O Discurso do Rei (The King’s Speech)
Em O Discurso do Rei um jovem rei relutante assume o trono depois que seu irmão, Edward, abdica. Considerado incapaz de governar por conta de uma gagueira nervosa, o monarca despreparado precisa reencontrar sua voz com a ajuda do “terapeuta da fala” Lionel Logue e levar o país ao combate contra os alemães na Segunda Guerra Mundial.
Quando eu assisti pela primeira vez o trailer de O Discurso do Rei, uma certeza me veio a mente: É um típico “Oscar bait” (Filme feito com intenção de conseguir diversas indicações em premiações, principalmente o Oscar). É um filme de época, com a 2ª Guerra Mundial de fundo, regido pelo sotaque britânico, sobre a realeza, sobre superação, com um protagonista “falso-frágil” carismático, interpretado por um ator que já merece o prêmio há algum tempo, com um personagem coadjuvante “mentor-excêntrico” vivido por um ator consagrado e uma personagem coadjuvante no melhor estilo “mulher forte que suporta o marido” (Assim como é Amy Adams, também indicada, em O Vencedor) na pele de uma atriz que também já cobra seu prêmio. Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter, reespectivamente.
Assistam o trailer e tirem suas próprias conclusões.
E sinceramente – se o filme fosse pautado apenas nas cenas/momentos que aparecem no trailer, ele receberia uma nota máxima fácil. Mas apesar de ter o primeiro e último terços do filme magistrais, o miolo da obra acaba por destoar muito da sua proposta. Não entendam errado – ela é congruente (Discutindo toda a história de como o segundo filho de um rei ainda jovem, recebeu este “fardo”) e acrescenta uma profundidade, histórica e dramática, essencial. Porém, o ritmo destoa – e muito. Talvez seja devido a substituição dos personagens de Rush e Bonham Carter por outros, menos carismáticos e interessantes. Mas tudo isso pode ser perdoado, por que a última parte do filme volta com força total.
Sobre os apectos técnicos e artísticos do filme, não há muito o que falar. As 12 indicações ao Oscar são em sua maioria merecidas. Bonham Carter tem uma boa atuação, em um papel que difere do já batido “sou a esposa louca do Tim Burton”, e não se deixa ofuscar pela carismática e irretocável atuação de Rush, ou a tour-de-force que é a interpretação de Firth. Esse é, finalmente, o ano dele. Os amantes de sotaques e linguagem (Cada louco que me aparece…) podem ir felizes ao cinema. A competência e o realismo com que Firth dá ao rei travas de gagueira e nervosismo, enquanto grita ou discursa, é espetacular. A direção é boa (Porém não mais do que isso) e os apectos visuais, e principalmente sonoros, são de aplaudir de pé.
O Discurso do Rei é um filme sobre superação em tempos sombrios e a amizade, com um tom cômico que dá leveza a obra, mas sem ofuscar a seriedade/importância dos acontecimentos. Uma boa pedida para aqueles que se arriscam a assistir um ou dois filmes “sérios” por ano.
O Discurso do Rei
The King’s Speech (118 minutos – Drama Histórico)
Lançamento: Inglaterra, EUA e Austrália, 2010
Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter e Guy Pearce
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