Entrevista com Guilherme Moraes da RetroPunk Games
Tempos atrás o Pizurk fez uma entrevista com o Guilherme Moraes, dono, fundador e pimp chefe da RetroPunk Game Design, uma editora de RPG indie brasileira. Sim, eu sei que falar “indie” e “brasileira” numa mesma frase deixa a galera com o pé atrás (Como se “RPG” já nas bastasse pra isso), mas vamos por partes.
Olá, Guilherme. Gostaria que você fizesse uma apresentação básica, pros leitores terem uma ideia de com quem eu estou falando.
Não há muito o que falar sobre mim. Sou apenas mais um filósofo entre tantos jogadores de RPG (Há quase 20 anos) e que sempre teve interesse em trabalhar com o RPG. Felizmente, as estrelas se alinharam e em 2009 começamos nossas atividades para, em 2010, fundarmos de vez a RetroPunk publicações.
Nosso objetivo é simples: Oferecer material bacana que poucos conhecem e que fogem do padrão das grandes editoras nacionais.
E você toca a RetroPunk sozinho ou tem mais gente trabalhando contigo ae?
A RetroPunk nasceu comigo e levei meu irmão comigo. Enquanto eu sou fundador/dono da editora, ele é responsável pela linha Rastro de Cthulhu.
Então, Rastro de Chtulhu é jogo que usa o sistema GUMSHOE, que é bem simples até. É voltado pro suspense, terror e exploração, bem na linha do Lovecraft mesmo. A RP já publicou outras aventuras pra Rastros de Chtulhu, como essa e essa.
E vocês são mais focados em traduzir sistemas de língua estrangeira ou preferem fomentar a criação nacional?
Então, nosso plano era trabalhar com o sistema Savage Worlds. Tudo começou com ele. Devido a algumas imposições da editora estadosunidense, começamos a procurar outras licenças para criar portfólio. Conseguimos a linha GUMSHOE (Rastro de Cthulhu) e depois alguns livros da Evil Hat (Como Diáspora) e hoje já contamos com mais de 10 licenças.
Nosso intuito é publicar material nacional também, desde que se enquadre em nossa política, como é o caso de Terra Devastada e Reino de Bundhamidão.
Porra, vamos por partes. Savage Worlds é um sistema de jogo que pode ser adaptado para praticamente qualquer tipo de aventura, seja a clássica, com magos, bárbaros e bardos (Que o Pizurk curte), seja para aventuras espaciais. A RP chegou a ter um cenário pra SW (Não sei se o projeto continua ou acabou), chamado Bravos Soldados (Link do PDF), cuja história passava com “mutantes” na 2ª Guerra Mundial.
Diáspora é um RPG colaborativo (Ou seja, que não há um mestre… Mestrando), que se passa no espaço, na linha do “o ser humano fez merda com outros lugares”. Na real, não curto, já que as leis da física se aplicam aqui: Nada de explosões e batalhas no espaço… Porram, o legal do RPG é tocar o foda-se pra realidade.
Terra Devastada é um RPG de zumbis, com tudo que sabemos sobre zumbis: Headshots, mordidas e todo o resto. O Reino de Bundhamidão por outro lado é completamente novo. É o clássico RPG pra quando se está bêbado, já que a própria história é uma zona (Sim, NAQUELE sentido), com personagens completamente diferentes do que já se viu, enfim, RPG de humor… E digrátis.
Quais imposições foram feitas pro Savage Worlds? Questões comerciais ou algo que afete a jogabilidade?
Questões comerciais. Não tínhamos um portfólio, e a Pinnacle requisitou que primeiro nos estabelecêssemos como editora, publicando um ou dois livros, à partir daí procuramos outras alternativas.
Putz, foda isso. Mas se voltando agora pra um lado mais pessoal: Você, óbviamente, joga RPG. Qual foi o primeiro sistema com o qual você teve contato?
Na verdade não. Como empresa, eles agiram certo em pensar para quem eles estariam entregando seu produto… Mas eu comecei a jogar com GURPS.
E ainda joga?
Jogo sim, apesar que faz alguns messes que não me sento a uma mesa, é faz alguns anos que não jogo GURPS.
Nota óbvia: Joga porra nenhuma.
GURPS é seu sistema favorito, então. Já chegou a jogar algum outro sistema?
Não, não, GURPS não é meu sistema favorito. Se devo escolher um, com certeza é Savage Worlds.
Joguei vários, desde AD&D à Call of Cthulhu, passando por Pathfinder, 3:16 (Também publicado nacionalmente pela RetroPunk), GUMSHOE entre tantos outros. Hoje estou numa fase de experimentar sistemas e temáticas diversas.
3:16 Carnificina Entre as Estrelas, como eu disse alí em cima, também é publicado pela RP. A história é o seguinte: A Terra está de boa, aproveitando uma utopia, mas o resto do Universo tá se matando e é SEU dever ir se foder contra os aliens… MUITO mais legal que Diáspora.
Ah, minha pergunta foi mal compreendida. Quando perguntei se ainda jogava, era RPG em geral, ai você falou de GURPS, achei que era o preferido. Erro meu.
E já que Savage Worlds é o preferido, me fale razão.
Entendi que era com qual rpg comecei a jogar. :S
Não sei ao certo porque gosto tanto de Savage Worlds. Talvez por que as regras não são tão pesadas para entender… Além disso ele tem uma pegada bem cinematográfica puxando para o estilo pulp. Com certeza o pulp é uma das temáticas que mais gosto (Se for considerar pulp como temática já que pode ser aplicado a quaisquer gêneros).
Outra nota óbvia: BURRO PARA CARALEO.
E quando você decidiu que ia passar de mero jogador à fornecedor de material?
Sempre quis montar uma editora, desde 98 se não me engano, mas naquela época a burocracia era maior e eu era um “pé rapado”. Em 2004 voltei a ruminar o assunto, mas dessa vez para escrever um cenário original… E, finalmente, em 2009 tive a oportunidade e a motivação para começar a editora.
E esse cenário original saiu ou ainda está em processo de criação?
Ahh, ainda está na fase de projeto. :) Requer muita pesquisa e empenho, entre outras coisas, e sou um cara preguiçoso hahahaha
Quando precisar de um grupo pra teste, me avise.
E a RetroPunk publica material que não seja referente à RPG, como romances?
Sim, espero publicar romances no futuro, mas como eu sempre digo, um passo de cada vez.
Por fim, o que voce tem a dizer pra quem não conhece RPG?
RPG é um universo criado de forma colaborativa e inédito a todo o momento. Ele se renova a cada novo instante enquanto os laços de amizade são apertados cada vez mais (jogo com as mesmas pessoas há mais de 10 anos)… Enfim, vale a pena. Em todos os sentidos. :)
Pois então, esta entrevista, serei sincero, tem quase 4 meses, e neste meio tempo algumas coisas mudaram: A RP publicou seu “novo” projeto, Este Corpo Mortal, que está em pré-venda, e me parece foda… Pelo menos a ilustração de capa é.
Caso cês tenham curiosidade e resolvam conhecer a RetroPunk, cês vão ver que a grande maioria dos RPGs publicados por eles são colaborativos, em que não há um mestre, caso de Fiasco. Aqui (E em vários outros lugares na verdade) tem gameplays de Fiasco, para vocês saberem como funciona mais ou menos a coisa.
No perfil da RP no VocêTubo vocês encontrarão algumas prévias dos produtos dos caras, mostrando como são os livros e tals. Procurando no YouTube, também é fácil encontrar coisa sobre Fiasco, 3:16 e Rastro de Cthulhu, muitas delas em português.
A RP ainda tem uma “revista”, a RolePunkers, na qual falam mais sobre os jogos, dão novas aventuras para algum cenário, tem matérias e entrevistas com os caras que jogam/criaram RPGs brasileiros (Caso de Terra Devastada). Enfim, tem bastante coisa lá para quem for realmente jogar algo deles.
Pois depois de ler isto tudo você, nerd sem vida social, resolve experimentar uma coisa nova para alegrar seus sábados à noite, esta é a loja on-line dos caras. Mas, como nada é perfeito, sempre tem um nerd fresco, que prefere ir na loja comprar a coisa, então aqui tem as lojas físicas que vendem os produtos da RP. E você, nerd ainda mais chato que está reclamando dos preços, no site da RetroPunk cê pode baixar mapas, planinhas, aventuras, fichas prontas e demais coisas do tipo NA FAIXA, basta procurar (O que vai ser meio chato, graças ao menu…).
Por fim, agradecemos ao Guilherme, por ter topado fazer a entrevista e pedimos desculpas por conta da demora da mesma ser publicada. No Twitter da RP cês acompanham lançamentos, resenhas, promoções, próximos lançamentos e todas aquelas coisas que todo fã gosta de ver e que fazer o parágrafo ficar clichê… E olha só, Capitão Sky!
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