicada a grandes clássicos da ficção, como Senhor do Anéis e os livros de Isaac Asimov. Mais do que um conjunto de livros, HP é um conjunto de situações fascinantes, pois antes de tratar de magia e aventuras, trata do cotidiano de adolescentes como nós já fomos um dia (Ou são, depende da idade mental de vocês, leitores).
Então, há menos de 3 (Ou seria 4?) anos, surge uma nova febre: Crepúsculo. Com um roteiro meia boca e personagens que não se desenvolvem nem com adubo (Já que a série toda é uma merda) e arrebata fãs não pensantes com a premissa batida de amor impossível entre adolescentes. Não bastando destruir a tradição vampiresca, Crepúsculo vende não por causa de sua história ou seu desenvolvimento, mas sim pelo “sexo” que está implícito em toda a saga e que se concretiza no último livro: Bella passa a história inteira querendo sexo e Edward evitando.
Eu particularmente nunca havia pensado nessa teoria, mas Emma Watson tem razão: Crepúsculo vende sexo. Tudo ali gira em torno da sexualidade dos personagens. Esqueçam por um momento o fato de vampiros que brilham e concentrem-se apenas nas relações que ali existem. Bella apaixona-se por Edward, vive querendo dar para ele pedindo para dormir com ele, mas é rejeitada pelo medo que o personagem possui de machucá-la durante a cópula. A solução encontrada por ela: Tornar-se uma vampira. Eles então passam a saga inteira nesse “vai não vai”, “rola ou não rola”. Como se não bastasse isso, ainda temos uma representação do típico machão bruto e sistemático, aquele lobisomem lá que esqueci o nome, que acaba deixando a garota dividida. E não venham me dizer que estou errada, Bella só se interessou pelo amigo depois que viu ele todo bombado e sem camisa, porque até então quando ele não passava de um pirralho subnutrido não merecia nem um olhar mais detalhado.
Sendo assim, durante toda a série os fãs esperam pacientemente por uma cena de quebrar a cama, literalmente. Eles não esperam mais nada além disso, como se a história inteira não passasse de uma desculpa vagabunda para a inserção de uma noite de sexo selvagem. Até filmes pornôs são melhores, já que não há toda uma enrolação de merda para dar “credibilidade” ao fato de haver uma cena de sexo.
E o que os fãs de HP esperaram nessa parte? Esperamos noites de sexo entre os personagens? Esperamos cenas sadomasoquistas de fazer o chão tremer? Não. Sempre esperamos os beijos singelos, como foi o beijo entre Harry e Cho, ou então o beijo entre Hermione e Rony, todos eles construídos sem toda uma tensão sexual envolvida. Por mais que saibamos que sexo faz parte da vida, não foi isso que nos encantou em HP. Foi a luta, a superação, os conflitos, as relações, enfim, tudo aquilo que encontramos em nosso dia-a-dia.
Resumindo: Crepúsculo é uma história pornô que não deu certo.
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