Rebecca Black e os “talentos” pré-adolescentes

Música segunda-feira, 21 de março de 2011

Recentemente as redes sociais produziram mais um “fenômeno” da música. É uma guria de 13 anos chamada Rebecca Black, que despertou a atenção de gente desocupada e com gosto musical duvidoso que fica vagando pela internets. Eu não faço idéia de quem ela é ou de onde ela vem, sério. Na verdade eu só lembro de ter visto o nome dela fulgurando nos Trending Topics. Mas ela é hype e o Pizurque alguém deve gostar, então vamos ver o que descobrimos sobre a menina.

Bom, eu descobri que ela tem tudo pra fazer sucesso: A música é totalmente obra de produtores, ela (Propositalmente) virou meme no twitter e está ganhando fama todo dia com ajuda das pessoas sem vida e sem nada pra fazer. Ah, claro, não preciso dizer, mas vou insistir: A música tem letra ruim, é grudenta e não inova em absolutamente nada.

Ou seja, ela tem tudo pra virar uma versão feminina do Justin Bieber e cantar músicas direcionadas pra menininhas que ainda não tiveram a primeira menstruação (Como ela, aliás). Certo, sobre ela, isso aí é o máximo que se pode chegar. Vamos agora às profundezas dessa merda.

Como vocês devem imaginar, ela não surgiu do nada. Ela não fez uma banda ou começou a cantar na noite e batalhou ou passou muita fome até fazer sucesso. Não, não, ela não passou por isso. Ela simplesmente tem produtores e Auto-tune. Mais precisamente, os acusados por colocar ela na internets foram dois meliantes chamados Patrick Wilson e Clarence Jey. Eles são os donos da Ark Music, uma produtora que, com preços módicos, coloca aquela garota ou aquele garoto que está começando a entrar na puberdade (E portanto tem voz de pato) pra cantar e joga o resultado no YouTube. Geralmente as crianças são trazidas pelos seus pais orgulhosos (Leia-se, “sem noção de qualidade musical”) que pagam pra ver a merda toda ser feita.

O modus operandi é: Os dois malucos pegam a grana dos pais de jovens entre 8 e 17 anos. Aí eles dois escrevem o single, atolam a voz ruim da criança com Auto-tune, fazem um clip vagabundo e jogam na internet. É simples, quase óbvio. Só que esse processo descrito acima é EXTREMAMENTE PERIGOSO. Não pra eles, claro. Pro mundo. Ou melhor, pra tudo que tem bom gosto e noção de ridículo no mundo.

Olha aí o resultado disso tudo.

Podem pensar que eu estou surtando, mas esse tipo de merda vai foder mais ainda com a indústria musical. E não, eu não estou falando de perder dinheiro, até porquê eles vão é faturar. Mas isso aí vai ajudar a matar o que ainda sobra de qualidade. Percebam: A graça nas coisas está em parte no processo de criação. Toda a história da música está aí. Antes um grupo ou artista tinha que fazer a música, fazer o arranjo, depois procurar um lugar pra gravar, etc, etc, todo o processo que cês conhecem. Até em casos críticos, como as bandinhas de meninas dos anos 60, que nem compunham nada, tinham algum valor porquê pelo menos sabiam cantar. Agora nem precisa mais saber, tecnologia esconde tudo.

Ou seja: Pra começar a fazer sucesso cê não precisa ter NADA em termos de talento. Cê só precisa ser um(a) adolescente idiota (Pleonasmo, desculpem) e ter pais que paguem. Isso é um exemplo da total e completa futilização que assola nossa época. É preciso dizer que futilidade sempre existiu, mas agora ela tem apoio da internets, que consegue interligar todos os retardados em altas velocidades.

Voltemos à Rebecca Black. Tenho que me desculpar porquê me pediram pra fazer um texto sobre ela e falei pouco na própria. Mas realmente NÃO TEM o que falar. No que me concerne, é só mais uma garotinha de classe média-alta, como umas trocentas que existem nesse mundo. Em outros tempos ela estaria condenada ao ostracismo, o que geralmente acontecia com as coisas fúteis de quatro ou cinco décadas trás. Agora ela tem um vídeo com DOZE MILHÕES DE ACESSOS. E subindo.

Olha, eu sei que é clichê falar mal dessas coisas, mas juro que não consigo falar nada de bom. Não dá. Alguém pode dizer que esses jovens são o futuro, que isso é a evolução da música, sei lá. Quero que quem disser isso vá pro quinto dos infernos, junto com a senhorita Black e todos os pré-adolescentes com voz de cano rachado que acharem que podem fazer sucesso sem esforço. E tenho dito. MEU NOME É ENÉIAS! (Soco na mesa)

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