Vivemos num mundo de enlatados
Já reparam que arte virou produto de fabricação em série? Hoje em dia, produzir para ser consumido em pouco tempo e deixado de lado pelo próximo item da lista já não é exclusivo de comida e eletrônicos. E é com pesar que afirmo: A música é o maior exemplo desse processo.
É claro que chega uma época da vida em que, normalmente, as pessoas param com a procrastinação excessiva e começam a trabalhar/estudar de verdade. É quando elas começam a procurar o entretenimento rápido e descomplicado, o que é bom, uma vez que evitar aneurismas e derrames. O problema só vem quando as pessoas simplesmente perdem a vontade – e logo a capacidade – de mergulhar em algo mais sério, mais crítico.
O mundo é um lugar complexo, dinâmico e todo aquele blábláblá que vocês conhecem por que também vivem nele e aguentam o “fazer mais em menos tempo”, e sabem que livros foram transformados em textos de 140 caracteres, filmes têm 80 minutos de duração e músicas têm menos de dois minutos e meio. Somando isso à preguiça natural do ser humano, principalmente do adolescente, temos a geração do fast-food artístico. Além de consumir só porcaria, tem medo de sair da zona de conforto cultural e se mantém na praça de alimentação do mundo artístico. Se você catar o Ipod, Inão-pod, enfim, qualquer coisa que toque música de um adolescente, o que há lá dentro? Varia de hip-hop a música de boate e eletrônica. E nem adianta argumentar que há variedade musical sim e eu que sou chata e não sei curtir o que é bom, por que você pode até escolher entre McDonald’s, Burger King ou Bob’s mas o lanche sempre é hambúrguer com batata frita e coca cola.
E já que a comparação tá esdrúxula mesmo, a indústria musical não ajuda e continua a fabricar sempre a mesma coisa, repaginada, então, vai haver no máximo um Habibs – o equivalente alimentício ao pagode (É coisa de pobre, mas não tem um mauricinho que se segure quando toca).
Voltando ao ponto do texto: Não vou discutir sobre bom gosto musical. É uma parada particular e, assim como tem gente que nasce sem braços, não podemos culpar quem não tem. O ruim é ter que confiar o futuro do país nessa geração que não tem capacidade nem de organizar a biblioteca do Itunes que é um saco pqp e muito menos de levar o país pra frente; não dá pra confiar nesses que têm preguiça de pensar em soluções, de pensar fora do óbvio. Da galera manipulável que só consegue engolir o que é pronto e que é fã da obra de Nicholas Sparks e considera Adele uma diva do jazz.
Tenho pena dos pobres artistas talentosos obrigados a viver nesse chove-não-molhe, como a Lady GaGa.
Olha o talento da vadia! E olha no que ela precisa se transformar pra ganhar o pão de cada dia! É óbvio, pelo prazer no rosto dela, que se ela pudesse faria aquilo ali pro resto da vida.
Ah, só um PS.: O mundo tá tão perdido que uma hora vem essa aí e faz sucesso e no dia seguinte temos Adele tocando até em celular de funkeiro no ônibus. Porra, nem pra ser previsíveis vocês servem mais?! Desisto.
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