Dee Dee King

Música quinta-feira, 02 de junho de 2011

Douglas Glen Colvin foi um baixista e compositor norte-americano. Participou de uma das bandas mais influentes da história do rock, de 1974 a 1989. Saiu dessa banda e foi rapper por um curto período de tempo. Mas, antes de continuar falando da carreira artística, falemos mais um pouco do personagem do texto de hoje.

Doug nasceu em Fort Lee, cidade no estado da Virginia onde há um posto do exército americano, filho de um soldado e uma alemã. Quando criança, a família mudou-se para Berlin, Alemanha, por conta do serviço de seu pai. Aliás, Johnny Cash fez a mesma coisa quando servia, mas isso é outra história. A carreira militar do pai de Doug exigia mudanças constantes, por isso o garoto teve poucos amigos de verdade. Seus pais se separam quando ele estava no início da adolescência, o que não faz a história lá muito feliz para ele. Continuou morando em Berlin até os quinze anos de idade, quando se mudou com a mãe e a irmã Berveley para os Estados Unidos de novo, precisamente para um lugar chamado Forest Hills, no bairro do Queens, em Nova Iorque.

Longe do pai alcoólatra e em plena adolescência, ele fez amigos. Conheceu John Cummings e Tamás Erdélyi (Ou Thomas Erdelyi, com o nome anglicizado, já que este rapaz é imigrante húngaro). Doug se deu muito bem com John e Thomas, e eventuamente formaram uma banda, e chamaram um rapaz para ser o vocalista, um descendente de judeus chamado Jeffry Hyman. Era uma banda de excluídos socialmente, por assim dizer: Um descendente de alemães, um de judeus e um de húngaros, além de um sujeito que não tinha nada de estangeiro, mas era um moleque pseudo-delinqüente.

Então Jeff, Doug, Johnny e Thomas começaram uma banda e nem podiam saber que estavam inventando um novo estilo, nem que essa mesma banda salvaria a vida de todos eles, já que provavelmente nenhum teria muitas chances na vida. Os três excluídos e o arruaceiro, para os que ainda não perceberam, mudaram de nome para Joey, Johnny, Dee Dee e Tommy e são a primeira formação dos Ramones, a banda que inventou o assim chamado “punk rock”.

Essa introdução foi necessária. Estamos acostumados a ver artistas e músicos como símbolos, figuras. Quando adolescentes, até os vemos como exemplos, mesmo que em verdade eles não sejam exemplo de muita coisa. Essas maneiras de vê-los esconde a humanidade neles, a realidade, as histórias de vida, que estão além da carreira na banda que for (Até porquê a carreira musical está inserida na vida deles como um todo). Por isso tudo, fiz questão de não falar logo os nomes artísticos dos supracitados.

Comecei este artigo falando de Douglas Glen Colvin, vulgo Dee Dee Ramone. Gosto muito dos Ramones, mas ele não era meu integrante preferido e nem me serve de exemplo. Era viciado em drogas potentes e se matou de overdose em 2002, além de ter possivelmente se prostituído pra pagar esse mesmo vício nos anos 70. Para além desse lado pouco inspirador há um sujeito que falava alemão e tinha uma irmã, filho de um soldado e uma imigrante. E agora cheguei onde queria chegar.

Vejam a diferença que há entre Douglas e Dee Dee. Como eu disse antes, nos acostumamos a ver integrantes de bandas como símbolos inspiradores e, surpreendentemente, jamais conhecemos direito esses alvos de admiração. Não conhecemos suas histórias. Por acaso, notei justamente em Dee Dee um exemplo desse processo.

Podem me chamar de chato, podem dizer que não é preciso conhecer tanto assim os integrantes de uma banda para gostar deles, etc, etc. Pode ser. Mas aqui vai uma mensagem pra cada pré-adolescente e adolescente que acha os seus ídolos “o máximo” e que os toma como exemplos, etc, etc: Saiba que é preciso desde cedo aprender que o mundo vai mais fundo, sempre. E vejam, é exatamente como o baixista dos Ramones. O desatento exalta Dee Dee Ramone; quem vê mais longe enxerga Douglas Colvin, muito mais real que o primeiro. O segundo é o verdadeiro sujeito, é o que tem uma história. Espero que me tenha feito entender.

De todas as músicas de Dee Dee, uma serve perfeitamente para a ocasião. Foi justamente da sua breve carreira como rapper, em 1989, já tendo trocado o “Ramone” por “King”. Nessa canção estão presentes os dois sujeitos: Dee Dee e Douglas. Chama-se “German Kid” e lá pelas tantas dessa música, depois de cantar em inglês e alemão, o músico resume em uma frase o que falei sobre história e realidade, e sobre a incapacidade de alguns de ver isso: “Aposto que você não sabia que eu era um garoto alemão”.

É, o real é sempre mais estranho. Porquê?

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