Personagens cinqüentenários em 2011 – Parte 02
Como disse na coluna anterior, 2011 é um ano histórico para o italiano Zagor e o brasileiro Chico Bento, personagens de histórias em quadrinhos que completam neste ano seu primeiro meio século de existência.
Como tudo na ficção, o tempo passa diferente e assim continuamos ver nosso cinqüentenário Francisco Antonio Felício Bento, o Chico Bento, um simples garoto da roça que vive frequentemente em divertidas situações.
E dentre os personagens da Turma da Mônica, Chico Bento é o meu preferido, com seu jeitão simplório e seu falar caipiresco. Segundo seu criador, Maurício de Souza, Chico Bento é uma homenagem a um de seus tios-avô.
A principal característica de Chico Bento é sua essência puramente caipira, numa caricatura do povo da roça. E no intuito de caracterizar ainda mais o personagem, suas falas tentam reproduzir o “dialeto caipira”, o modo interiorano de se falar; e com isso as histórias de Chico Bento chegaram a criar polêmicas entre pais e professores por acharem que as histórias de Chico ensine as crianças a falarem errado.
Eu até vivenciei tal preconceito com o falar de Chico Bento quando certa vez levei uma de suas revistas para a escola. Na ocasião, a professora me tomou o gibi e disse que eu não poderia ler aquela HQ ou ficaria burro e falaria errado. Durante o curso de letras também tive professores que reforçavam a idéia de evitar as histórias de Chico Bento por seu “falar errado”.
Mas nunca liguei pra isso, e continuei lendo as histórias de Chico Bento em suas aventuras; ora em meio a mata, enfrentando os mais diversos bichos da fauna brasileira (Teve até uma história que virou o desenho animado Óia a Onça, Chico Bento), seja tentando afanar goiabas fresquinhas no sitio de Nhô Lau, ou suas peripécias educacionais.
E apesar de ser uma criança e gostar de se divertir com seus amigos, algumas histórias de Chico Bento trazem o personagem ajudando seus pais – Nhô Toninho e Dona Cotinha – na lida na roça, assim como muitas crianças filhos de agricultores fazem.
Também temos várias histórias de Chico Bento em meio aos livros e a escola. Ele também se mostra um aluno não muito exemplar, já que não faz tarefas, vive tentando cabular aulas e tira notas baixa, mas mesmo assim a professora Dona Marocas não desiste e se esforça para ensinar seus alunos.
As aventuras de Chico Bento muitas vezes também envolvem seus primos Zé Lelé, que é considerado o menos inteligente do grupo e Zeca, que mora na cidade grande e por essa razão sempre que aparece nas histórias causa um choque cultural entre ele e Chico.
Além dos primos, ele vive suas aventuras com os amigos Hiro, um nissei que tenta manter as tradições de sua família e Zé da Roça, que embora sendo um típico caipira fala num português mais “correto”.
Chico Bento também tem uma cota de histórias românticas com Rosinha, sua paixão. Além de Maria Cafufa, que sempre tenta roubar um beijo dele. Mas o cenário de sua turma só se completa com seus animais: Torresmo (Porco), Giselda (Galinha), Malhada (Vaca), Fido (Cão), Teobaldo (Burro), Alazão (Cavalo), Barnabé (Bode), Aristide (Galo), entre outros.
Ele também possui a avó paterna, Vó Dita,, que lhe conta vários “causos” e histórias folclóricas, envolvendo lendas, tais como a da Mula-sem-cabeça, do Saci, do Lobisomem, do Curupira, ressaltando dessa forma nossa cultura.
Apesar de ter sido criado em 1961, Chico Bento só teve uma revista própria a partir de 1982. Mas mesmo com sua revista “solo”, ele continuou aparecendo nas revistas de outros personagens da turma da Mônica.
Enfim, apesar de ser preguiçoso e mentiroso, Chico Bento cultiva leitores de todas as idade por ser um menino bondoso e generoso, sempre disposto a ajudar a todos sejam pessoas, plantas ou animais. E este ano estará de aniversário comemorando sua plena juventude mesmo após cinco décadas de idade.
Leia mais em: Chico Bento, Dona Cotinha, Dona Marocas, Matérias - HQs, Maurício de Souza, Nhô Lau, Nhô Toninho, Zé Lelé