Tititi é uma das melhores novelas dos últimos tempos
Numa época em que o moralismo, politicamente correto e o conservadorismo estão vencendo a guerra no nosso cotidiano, interessante notar que a Globo, logo ela, vem abordando um assunto polêmico na sua novela das sete: O aprofundamento no debate da causa gay.
Chega a ser meio contraditório, mas a Globo, aquela mesma que veta beijo gay nos seus programas, agora em Tititi (folhetim das 7), vem abordando de uma forma natural, o relacionamento entre Thales (Armando Babaioff) e Julinho (André Arteche), surpreendendo os telespectadores, se tratando de tema tão polêmico, ainda mais para o horário.
Resumindo, Julinho é um cabeleireiro, gay assumido, mas, ao contrário dos tipos semelhantes em novelas, não é afetado e nem espalhafatoso. É um personagem normal na trama, diferente de sua amiga Jacqueline (Cláudia Raia), essa sim engraçadíssima e exagerada até dizer chega.
Já Thales, surfista, é o que chamam de enrustido: Se casou de fachada com a personagem de Cláudia Raia e faz de tudo para esconder seus reais sentimentos. Ao se apaixonar por Julinho, esbarra em seu próprio preconceito, e num diálogo fantástico, o cabeleireiro esfrega na cara do surfista que lutou muito para enfrentar o preconceito para assumir um relacionamento às escondidas.
Sério, isso tudo no horário das sete e sendo abordado como qualquer outro relacionamento típico de folhetim.
Tititi, como um todo, é uma das melhores novelas que a emissora já exibiu nos últimos tempos, divertida, leve, alegre e sem muita enrolação, embora padeça pelo excesso de personagens e atores como Christiane Torloni, Marco Ricca e Malu Mader acabem sendo relegados a meros coadjuvantes de luxo.
A novela termina essa semana e, infelizmente, não verei o final, já que minhas aulas voltaram. Seria muito interessante se os dois personagens gays terminassem juntos e rolasse o tal do beijo. Mas aí já é pedir demais da emissora dos Marinhos, ainda mais às sete da noite com donas de casa, maridos e crianças na sala.
Mas só a abordagem natural da coisa já faz ter um tiquinho de esperança que a televisão brasileira pode enfrentar seus tabus e, quem sabe, evoluir em vários assuntos que, nos últimos tempos, só fez regredir.
Em tempo, Maurício Stycer fez uma excelente abordagem sobre o assunto em seu blog do Uol.
E vocês, o que acham desse assunto?
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