Eu não deveria ter assistido O Clube da Luta

Cinema terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma coisa que eu sempre deixei bem claro é o filme que eu sempre mais gostei, O Clube da Luta. Nesse texto, eu pretendo explicar o porquê de toda essa idolatria – e também o porquê do título do artigo.

A primeira coisa que todo mundo deve saber sobre O Clube da Luta é que não se fala sobre Clube da Luta o filme pode ser tratado como um estudo da personalidade de uma pessoa. Para falar sobre isso, eu vou me usar de exemplo em vários momentos do filme. Claro que quase tudo que eu disser aqui não passa da minha análise e da minha própria interpretação. Então, vamos lá!

 Todo mundo é assim no começo.

A insônia do narrador (Edward Norton) não passa daquele problema, daquela preocupação com a qual não conseguimos lidar. Acredito que esse tipo de coisa se aplica a todos nós e no filme ela foi retratada como a dificuldade em dormir, mas poderia ser retratada como qualquer outra coisa (Eu já tive insônia, o que só faz com que eu me identifique ainda mais com o filme). Ele tenta de várias formas resolver esse problema, e encontra solução quando vê que outras pessoas também tem problemas sérios, ou até bem piores que os dele (Filho, se você tá fudido na vida, pode ter certeza que tem gente muito na pior).

Sobre a personalidade do narrador, sabemos que ele é agente de seguros de uma grande empresa, que muito do sucesso da empresa depende do trabalho dele. Tendo uma noção básica dos conceitos que sustentam o capitalismo, como a “mais-valia” e consumismo, conseguimos caracterizar o narrador. Ele mesmo nos diz que a grana que ele ganhava com o trabalho era gasta em móveis, roupas e coisas assim. Não é o que todo mundo faz (Você já parou pra pensar que aquele mês inteiro de trabalho, com o chefe enchendo o saco, vai embora em coisas supérfluas? Será que vale a pena?)?

A vida do cara desanda quando ele conhece a Marla (Helena Boham Carter), e vê que ela também se aproveita do sofrimento de outras pessoas para se sentir mais confortável (Como algum filha da puta consegue se sentir bem fazendo isso? Você faz isso e nem percebe, jovem). Alguém já conseguiu ver em que relação eu quero chegar? Nesse ponto, ele tem plena convicção que o sistema usa a ilusão do mundo real que ele tem para manter o status quo, mas a situação se torna insustentável quando ele percebe que outras pessoas (Marla) se confortam com o sofrimento de outras. Em outras palavras, ele se rebela contra o capitalismo e eis que surge na história Tyler Durden (Brad Pitt).

 Mas uma hora, ele surge…

O Tyler não passa da parte “descolada” e rebelde que cada um de nós temos. Tyler confronta o sistema. Enquanto o narrador é todo engomadinho e certinho, Tyler é estiloso e rebelde. O narrador se enquadra à sociedade, Tyler a desafia. Acontece que Tyler começa a influenciar o narrador. Tyler mostra ao narrador uma face do mundo que o faz sentir vivo, que só depende dele. A mensagem é exatamente essa, foda-se o mundo, foda o sistema. Aí surge o Clube da Luta e o projeto Mayhem.

Para conquistar Marla, o narrador rompe com o sistema (Explode seu apartamento) e vai morar com Tyler (Desapego dos bens materiais). Esse momento do filme desenvolve as melhores citações e frases do filme. Mas o projeto Mayhem começa a tomar proporções elevadas, e a mente do narrador volta ao controle, e ele mata o Tyler. Por consequência, “aceita” as condições do sistema em prol de seu romance.

 Só o amor salva…

E onde eu entro nisso (Eu não ia fazer esse spoiler a tôa)? A melhor forma de me definir é: O Clube da Luta. A minha mente é a luta entre os dois personagens. E enquanto nenhum dos lados vencer, eu não sei que personagem sou. Meu nome é Yuri Cubas, essa é minha vida, esse é meu clube.

[Nota do editor: Impressão minha, ou o Yuri saiu do armário nesse último parágrafo? – K]

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