Anti-heróis
Olá amiguinhos, tudo bem? Tava eu aqui me atualizando sobre o universo DC e me deparo com alguns mimimis do tipo “meu deus a nova DC está muito violenta, o Lanterna Verde explodiu uma cabeça, oloko” e etc. Não vou aqui defender a DC, embora eu esteja gostando dessa violência, mas apenas comentar algo que muitos se confundem, e por isso talvez ocorram tantas “polemicas”. Então amigos, eu vos pergunto, vocês sabem o que é um anti-herói?
Perai, por que eu to falando de anti-heróis? Porque muitos personagens da DC (E da Marvel, e de todo tipo de narrativa) são anti-heróis, mas a pessoas os tratam como heróis, e, consequentemente, esperam que eles ajam como tais. Mas como diferenciar isso? Bem, eu gosto de dizer que herói é o que desejamos ser, é o ser perfeito que as pessoas almejam ser. Já o anti-heroí é de fato o que somos. Wait… What?
Certo, vamos explicar algumas coisas (Bem rapidamente) pra entender a situação. Primeiro: Jornada do Herói. Toda história é a mesma, mas contada de forma diferente. Isso não é mistério para você, você sempre se questiona “por que toda as história são iguais?”, o clássico mocinho salva mocinha do dragão. Mas isso não é apenas coincidência entre dois ou três filmes, a narrativa sempre gira em torno de uma jornada de elementos que se repete. Essa jornada é conhecida como Jornada do Herói, e vou usar as palavras de Vogler para defini-la: “Um conjunto de elementos extremamente persistentes, que jorram sem cessar das mais profundas camadas da mente humana. Seus detalhes são diferentes em cada cultura, mas são fundamentalmente sempre iguais.”
Ok, sabemos que as narrativas são iguais, e agora Ricardo?
Agora vamos aos Arquétipos. Arquétipo é uma manifestação do inconsciente coletivo no qual idéias comuns são partilhadas entre todas as pessoas, em todo tempo e lugar. Entre os arquétipos mais comuns temos o Herói, em geral o protagonista que se sacrifica por um bem maior. O Mentor, possivelmente um velho sábio que treina o herói. O Guardião de Limiar, basicamente um obstáculo para testar o herói. O Arauto, personagem que traz mudança e chama para aventura. O Camaleão, o personagem do qual temos dúvida sobre sua lealdade. A Sombra, que é o vilão. O Pícaro, que é o personagem engraçadinho (Sim, isso é um resumo bem podre da coisa, mas eu não vou ficar teorizando e citando muita coisa aqui, googleia ai sobre arquétipos e vai na fé). Ok, agora que você sabe disso, pegue qualquer história e você achará alguns desses arquétipos. Achou né? Agora que você já sabe sabe? sobre arquétipos, vamos falar um pouco sobre o herói.
Herói
Herói é alguém disposto a se sacrificar por um bem maior. O Herói lhe convida a se identificar com ele, para isso ele possui qualidades que nos identificamos e também impulsos universais, tipo desejo por vingança, salvar o mundo, sobrevivência, coisas que todo mundo compreende. Fora isso, ele também possui qualidades admiráveis que buscamos ter, por isso eu disse que o herói é o ser perfeito que desejamos ser. A maior característica do herói é o sacrifício. Exemplos clássicos: Super-Homem e Capitão America. Eles são a representação máxima das qualidades humanas.
Anti-herói
Certo, vamos à confusão. Quase ninguém sabe definir o anti-herói. Muitos acham que é um vilão que faz algo “bonzinho” ou aceitável, por isso alguns, depois de assistir The Dark Knight, chamam o Coringa de anti-herói. Outros pensam que é um fora da lei que não chega a ser um vilão, tipo o Lobo. Na realidade o anti-herói nada mais é que um tipo de herói, ou melhor, um herói com características diferentes. O anti-herói, em muitos casos, pode ser considerado um marginal ou um vilão pela sociedade, mas suas ações criam uma conexão com o público, e ele é aceito.
Anti-heróis tendem a ser populares, pois quase sempre operam na sombra da lei. São adorados pois fazem o que bem entender, eles tocam um foda-se para a sociedade de um jeito que, em muitas casos, gostaríamos de fazer. Suas atitudes podem ir contra a moralidade e as qualidades almejadas, mas são entendidas pelo público, e isso cria uma conexão maior que a do Herói. O Herói é falho pois sua conduta almejada as vezes é exagerada, e por isso não passa de um desejo da sociedade, já o Anti-herói é de fato o que somos, é o mais próximo de nós. Vamo exemplificar? Super-Homem, o herói, não torturaria alguém para conseguir uma informação vital para salvar algo. Batman, o anti-herói, faria, e você concorda mais com as ações do Batman, pois de certa forma é o que você faria (Tendo em vista o que se está em jogo). Partindo pro cinema, o Capitão Nascimento, ao torturar traficantes e usuários em busca de informação, conquista o público, pois entendemos as ações deles e concordamos. Um herói nesse caso iria um busca um caminho mais difícil, não apelaria para uma atitude igual a essa, e ai ele começa a se afastar do público.
Eu não sei se consegui deixar claro essa diferença. A grande verdade é que fiz um resumo do resumo do resumo do resumo da parada toda, não vou ficar teorizando um monte de coisa aqui, mas recomendo lerem um pouco de Vogler, Campbell e Jung. Leiam A Jornada do Escritor, lá explica bem tudo isso. Pra quem curte cinema e literatura é ótimo. Mas enfim, só escrevi isso pra tentar diferenciar um de outro, vejo muita confusão quando vão definir as coisas, e isso atrapalha na hora de julgar as decisões dos personagens. Valem lembra que os arquétipos não são necessariamente um papel fixo do personagem, é basicamente uma função que o personagem desempenha durante a narrativa. O Super-Homem em algumas narrativas já se passou por anti-herói, assim como Batman já interpretou um modelo de herói almejado e por ai vai, mas em geral, a essência de um é o heroísmo e a do outro o anti-heroísmo.
Falei que não ia defender a DC, e de fato não vou fazer isso agora. É uma discussão que vai além dos arquétipos dos personagens, envolve também quem eles estão lutando e a situação em geral. Só tou fazendo um papel de mentor e passando conhecimento pra vocês hahaha. Ou tentando, já que isso ficou bem confuso.
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