Django Reinhardt

Música terça-feira, 08 de março de 2011

Um dos maiores guitarristas de todos os tempos, Django Reinhardt, completaria 100 anos no ano passado. Mais ainda continua incólume para muita gente… Saiba agora quem foi este guitarrista, famoso no mundo do jazz, lugar comum onde guitarristas grandes são raros, ainda mais se falando dum cigano que solava usando apenas o indicador e o dedo médio.

Nascido em um acampamento cigano na Bélgica em 1910, até os dez anos Jean Django Reinhardt viajava pela Bélgica, França, Itália e norte da África com sua família e a caravana de ciganos à qual pertenciam. Seu pai era violinista, e desde bem novo Django demonstrava grande habilidade com o instrumento, por vezes fazendo pequenas apresentações junto com a banda liderada por seu pai. Aos quinze já era a estrela do espetáculo cigano.

Alguns anos mais tarde, quando tinha seus dezoito anos, a caravana onde dormia pegou fogo e Django sofreu queimaduras graves. Parece que naquele dia sua mulher havia enchido a caravana com flores secas e, ao se levantar à noite, Django chutou uma lamparina, pondo fogo nas plantas secas. Sua perna direita ficou tão queimada que os médicos chegaram a considerar a amputação, mas foi enfaticamente descartada pelo paciente. Por tentar salvar seu violino, Django teve a sua mão esquerda também bastante queimada, deixando os dedos anular e médio praticamente sem movimentos. Django ficou bastante deprimido, e seu médico recomendou que tocasse violão, por exigir da mão esquerda menos que o violino, e também como forma de terapia física e mental. A medida teve grande efeito, e dois anos depois Django já havia desenvolvido uma técnica própria incrível adaptada a sua deficiência.

Por volta de 1930, Django ouviu pela primeira vez os discos de Duke Ellington e Louis Armstrong. Ficou tão encantado com o swing do jazz que decidiu formar, em 1934, junto com o violinista Stéphane Grapelli, o Quintette du Hot Club de France. Participavam do quinteto, além de Grapelli e Django, seu irmão Joseph Reinhardt e Roger Chaput no violão, mais Louis Vola no contrabaixo. A fama do quinteto começou a se espalhar, inclusive além-mar, e lendas do jazz, como Coleman Hawkins, os próprios Louis Armstrong, Duke Ellington e ainda o grande Dizzy Gillespie não perdiam a oportunidade de tocar com ele em suas visitas a Paris. Reinhardt, que preferia a pouco usual guitarra Selmer-Maccaferri, é citado por números músicos contemporâneos como influência fundamental. E ainda hoje, mais de 60 anos após a prematura morte de Django, aos 43 anos, a música criada por ele permanece em evidência. Django não foi o único a inventar esse efeito, mas muitos dos acordes usados pelos guitarristas de jazz atuais foram inventados por Django, que reinterpretou com três dedos os acordes de cinco dedos. Isso os tornou mais simples, o que, para o jazz, foi melhor. Ele deu a essa música uma atitude. Quando começou a segunda guerra mundial, o quinteto estava excursionando pela Inglaterra e voltou imediatamente para a França, com exceção de Grapelli, que ficou por lá. De volta a Paris, o violino foi substituído pelo clarinete de Hubert Rostaing.

Em 1943, Django casou-se com Sophie Ziegler, com quem teria um filho um ano mais tarde, Babik, que também seguiu a carreira musical. Consta que Django era um grande gastador. Torrava qualquer dinheiro que caísse em sua mão. Geralmente em algum tipo de aposta ou na mesa de bilhar, onde também demonstrava muita habilidade.

Com o fim da guerra, Grapelli voltou a integrar o quinteto, que agora se preparava para partir em uma excursão pelos US of A, organizada por Duke Ellington. A visita culminou com a apresentação do quinteto no Carnegie Hall ao lado do bandleader. Na segunda metade da década de 40, Django fez inúmeras gravações, tanto nos EUA como na França, que lançaram seu estilo definitivamente para o resto do mundo e para sempre na história da música. Era uma das figuras mais respeitadas de Paris. Django relutava muito em gravar suas composições, tinham medo que outros artistas pudessem imitá-lo ouvindo o jeito como ele tocava. Ah se ele conhecesse coisas como o Napster e o MP3

Porém em 1951, aparentemente cansado dos aborrecimentos que cercavam a comercialização de sua música, pôs seu violão de lado e aposentou-se na pequena cidade francesa de Samois-sur-Seine, onde passou o resto de seus dias a pintar e pescar. Só voltou a gravar um mês antes de sua morte, em maio de 1953, causada por um derrame fulminante.

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